terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O império da asneira

Opinião
Foto de arquivo

Ao que por aí se diz, uma das responsáveis locais (vamos omitir o nome, por uma questão de pudor, pois não se trata de criticar a pessoa, mas a função), terá feito mais uma das tradicionais declarações de levar as mãos à cabeça. Disse a senhora que "Nós queremos é turistas de 1, 2 ou 3 dias. Não os dos circuitos, que só compram garrafas de água e sujam as casas de banho."

Começando pelo fim, que é com frequência o mais importante, é do domínio público que os turistas dos circuitos estão praticamente impedidos de descer à cidade após a visita ao Convento. Graças ao notável projecto camarário de requalificação da estrada de acesso, nunca emendado, a própria autarquia impede essa descida, tendo para isso colocado a sinalização respectiva. Temos portanto que em Tomar os turistas dos circuitos só podem sujar sanitários privados, pois os poucos realmente públicos que há ficam no centro histórico, que eles estão praticamente impedidos de visitar.
Segue-se a questão dos turistas desejados. Como deveriam saber os responsáveis locais, caso fossem devidamente qualificados em termos profissionais e operacionais, no income turístico não há selecção possível. Pode-se tentar visar determinados alvos, mas mesmo assim tudo o que vier à rede é peixe, para os profissionais que vivem do seu trabalho e não do dinheiro dos contribuintes, e que não usam o turismo só como propaganda barata.
No caso de Tomar, salvo raras excepções, há um turismo de passagem, com muito grande incidência no Convento de Cristo, em parte por culpa da própria câmara, surda, muda e queda em relação às críticas fundamentadas. Mas há igualmente um turismo de longa duração, ou residencial, com várias centenas de estrangeiros reformados, que passam todo o ano ou só uma parte no concelho. Ainda é só o começo, pelo que conviria estimá-los, pois são um excelente canal de promoção nos países de origem. Mas com declarações assim...
Sobre os desejados turistas de 1, 2 ou 3 dias, com esta câmara e no estado actual das coisas, excepto talvez durante a Festa dos Tabuleiros e respectivos eventos paralelos, (portanto só de 4 em 4 anos), ficariam em Tomar 2 ou 3 dias a fazer o quê? Procurando os sanitários que não há? Aguardando o resultado final das análises à água do Nabão? Ou a conclusão das obras do futuro bairro cigano?

                                                              Manuel Viajante

23 comentários:

  1. Também houve o turismo de encontros e de negócios, quando Tomar estava no centro de vias rodoviárias e era um ponto de ligação norte-sul. Parte do sucesso do Hotel dos Templários deveu-se a isso. Hoje esse papel é desempenhado por Fátima, servida pela A1,cujo traçado estava previsto passar por Tomar. A história do turismo de 3 dias é antiga como é antiga a ilusão do turismo como motor económico de Tomar. Os parques temáticos imaginados pela câmara PSD/Paiva tinham como justificação fixar na cidade os visitantes mais uns dias!

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    1. Claro que, como tinha que ser, não deram em nada tais parques. Não passaram de foguetório.

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  2. Está explicado porque desde o tempo do paiva, não se arranjam os (WC), é para os turistas dos circuitos não se prenderem muito ao lugar.

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  3. Desgraça, a Câmara surda, muda e queda. É a nossa condenação à irrelevancia e à decadência. Lenta, mas que já se sente e se vê.

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  4. O penúltimo parágrafo leva-me a sugerir uma aposta na chamada Economia Social (ou economia solidária) em Tomar. E o que é a economia social? As elites locais sabem o que é. A economia social representa mais de 10% do PIB total da União Europeia e tende a crescer vertiginosamente devido aos efeitos no mundo do trabalho das novas tecnologias. A UE está a estimular o seu desenvolvimento com apoios diversos. O Capital parece não querer investir em Tomar. Os munícipes devem recentrar o debate em vez de andarem, exageradamente, à pedrada uns aos outros. As autoridades locais precisam de uma sociedade civil mais ativa e esclarecida.
    Digo eu.
    Só quero ajudar.

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    1. A economia social funciona quando a outra - a economia real - lhe está a dar suporte. É como as eólicas: não poluem, são amigas do ambiente, mas quando falta o vento tem que haver alternativa para não ficarmos às escuras! Não compliquem mais o futuro (escuro) de Tomar.

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  5. Ainda me questiono como é que a IBM continua (e ainda bem que assim é) em Tomar, com todo o (des)investimento que tem sido feito pelos diversos erários na captação de emprego e pessoas para Tomar. Há que apostar nos empregos «digitais», na indústria e em formas e maneiras de conseguir que as pessoas passem a residir no concelho, e na cidade, para que Tomar não se torne uma cidade fantasma (como o é, quase, hoje), com exceção de uns fins de semana e de uma festa a cada 4 anos. Turismo é giro, sim, mas não dá segurança.

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    1. O senhor nao sabe o que diz. São estagios e nao empregos e pagos com ordenado minimo, com maus e malediucados peoes com marmitas para comer, e não tardará muito a irem-se embora. Chama a isso progresso? Não seja ingenuo.

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    2. A IBM tem uma boa infraestrutura oferecida pelo politécnico e pela câmara: edifícios, energia, parques de estacionamento, refeitório e vigilância 24 horas. Os licenciados do ipt são a mão de obra jovem à disposição. Já se instalaram em Viseu, no politécnico, e em Vila Real, na universidade. Estando no interior, é-se bem recebido e majoram-se os subsídios de apoio da UE. O problema destas empresas é que, como nada do construído é investimento seu, para se irem embora desligam a ficha e levam o disco do computador.

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    3. Por acaso até sei do que falo. Por acaso. Sei de quem lá trabalha, conheço quem ali trabalha. E são empregos, na sua maioria. E o IPT poucos licenciados fornece, porque poucos são os que ali se licenciam. Mesmo que sejam extemporâneos, a prazo, serão sempre melhores que os do turismo que são sazonais e sem futuro. Ao menos ali preparam-se bases e trabalham-se conceitos que, sem uma visão de futuro, irão ser aproveitados noutros lados (um pouco à maneira das academias de futebol).

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  6. Um outro problema em Tomar, estritamente político, prende-se com a cooperação - ou falta dela, entre os partidos políticos locais. Por exemplo, se a crise local é como os comentadores a pintam neste blogue - até parece que anda meia cidade à esmola à porta da igreja -, é incompreensível que o partido ganhador de eleições não convide os partidos mais votados a participar no executivo, distribuindo-lhes pelouros, na base de um programa mínimo definido entre eles. Vivo num dos concelhos (Sintra) socialmente mais fustigados após o 25 de Abril, e os presidentes eleitos chamaram à governação os outros partidos durante vários mandatos. Todos se empenharam, todos assumiram responsabilidades. O povo sabia e apreciava. E beneficiou dessa estratégia, de tal modo que se tornou num dos concelhos mais prósperos. Todos tinham protagonismo e, hoje, esse sucesso é atribuído a todos eles. Eu sei que, por aquilo que conheço de Tomar, se um presidente aí tomar essa atitude abre uma guerra dentro do partido contra si. Está-se mesmo a ver porquê... Mas é um caminho a seguir.
    Digo eu. Só quero ajudar.
    (Agora vou preparar-me para ver o meu glorioso Benfica. Começa às 19h00)
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    PS - Ando a pensar em candidatar-me à CMT nas próximas eleições. Recebo apoios.Há um cidadão com quem eu almoçaria todas as semanas: o prof. Rebelo - contas do Porto. Nunca o poderia dispensar como olheiro e conselheiro. A política é muito bonita, uma honra em exercê-la. Não custa nada.

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  7. Nove comentários seguidos, numa única crónica, sem insultos nem ataques pessoais, é tão raro em Tomar que merece ser destacado. E aplaudido. Tanto mais que vem demonstrar aquilo de que eu já desconfiava.
    Afastado por decisão própria, (se calhar provocada pelo nojo), o malandro do Rebelo, calaram-se também os porcos membros do comité do insulto, a soldo da maioria PS local, como está agora bem à vista.
    Ao que se chegou em Tomar! Tentar anular as críticas políticas com calúnias e outras falsidades, tudo num ambiente de curral de porcos.
    Mas a vida continua. É pouco provável que o Rebelo se mantenha calado e inactivo em Outubro próximo, ou em Outubro de 2021.
    Se ele voltar a escrever, vai ser bonito vai!

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  8. Menciona-se da crónica "a câmara surda muda e queda em relação às críticas fundamentadas". Não concordo. A maioria socialista faz-se muda e surda porque isso lhe convém, tendo em conta a sua bem conhecida falta de argumentos.
    Mas não tem ficado queda. A experiência tem demonstrado a existência de um "comité de redação de insultos, calúnias e outras mentiras", composto por uma eleita, um funcionário superior filiado no partido e um conselheiro de comunicação, pago pela autarquia. Esse seleto grupinho resolveu agora meter provisoriamente a viola no saco porque a sua ação se tornou demasiado visível. Na pseudolinguagem deles, a sua malcheirosa tarefa deixou de lhes "dar muito gozo".
    Mal eles sabem onde se foram meter!

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  9. So tenho a dizer será que nao ha ninguem capaz de mostrar como por a nossa cidade a crescer ou sera que para trabalhar e pre iso apanhar o comboio as 5 da manha e pegar ao trabalho as 9h em Lisboa para depos apanhar os comboio das 18h e vir dormir a Tomar todos os dias será que os nossos governantes nao veem um palmlo a frente dos olhose?
    Ora o que interessa e fazer ciclovias para o politécnico.
    Entao e os partidos politicos da oposição na nossa terra estao caladinhos está tudo bem nao e preciso fazer oposicao e mostrar que esta pasmaceira nao tem pernas para andar e é preciso criar condições para que ps9samos ter uma vida estável em TOMAR ou será que eu nao tenho razao e estou errado e que eu nao vejo a oposição a fazer nada que seja visível ou será que esta tudo bem assim e eu é que estou mal????

    Indignado...

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    1. Você está certo e cheio de razão. O que se passa em Tomar é uma vergonha política liderada por pessoal que se diz socialista.
      Ninguém faz oposição porque estamos praticamente como na Venezuela, menos no que respeita à liberdade e à penúria alimentar. Quanto ao resto é similar. Enquanto os funcionários públicos em geral e os da câmara em particular continuarem a receber pontualmente os ordenados; enquanto os eleitos continuarem a brincar aos ATL, como escreveu o "pai da coisa", vai tudo bem.
      Com a oposição PSD não se pode contar porque entre Anabela Ferromau e Lourdes Freitas, não há diferença nenhuma. São farinha do mesmo saco e até são também funcionárias da mesma moagem: os serviços estatais ditos de emprego e formação profissional.
      O Delgado? É isso mesmo, delgado, sem espessura, sem coragem e sem ideias novas.

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    2. Essa do funcionário público receber certo e a horas tem que se lhe diga. Queriam o polícia a negociar a multa ou a prisão? O professor a negociar a nota com o aluno? O médico do hospital a negociar o internamento com o doente? A enfermeira a negociar a injeção? O funcionário das finanças a negociar o imposto? O juiz a negociar a pena com o réu? Isto é, o não Estado.

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    3. Compreende-se que você queira sacudir a água do capote. Ou salvar a honra do convento. Se calhar porque é um dos beneficiados. Mas por favor não torça a verdade.
      O comentário fala de funcionários públicos em geral e da câmara em particular. Não consta que a câmara tenha, por exemplo, médicos, juizes, professores ou polícias ao seu serviço e pagos por ela.
      Mas sejamos então mais claros: Enquanto os funcionários públicos do império dos sentados, daqueles sem especialidade conhecida e que nem sequer atendem o público, continuarem a encher o papo a horas certas, em Tomar dificilmente haverá contestação. Entraram quase todos pela porta do cavalo e se viesse a haver concursos públicos rigorosos e fiscalizados...
      Bem sei. Há os direitos adquiridos. Por isso estamos tão bem e vamos caminhando para cada vez melhor. Praticamente como na Venezuela, mas mais devagarinho. Como é hábito.

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  10. Raios cada vez me dana mais esta gentjnha sem cérebro que nos governa em TOMAR é pior uma abelha ou uma vespa são as duas iguais pois é estamos tramados isto de brandos costumes tem muito que se lhe diga e já agora ao menos o anónimo das 9:52 falou o que realmente se passa isto e uma vergonha apelo que alguém apareça fora da concha se razao partidária mas com vontade e que ponha esta gentinha na ordem nas próximas eleições e já agora não nos bloqueie os pensamentos.

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  11. Parabéns ao anonimo das 12:59h que explanou a realidade grotesca em que vivemos infelizmente e ninguém tem mão neles.

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  12. Li com muita atenção, todos os comentários, e parece-me que alguns deles abordão questões deveras pertinentes, como não sou nem nunca fui anónimo, vou espor uma coisa que me parece, e tenho a certesa de não ser muito clara, e quando digo clara quero diser transparente, a senhora presidente e as suas girls foram promover a nossa festa a Espanha, tudo bem, mas pelo que sei não estava ninguem da comissão de festas no "cortejo", afinal a comissão, que diga-se, val o que val, já tomou alguma posição acerca disto ou fica calada enquanto forem recembo algum. Entretanto ai vão mais 22000 euros para uns amigos fazerem uma merda de um raly cá no burgo, mas não há dinheiro para reparar o telhado da biblioteca.

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  13. Estou plenamente de acordo com o Sr Carlos Coelho esta gente precisa de um abanão a sério andam todos a brincar com a gente e com a memória dos que ergueram a cidade e deixam a Biblioteca em degradação avançada que me entristece a atitude complacente de todos so que nos governam.

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  14. Vendo a cidade de fora, da perspectiva de mero visitante ocasional, que é o que sou, vou a Tomar talvez 1 ou 2 vezes por ano, o motivo é simples, falta de oferta de interesse.
    A saber:
    - Centro Comercial gigante com boas acessibilidades se possível próximo da estação ferroviária. Com lojas âncora de relevo. Com estacionamento próprio gratuito. Se possível com serviço de autocarros shuttle regular (a cada 30 minutos por exemplo) que fossem buscar os clientes e visitantes de várias localidades vizinhas para aumentar o número de visitantes ao mesmo;
    - Zona do rio ser modificada removendo o estádio, as piscinas e o parque de campismo e transformar toda a zona num belo jardim, se possível até "Borda da Vala" e não aquela manta de retalhos sem jeito nenhum actualmente existente;
    - Sanitários públicos automatizados espalhados pela cidade. Incrível como Tomar existe desde pelo menos 1160 e continuam os mesmos atrasadinhos sem sequer ter instalações sanitárias de jeito e em quantidade que é só a coisa mais básica de todas! É gente atrasadinha essa que tem governado essa cidade... eu teria vergonha na cara se fosse presidente do município de Tomar com algo assim tão básico em falta;
    - Como não é possível colocar a PSP nas ruas a fazer um trabalho de policiamente de visibilidade e proximidade, constituir uma polícia municipal para os substituir com a desculpa da fiscalização mas na realidade para fazer o papel que a PSP não quer fazer, ou seja presença visível permanente para aumentar o sentimento de segurança que é coisa que não sinto quando visito a cidade;
    - Substituir toda a tubagem da canalização da água, que as notícias de amianto nas tubagens não faz ninguém querer ir para aí. E já agora uma estação de tratamento de águas para garantir a qualidade da água antes de ir para os depósitos para ser posteriormente distribuída, que ninguém quer ter o seu corpo a filtrar aquilo que deveria ter sido filtrado antes;
    - Substituir as papeleiras e substituir/ remover aquelas coisas para distribuir sacos para apanhar os dejectos dos animais domésticos que me pareciam abandonados na minha última visita há vários meses (talvez tenham resolvido isso?);
    - Acabar com a praça de touros, daquela triste lembrança da maldade humana por mero divertimento contra os animais, que é uma vergonha existir, ainda por cima numa cidade com tantas evocações ao Filho de Deus (Cristo) e ao Filho do Homem (Espírito Santo);
    - As instalações dos militares também poderia ser deslocalizada para por exemplo Tancos e transformar aquela zona em um belo jardim. Era mais útil e em caso de guerra sempre tornava Tomar um alvo menos prioritário visto não exisitir tal instalação militar;
    - Também poderia ser criada uma instalação para explicar como funciona toda a Criação onde o ser humano existe auto-consciente. Por tanto entre o Filho do Homem, paraíso espiritual eterno, e este Universo perecível onde estamos (podendo mencionar os outros 6 existentes), mostrando que estamos a caminhar a grande velocidade para a transformação desta parte do Universo rumo à decomposição para voltar à semente inicial para que depois recomece o seu percurso de novo para constituir novamente outros gálaxias e por aí em diante.
    Tal instalação certamente estaria constantemente cheia de gente interessada em saber mais acerca da Verdadeira Vida;
    - Ter estacionamento para todos os veículos gratuitamente também seria bom para atrair visitantes que ninguém gosta de pagar estacionamento especialmente quando é dispendioso e ainda por cima em alguns casos muito limitado no tempo.

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