Durante a distribuição da pêza |
Noticiou este blogue que uma revista publicitária, distribuída com a edição diária do PÚBLICO, incluia 17 páginas sobre Tomar. Fui ver e ler de relance.
Trata-se de obra formalmente asseada. Muito asseada até. Assim uma coisa pró luxo. A cores. Papel de qualidade. Nalguns casos com os mesmos textos em português replicados em inglês. Para dar a entender que também vai ser lida por estrangeiros. Cá dentro é lá fora. Pois então.
No caso de Tomar, embora seja para turistas, está tudo em português, a partir da página 55, numa publicação com 101 páginas. A meio portanto. Há muito se diz que "no meio é que está a virtude." Será o caso?
Da recensão dos pagantes, porque tudo aquilo foi pago e bem pago, ressaltou que a esmagadora maioria são organismos dependentes do orçamento de Estado, diretamente ou por via municipal (Câmara, Festa dos Tabuleiros, Politécnico, Freguesia urbana, Freguesia de Carregueiros, Freguesia da Serra e Junceira, Escola profissional, Agrupamento de Escolas Templários, Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria). A tal dependência da teta a bem dizer materna.
Aparece depois uma entidade híbrida -a Misericórdia de Tomar, agora dirigida por um ex-vereador, ex-presidente dos defuntos SMAS, ex-dirigente e militante do PS, António Alexandre.
Finalmente, algumas empresas privadas que ainda subsistem em Tomar: Hostel Villa Nova, Intermarché, Tomartubos, Hotel dos templários, Vinhos Solar dos loendros e restaurante a Lúria.
Fica-se deveras desvanecido face a tão evidente esforço para promover Tomar. Tarefa cada vez mais ingrata, sendo a situação real aquela que os tomarenses bem conhecem, caso se interessem por estas coisas da política.
Perante tanta boa vontade para melhorar a imagem dos que parece estarem convencidos de que nos estão a governar da melhor maneira possível, eis que aparece a nódoa. Se calhar porque no melhor pano cai a nódoa, diz o povo.
Na página 56, 6º parágrafo, da aludida publicação promocional, pode ler-se isto:
"Após o cortejo, realiza-se no dia seguinte a “Prêza” uma cerimónia na qual se distribui o pão, a carne e o vinho benzidos aos mais necessitados, cumprindo assim na íntegra a tradição."
Se fosse eu, teria escrito "No dia seguinte, distribui-se a "Pêza" aos mais necessitados. Durante um cortejo com carros de bois, cada um dos habitantes previamente recenseados recebe pão, carne e vinho antes benzidos, assim se cumprindo integralmente a tradição de séculos." Questão de estilo e de modo de pensar. O maior problema não é esse.
O maior problema é aquele "Prêza". "Prêza"?! Nunca tal ouvira dizer nem lera antes. O Nini Ferreira deve ter dado pelo menos duas gargalhadas, lá onde esteja. Porque os da comissão central é que estão presos ao que julgam ser a tradição, que de qualquer modo já não é o que era.
Dirão os acólitos, e outros lambe-botas de serviço, que se trata de um mero detalhe, portanto sem importância. Erro duplo. Por um lado, porque é sempre grande a importância dos detalhes, pois são eles que mais revelam sobre o conjunto. Por outro lado, não se trata de caso único, num texto promocional redigido e editado conjuntamente pela Câmara e pela Comissão Central da Festa dos Tabuleiros. É a assnatura que lá está.
Pois mesmo assim, logo mais abaixo, no parágrafo seguinte está esta autêntica maravilha:
"Nos restantes dias, pode ainda assistir a um conjunto vasto de atividades culturais, bem como exposições, ranchos folclóricos e o bater do sino. Destacam-se ainda, o Cortejo dos Rapazes, o Cortejo do Mordomo, as Ruas Populares Ornamentadas, os jogos Populares, os Cortejos Parciais e os Arraiais Populares".
Temos assim, de acordo com a redação deste naco de prosa, que exposições, ranchos folclóricos, o bater do sino e por aí adiante, não são atividades culturais. Se fossem, bastaria ter escrito "...assistir a um vasto conjunto de atividades culturais: exposições, ranchos folclóricos, o bater do sino, concertos, exposições, Cortejo dos rapazes, Ruas populares ornamentadas, Jogos populares..." A propósito do bater do sino, que decerto vai levar muitas pessoas de fora a indagar de que se trata realmente, eu que sou de cá, aproveito para também perguntar: Esta gente bate mesmo bem da bola?!
Os factos parecem indiciar que nem sempre. E que tão pouco dominam capazmente a língua materna. Se calhar são já ténues mas persistentes vestígios de tomarês.
A ovelha ranhosa do costume
Se esta “A Ovelha Ranhosa do Costume” – AORC, um acrónimo com postura –, balisse ou berrasse menos (quer dizer, textos menos longos, menos monótonos, menos repetitivos), e fosse muito mais assertiva, direta, conclusiva, seria também muito mais lida e a sua berração poderia passar; com este coro, francamente, berra, berra, bale, bale e volta a balir e prontos, chega-se a ameio, o balir cansa, e desiste-se. Porque o berrar é chato e o balir faz sono.
ResponderEliminarE às vezes, o seu balir, com muito menos berro, poderia até ser giro. Assim…!
Receba um farfalhar amigo deste morcego de horas diurnas.
Vamos-nos encontrando aí, na Selva.
Uma opinião sem dúvida respeitável. E com uma grande virtude: não tenta ofender. Já é tão bom quanto raro nesta abençoada terra.
ResponderEliminarNo que se refere ao conteúdo, agradece-se a observação e pede-se licença para relembrar que cada animal tem o seu balir particular, e tende a guiar-se pela sua própria cabeça.
Uma pequena observação anexa: nunca foi nem é intenção desta ovina ser gira, apelativa ou sexappeal. A sua escrita tem tendência para adormecer quem lê? Pois tanto melhor. Com a nítida falta de sono que por aí vai, sempre permite poupar alguma coisinha nos "angelicalm" e outros comprimidos, de resultados nem sempre famosos.
Mééé...
Mééé...
EliminarAos tomarenses basta falarem nos acontecimentos locais para ficarem contentes. Trata-se de um problema de muito pouca exigência perante a sociedade. É por isso que a governação autárquica é o que é e foi o que foi. É por isso que a oposição é o que é e o que tem sido nos últimos anos. É por isso que o provedor da Misericórdia é quem é e o anterior provedor ter sido quem foi. Igual no que respeita ao diretor do politécnico. Basta olhar para as figuras que se acham "ilustres tomarenses" para perceber porque a cidade não progrediu nem progride.
ResponderEliminarDos comentários que tenho lido aqui este é o mais justo e certeiro.
EliminarAgora só falta responder à clássica interrogação política: Que fazer?
Que fazer? Provocar o desenvolvimento económico. A troca do pequeno favor ou da cunha para o emprego, pela subserviência eterna acontece devido às dificuldades económicas. Tal como se faz depender o "bom comportamento" da comunicação social de meia dúzia de anúncios. Nestes casos, para chegar ao poder é trocar favores,ser descarado e não ter princípios éticos. Talvez por isso as missas tomarenses estão tão cheias de "ilustres" de cá. O problema de Tomar é que devido ao seu passado é grande demais para a riqueza que tem, confinada a serviços públicos e serviços de assistencia social.
EliminarDeixá-lo falá-lo quêle calará-se-á.
ResponderEliminarA câmara, PS e arredores devem andar todos contentes por se ir pensando que o que há de oposição é isto.
Mééé
EliminarSe assim for, se este seu palavriado for algo mais que uma lampana, se câmara e PS andam mesmo todos contentes, podem muito bem estar, sem disso se darem conta, na posição do sapo na bacia de água quente, Vai gostando mais e mais, à medida que aumenta a temperatura da água... até que morre cozido.
EliminarCusta a crer que os eleitos nabantinos estejam todos contentes com a situação, como você pretende. Mas numa terra onde Deus tem tantos filhos brutos, nunca se sabe.
É óbvio que a Câmara e arredores devem estar preocupados com a situação.
ResponderEliminarSó assim, estando preocupados e atentos é que podem tentar fazer alguma coisa para melhorar as coisas, dentro das possibilidades.
Aquilo que nada os deve preocupar, infelizmente, é a "oposição" que por aqui vagueia.
Um exemplo?
Esta "ovelha ranhosa".
Pela linguagem utilizada, pelos "raciocínios" tipo chico-esperto que usa, pelo teor dos temas que elege, tudo nele retrata a miséria de oposição que por aqui anda.
E faz com que o poder nem precise de ser bom para justificar a nossa adesão.
É caso para dizer: para pior já basta assim.
É uma visão das coisas. Alimentada por criatura que me abstenho de qualificar. Não sou médica psiquiatra.
EliminarTrata-se de uma mera enumeração de factos, sem qualquer justificação verificável, como os leitores podem constatar. Uma espécie de delírio.
É afinal um caso típico, em que alguém manifestamente perturbado insiste em confundir os seus desejos com a realidade. Acontece com relativa frequência.
Atente-se por exemplo neste belo troço de frase: "...tudo nele retrata a miséria de oposição que por aqui anda." Como raio consegue a pobre criatura, (pobre de espírito, já se vê) avaliar e classificar toda a oposição local graças aos comentários de uma só comentadora, que nem sequer sabe, de ciência certa, quem seja?!
O Maduro, ou o Assad não diriam nem fariam melhor, estou certa.
De resto, a conclusão do arrazoado deixa perceber que, no fim de contas, tal como na Venezuela, em Cuba ou na Síria, por exemplo, (a outra escala é certo), nem se trata de justificar a adesão ou a aversão. Apenas de tentar demolir para salvar a gamela, vulgo tacho, enquanto for possível.
Bom apetite. Bom proveito. Boas digestões.
Mas olhe que o ódio, segundo dizem os gastrólogos, provoca sempre problemas gástricos graves. Ponha-se a pau. Esta vida são dois dias e o carnaval são três.