Os “pseudo-tomarenses” e as pseudo-embaixadoras

Na última reunião da câmara de Tomar, dia 14, a presidente da câmara e a vereadora do PS criticaram aquilo a que designaram de “pseudo-tomarenses”. Isto porque alguém ousou questionar a polémica deslocação da vereadora à Índia.

Numa das fotos publicadas no facebook, a vereadora Filipa Fernandes (PS) escreve que foi recebida pela “nossa embaixadora, em funções, da Índia”.  Ou seja, a eleita queria dizer que teria sido recebida pela embaixadora, em funções, de Portugal na Índia.
Intrigado com esta informação e sabendo que na Índia o representante de Portugal é um embaixador, um cidadão de Tomar (por sinal, apoiante da candidatura do PS) enviou um email para a embaixada de Portugal na Índia a questionar sobre a tal “embaixadora”.
Na reunião de câmara, Anabela Freitas chamou a este cidadão “pseudo-tomarense”, lamentou o email que, na sua opinião “só coloca mal Tomar”.
“Fica muito mal é pseudo-tomarenses terem enviado um email para a embaixada de Portugal na Índia a insinuarem que a senhora vereadora tinha mentido porque não era uma embaixadora mas sim um embaixador na Índia”, afirmou a edil na reunião. Acrescentou que o embaixador estava doente e foi substituído por uma embaixadora. Estamos perante uma informação falsa, porque quando muito tratar-se-ia de uma representante do embaixador. Na realidade, a tal “embaixadora” não é mais do que a Encarregada de Negócios da Embaixada de Portugal em Nova Deli que, em caso de impossibilidade do embaixador, o representa. Portanto, para que a verdade seja reposta, não existe qualquer embaixadora de Portugal na Índia, ao contrário do que disseram as eleitas socialistas.
“Agora haver um pseudo-tomarense que passa a vida… (não deve ter mais nada que fazer, não é?), escrever para a embaixada da Índia, a pôr em causa aquilo que são as palavras da vereadora, acho que fica mal, não é à câmara, é a Tomar”, acrescentou Anabela Freitas.
O que nós dizemos é que, pelo contrário, qualquer cidadão, seja jornalista ou não, tem o direito a questionar e a escrutinar a atividade do Município. Mais ainda quando a viagem e estadia na Índia foi paga com dinheiros do erário público.
O que o cidadão-jornalista fez foi cumprir a sua obrigação de questionar, averiguar, esclarecer. E esteve bem a embaixada quando, sem qualquer juízo de valor (ao contrário do que fizeram as duas eleitas que se julgam acima de qualquer crítica) , respondeu ao cidadão, como é sua obrigação.
Infelizmente esta câmara lida mal com a transparência (não é por acaso que está nos últimos lugares no ranking da transparência) e com o direito que os cidadãos têm de perguntar e obter respostas.
E por isso, quem ouse criticar ou tentar obter esclarecimentos por parte da câmara, é logo apelidado de “pseudo-tomarense”. Na mesma linha, o vice-presidente é useiro e vezeiro a chamar “idiotas” a quem se atreva a criticar seja o que for na câmara de Tomar. Assim vai a nossa política caseira.
Poderiamos concluir que os "verdadeiros tomarenses” têm de “comer e calar”, não podem fazer perguntas, não podem criticar, têm de seguir cegamente a grande líder a quem prestam vassalagem. E quem não agir assim é “pseudo-tomarense” e “idiota”. Enfim…
Para terminar, não podíamos deixar de manifestar a nossa solidariedade para com António Freitas, António Rebelo e outros (cada vez mais raros) cidadãos que, conscientes dos seus direitos, não se coíbem de questionar, informar e emitir as suas opiniões.
                                                                     José Gaio