Ciberdúvidas reconhece a palavra “mordoma”

Foto de António Júlio Silva (FotoShop)

Com a eleição da primeira mulher como mordomo da Festa dos Tabuleiros em Tomar gerou-se a discussão na comunidade tomarense sobre a denominação do cargo no feminino. A eleita, Maria João Morais, professora de história, disse no dia da eleição que as duas formas estão corretas: o mordomo, a mordoma. No entanto, acrescentou que preferia uma terceira via: a mordomo.

Na imprensa e na internet, a maior parte dos jornalistas, apesar das dúvidas, adotaram o feminino, “a mordoma”.
Agora o site de língua portuguesa Ciberdúvidas, da responsabilidade do ISCTE, vem clarificar o assunto.
Em resposta a um pedido de esclarecimento enviado pelo cidadão José Luís Garcês, a professora licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Maria Eugénia Alves confirma que se trata de mais um caso de rápida adaptação de cargos e profissões tradicionalmente desempenhados por homens.
Dá o exemplo de termos como a primeira-ministra, a juíza,  a bombeira, a carteira, etc. em que inicialmente só se mudava o artigo, mas que mais tarde, depois de um certo tempo de uso linguístico, os femininos desses nomes entraram de pleno direito nos dicionários.
E no caso da palavra mordoma, existe, pelo menos, mais um caso do uso já mais antigo da palavra, também ligada às festas e romarias da igreja: «no Alto Minho, as mordomas são as moças encarregadas de recolher fundos para a realização da romaria ao santo padroeiro da sua terra.». É o caso, por exemplo, das mordomas das festas da Senhora da Agonia de Viana do Castelo.