quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Tomar – A La la land do ribatejo

Opinião

Este é o filme do momento. Depois de ter arrecadado 7 Globos de Ouro, é agora candidato aos óscares em 14 categorias. É verdade que se trata dum filme muito diferente do The Revenant - o renascido, o favorito do ano passado e ao qual dedicámos uma crónica em 26 de janeiro de 2016.

Sim, dum ano para o outro, a academia de Hollywood passou da adoração a um filme sobre a américa profunda, da luta pela sobrevivência dum homem atacado por um urso e abandonado à morte pelos seus camaradas, para um musical trico-doce tipo anos 50. Passamos do silêncio das florestas geladas do continente norte-americano para sapateado, dança e música a rodos para os nossos olhos e ouvidos.
Numa comparação que não me parece nada forçada (acredito que haja quem pense o contrário…), diria mesmo que a diferença entre estes dois filmes é equivalente àquela que existe entre o carregado clima dramático que se viveu no início do passado ano autárquico, com o ataque sofrido pelo ex-chefe de gabinete da presidente às mãos do urso de serviço, as baralhações de admissões e exclusões do mesmo ex-chefe de gabinete para lugar de carreira no município, o então vice-presidente a tentar fazer ouvir a sua voz, ora saindo de cena ora entrando rapidamente, a sibilina ascenção daquele protagonista conhecido por aquela sua pose caraterística de mãos a acariciarem o antebraço contrário… dizia eu, é a diferença entre isso e aquilo que agora se passa:
Tomar – A La la land do ribatejo. A presente vida em Tomar dava um musical. Chega de crispação! Como diz o presidente Marcelo, os tempos agora são de descrispação!
A presidente candidata entendeu bem a mensagem de Marcelo. Vai daí, passou a dar música aos cidadãos tomarenses. Seja com a sonorização de natal, com o melodioso ruído das novas varredoras, o vapor do mata-silvas ou o ronronar das máquinas de pavimentação a percorrer tudo o que é recanto passível de levar alcatrão. Julgo até que seria boa ideia montar equipamento sonoro nestes equipamentos e admitir mais dezoito funcionários só para porem música. Limpeza, desmatação e alcatrão ao som de música! Lindo!
Como dizia o ator Robert Duval, na sua famosa deixa no filme Apocalypse Now: “I love the smell of napalm in the morning!” na sequência dum ataque feito ao som da “Cavalgada das Valquírias” de Wagner, poderíamos aqui ter na nossa La la land a presidente candidata a dizer: “Eu adoro o cheiro do alcatrão pela manhã”, ao som dum qualquer “Ó malhão, malhão”…
                                                                             Leonardo de Capricho
PS - É caso para dizer que tanta competência recentemente demonstrada pela atual líder, apenas parecia estar ao alcance de sobreviventes da estirpe daquele que foi atraiçoado pelos seus camaradas no The Revenant – o renascido.
É caso para perguntar: o que é que se está aqui a passar?

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