terça-feira, 16 de outubro de 2018

Obras no Aqueduto dos Pegões

Opinião

                                                                                      José Manuel Mendes Delgado*

Sabendo que o Aqueduto dos Pegões, foi mandado erigir por D. Filipe I, entre 1593 e 1614 e que visava o transporte de água, para o Convento de Cristo. Um monumento classificado pela DGPC, como Monumento Nacional desde 1910;

Sabendo que este monumento, para além da sua imponência e importância como obra de engenharia, representa um legado, de incalculável valor para Tomar e para o país;
Sabendo que as intervenções no património edificado, tem de ser devidamente ponderado e ser abordado por equipas multidisciplinares e com competência para o efeito;
Sabendo que as equipas envolvidas no processo, na fase de projecto e na fase de execução, reúnem as condições necessárias para assegurar um bom desempenho, não se percebe a opção pela solução, já executada.
Quem passar no Aqueduto de Pegões e observar as obras executadas, não pode ficar indiferente ao elevado impacto visual, causado pela base das sapatas, em betão branco, num sistema rasante à estrada, um contributo para a insegurança;
A solução adoptada, criou um sistema irreversível, uma imagem, que quis marcar a intervenção, mas que colou “um postiço”, a tão imponente monumento, uma marca negativa, que nada tem a ver com a sua origem, parece terem calçado uns sapatos brancos ao Aqueduto dos Pegões.
Espera-se que tal, fabrico fique urgentemente descontinuado, para que em futuras intervenções, não venham ainda, a agravar mais a imagem de um monumento classificado como nacional desde 1910, construído em 1614.
É estranho que a DGPC, uma entidade a quem compete zelar pela preservação do património histórico e monumental do país, permita que a intervenção no Aqueduto dos Pegões, apresente  tal imagem e descaracterize a harmonia e equilíbrio de todo o conjunto.
A necessidade das obras de Reabilitação e Reforço Estrutural do Aqueduto dos Pegões, com o objectivo garantir a estabilidade, numa determinada zona do aqueduto, resultado do grau de inclinação que apresentava, não se apresenta como razão suficiente, para tal opção e tal impacto negativo, pois outras soluções poderiam ter sido escolhidas e que de igual forma garantiriam o reforço e a estabilidade da zona com necessidade de intervenção.
Verifica-se ainda que além do reforço da estrutura do aqueduto, entre as colunas designadas por P14 a P17, forma realizadas algumas obras de consolidação entre elementos em pedra de colunas e arcos, com recursos a argamassas, para tratamentos de juntas e lacunas, sem tratamento ou limpeza superficial dos blocos de pedra e que apesar da remoção da vegetação, na zona da intervenção, as mesmas teimam em reaparecer e em crescer.
Na zona superior do aqueduto, constituída pelo canal e caminho lateral, em alvenaria de pedra e argamassas, verifica-se uma intervenção descontínua, pouco cuidada e com selecção de uma argamassa, cuja cor e modo de execução, cria uma imagem plástica e que apesar dos poucos meses de execução já apresenta diversas anomalias, como fissuração e destacamentos, por falta de preparação e de limpeza da base.
Esta intervenção ao nível do canal, além de não resolver as anomalias existentes, por ser uma intervenção parcial e mal executada, não ataca a causa das anomalias detectadas no diagnóstico, que obriga a uma intervenção profunda, sequencial e continua desde o coroamento do aqueduto até á sua base, uma intervenção que remova a vegetação e as suas raízes, que preencha as juntas e lacunas, impedindo infiltrações e lavagens de argamassas, que ao longo do tempo, vão minando a estrutura e a consequentemente a sua estabilidade e claro, em simultâneo, criar um equilíbrio cromático, entre os elementos existentes e os resultantes das intervenções, harmonia entre as cores das pedras e as argamassas.
Mas tais factos, são desta forma apresentados, porque compete-nos as todos, intervir e contribuir para a preservação e manutenção do património, mas acima de tudo, actuar preventivamente tendo em vista, acções coerentes e sem danos irreversíveis, que representem a minimização e optimização de custos, em especial quando os dinheiros são públicos.
Compete à DGPC, apreciar, aprovar, viabilizar e fiscalizar. Compete-lhe ter o mesmo comportamento e a mesma atitude, que tem com os particulares, nas suas zonas de intervenção, em zonas classificados e centros históricos, ter o mesmo rigor.
À Câmara Municipal de Tomar, quando participa e apoia intervenções em património edificado, mesmo quando a responsabilidade é da DGPC ou de outra instituição, não basta apoiar financeiramente, tem de acompanhar e exigir, em especial, quando se trata de monumentos, com a importância do Aqueduto dos Pegões, os nossos monumentos
A Câmara Municipal de Tomar, apoiou nos projectos e financeiramente, aproveitando meios e acções disponíveis, facilitou a intervenção no Aqueduto dos Pegões, mas é preciso mais, é preciso exigir, fazer parte da comissão de acompanhamento e contribuir para boas soluções e boas execuções.
                                       *Vereador (PSD) da Câmara Municipal de Tomar  

Texto apresentado na reunião da câmara de Tomar do dia 15 de outubro de 2018

1 comentário:

  1. Uma crítica frouxa e tardia, numa escrita que está longe de ser um primor. É cada vez mais evidente que Anabela Freitas faz disparates que julga serem excelentes opções porque falta uma oposição sólida e capaz, para lhe mostrar outros caminhos. Uma repetição do que aconteceu com António Paiva, mas agora às avessas. No tempo dele a fraquérrima oposição era PS e o resultado está à vista.

    ResponderEliminar