Tomar não merece uma Associação Protetora de Animais

Opinião

Na sequência das inúmeras tentativas de denegrir a Associação Protetora dos Animais de Tomar que se tem visto pelo Facebook, que por vezes se estendem até outras Associações Protetoras de Animais, que se ouvem na rua, é com profundo pesar e embaraço que concluo que a cidade onde vivo, Tomar, não merece ter uma Associação Protetora de Animais.

A partir do momento em que alguém passa a estar devidamente esclarecido acerca de determinado contexto, mas opta por, não só, não agir em conformidade, como deturpar e prejudicar de forma consciente, mesmo que sem fundamento, esse mesmo contexto, só me resta, por meu direito, julgar que esse alguém está a agir maliciosamente. E Tomar está cheio de “alguém’s” assim.
Tudo o que é dito constantemente pela Associação Protetora dos Animais de Tomar torna-se irrelevante, se o público a quem esta se dirige não faz o esforço para ouvir, preferindo, sim, fazer o esforço de denegrir. Verdade é, também, que entre uma Direção e outra, a Associação Protetora dos Animais de Tomar tem vindo a pôr um término em várias situações irregulares a que muitos tomarenses, confortavelmente, se habituaram.
A verdade é que (dizem) há muita gente em Tomar que gosta de animais e que os defende, os seus e, naturalmente, os que não são seus, mesmo não podendo dar-lhes um teto, alimentação ou tratamento… Gente, essa, que vira a cara a ações de recolha de alimentos ou produtos de limpeza para a Associação Protetora dos Animais (já pararam para pensar porque é que a Associação faz este tipo de recolhas, antes de dizerem coisas como “A Associação é uma organização governamental, recebe apoios do Estado, etc., etc.”?). Gente essa que passa por um gato abandonado na rua, ou um cão, e até pode ficar sensibilizada, mas como está ali sozinha, não faz nada, porque não pode ou simplesmente porque não quer, mas que quando se junta num grupo, para o mesmo animal já vira elefante que, muitas vezes, nem consegue olhar para o chão e ver o que está a pisar tal é o seu tamanho. Gente essa que se recusa a denunciar casos de maus tratos em animais, apesar de gostar muito deles, porque não quer ver o seu nome envolvido, preferindo que eles morram.
 Gente como vós, dirige a Associação Protectora dos Animais de Tomar. Gente que, como vós, gosta de animais e tenta defendê-los mas que, ao contrário de vós, o faz publicamente desde há quase 2 anos para cá sujeitando-se, imagine-se, à incompreensão cega desta cidade tão bonita por fora.
 A verdade é que a Associação Protectora dos Animais de Tomar, organização não governamental e sem fins lucrativos funciona, actualmente, de forma absolutamente legal (e é natural que muitas pessoas desconheçam a lei, mas não se esqueçam disso quando decidirem denegrir seja quem for, ou que instituição for) e é natural que isso faça comichão a muita gente… não se esqueçam que, por vezes, também pode fazer comichão à Associação Protectora dos Animais de Tomar que, sendo constituída por pessoas como vós, também nem sempre pode, pelos motivos que nunca se inibe de apresentar (de valorizar), ajudar de alguma forma.

Curiosidades interessantes

Há também algumas curiosidades acerca da Associação Protectora dos Animais de Tomar, na sua Direção actual, que, a meu ver, são extremamente interessantes:
• A Associação não pode entrar em propriedade privada, só porque é Associação;
• Um dos deveres que a Associação pratica regularmente é informar a comunidade dos seus deveres cívicos no que diz respeito a: Maus tratos, denúncias, questões comportamentais de animais, sensibilização da comunidade para a adopção responsável, legislação;
• A Associação (esta, para mim, é das mais suculentas) funciona em dois sítios: Flecheiro e Canil da Zona Industrial. Inicialmente, funcionava apenas no Flecheiro, em condições decrépitas, apenas com 1 funcionário para limpar, alimentar e tratar 100 cães. Actualmente, a Associação também está presente nas instalações do Canil Municipal de Tomar (onde já não são realizados abates indiscriminados há mais de um ano), na promessa de levarem para lá os cães do Flecheiro, que por lá continuam. No Canil Municipal, a Associação dispõe de uma funcionária com contrato específico para o seguinte efeito: Limpar, alimentar, tratar de cães e gatos (80 + 20) e limpar as instalações do Canil;
• A Associação recebe dinheiro das quotas dos sócios, recebe dinheiro através de doações, recebe alimentação e produtos de limpeza (esta também é tão suculenta, ora vejam) através de doações espontâneas ou de recolhas oficiais. No entanto, a nova Direção, aquando da tomada de posse, viu-se a braços com uma dívida superior a 1.000€ numa Clínica Veterinária e uma conta bancária negativa, viu-se a braços com isto e com 200 animais para tratar;
• Fora todos os animais já existentes no Canil Municipal, ao abrigo de um protocolo que a Associação teve de formalizar com a Câmara Municipal de Tomar, mais uma vez, na promessa de transferir os cães do Flecheiro que vivem em condições decrépitas, o Canil Municipal é obrigado a receber cães vindos de vários Distritos, podem ser dois, podem ser cinco, podem ser 10. Durante oito dias esses animais vindos de outros Distritos, por lei, deveriam ser imediatamente observados por um médico veterinário e, idealmente, esterilizados. Nada disto é feito. Quando os oito dias terminam, foi estabelecido legalmente, que a Associação é obrigada a tomar responsabilidade por esses animais. É um ciclo sem fim, não é?
• Mensalmente, são vítimas de crime de abandono (em detrimento do honesto pedido de ajuda) às portas da Associação Protectora dos Animais (Flecheiro e Canil Municipal) uma média de cinco animais, normalmente cães, e isto sem falar nas ninhadas, que são constituídas, em média, por três cachorros. Assim sendo, a Associação tem de conseguir gerir os animais existentes numa lotação já esgotada, com estas “novas aquisições”. São feitas campanhas de adopção, mas o pessoal prefere comprar cães, ou prefere animais de raça.
E muitas mais curiosidades estão à disposição dos tomarenses, sempre que se predispuserem a isso, em qualquer um dos locais de actuação da Associação Protetora dos Animais de Tomar… Agora, quando vos apetecer falar, tenham é a decência de irem verificar muito bem como as coisas funcionam. Porque qualquer pessoa me pode dizer, a mim, que a Associação funciona muito bem, ou que funciona muito mal, mas de facto, eu sei do que estou a falar, porque eu vou, eu participo, eu estou presente… e você?
Ainda assim, nem tudo é mau… há tomarenses conscientes, há os que não fazem nada mas que também não chateiam quem quer fazer (o que não é mau), há os que efectivamente ajudam. Por parte da Associação Protectora dos Animais de Tomar, também nem tudo é mau, apesar de clara e indubitavelmente não poder fazer mais do que aquilo que faz, esta é uma Associação que se disponibiliza, sempre que solicitada, para ajudar naquilo que lhe for possível.
Já Gandhi dizia: “De olho por olho e dente por dente, o mundo acabará cego e sem dentes”, portanto, meus caros, fica o apelo pacífico e, espero, esclarecedor: Ajudem o próximo, pratiquem o Bem, ajudem os animais, façam o que puderem a quem puderem e não tentem travar quem o tenta fazer, não se metam num caminho que é de outra pessoa só porque ainda não encontraram o vosso.

Cláudia Loureiro
Associação Protetora dos Animais de Tomar