Opinião
Imprimatur é uma palavra latina que significa "imprima-se".Era com esta palavra que as autoridades eclesiásticas e antigos censores régios exprimiam a sua autorização para poder imprimir-se uma obra.
Na antiguidade romana, a nobre profissão de censor era exercida por um magistrado que efetuava o recenseamento da população e zelava pelos bons costumes.
É fácil perceber o poder destes homens junto da sociedade. As ideias prevalecentes, obviamente, não podiam ser questionadas e estes homens garantiam assim o "normal" funcionamento das coisas...
Mais recentemente, o ato censório passou para as mãos de funcionários públicos encarregues de "depurar" obras literárias ou artísticas.
No nosso país, durante tempo demais, foram amordaçadas as vozes e a criatividade de muitos dos nossos concidadãos. O 25 de abril encarregou-se de fazer terminar essa censura de Estado, formal, às claras.
O problema agora é outro. Passa pelas subtilezas na concentração dos mídia. Pela dependência asfixiante e dramática da publicidade paga. Pelos contactos de pressão feitos pelos "poderosos" sobre as redações.
Enfim, toda uma nova forma de condicionamento das opiniões incómodas para o stablishment.
O último romance de Umberto Eco, "Número Zero", referido na minha crónica "O Nome da Rosa e o Convento de Cristo" dá uma ideia satírica do "funcionamento" dum jornal neste novo tempo. Mas, a coisa não se esgota na imprensa escrita. O problema é transversal a todo o mundo da comunicação, ou seja, quer televisões quer redes sociais também não estão imunes.
E nós por cá? Alguém tem a chancela "IMPRIMATUR"?
José da Silva
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