Imagine-se alguém a trabalhar numa grande empresa como assessor da administração.
Tinha conseguido o lugar não só por ter qualificações para o mesmo mas principalmente por ser próximo do presidente do conselho de administração da empresa. Entretanto, sentindo-se tão acima dos restantes membros do CA (e talvez mesmo acima do presidente...), começa a assenhorear-se das funções executivas de quem devia servir, extravasando funções e criando conflitos no seio da administração...
Isto não parece ser do senso comum mas imagine-se que esse personagem se julgava mesmo melhor do que os outros. Considerava-se um indivíduo com maior perspicácia, mais capacidade de trabalho, dedicação... uma espécie de diretor do saudoso BES que devia estar ele próprio na administração e não ali ao lado, esquecido...
Resultado: os membros do CA fartam-se deste estado de coisas e junto do presidente forçam a saída do assessorzeco... não sem luta por parte do presidente pois este reconhece ao assessor competência e aliás são familiares.
E pronto, consuma-se o afastamento.
Em remodelações internas é refeito o CA sendo que o presidente atribui mais responsabilidades ao administrador que maior "choque frontal" teve com o tal assessor...
São as voltas e reviravoltas da vida empresarial.
Neste interregno, os trabalhadores da empresa assistiram estupefactos às guerras intestinas pelo poder no seio das cúpulas. Os próprios representantes dos sindicatos calaram a situação, o tempo todo, expectantes de que alguma benese ou migalha pudesse continuar a rolar da mesa do patronato... Enfim, um espectáculo humano degradante...
A história podia ficar por aqui, mas o assessor não era para brincadeiras e vai daí, apesar de já radicar a sua atividade profissional noutra empresa, resolve começar a endereçar comunicações de correio electrónico a todos os trabalhadores da empresa, que se contam por centenas, essencialmente para dizer mal do administrador do "choque frontal". Sobre os restantes administradores, que também despreza, omite qualquer comentário pois, como se sabe, as batalhas convêm ser circunscritas...
Os trabalhadores incrédulos perguntam-se: será possível que esteja a ler isto? Mas em que qualidade pode este indivíduo continuar impunemente a concentrar toda a atenção da empresa? A empresa não tem trabalho para realizar?
Parece impossível mas acontece que porventura se terão esquecido que o ex-assessor ainda tem assento na Assembleia-geral da empresa?
Pois é, o ex-assessor também era e é representante do maior accionista da empresa... apesar de, por vezes, parecer esquecer-se que, tendo uma quota importante, ainda assim o seu grupo não é maioritário! Conta aliás com o pequeno grupo a que pertence o administrador "choque frontal" para ter a maioria do capital e liderar a AG! Curiosa a vida nas empresas...
E já agora, será que o CA emitiu alguma nota sobre o assunto? O presidente dirigiu-se aos trabalhadores e clientes da empresa?
Será possível que um ex-assessorzeco de "asa ferida" insulte um administrador com poderes reforçados pelo presidente após a sua saída utilizando para o efeito os emails profissionais dos trabalhadores sem que nada suceda em consequência?
O silêncio total abateu-se sobre a firma!
Tratando-se de uma grande empresa terão havido ecos na imprensa, nos telejornais, no mundo digital?
Poucos! Um silêncio quase absoluto caiu sobre o assunto!
Situação fantástica, ou melhor, terrífica!
É por estas e por outras que as empresas não criam riqueza, não ajudam o país a sair da crise e assim, vinga a tese da maioria que governa o país, ao preferir apostar no desenvolvimento do mesmo privilegiando o setor público, o setor público empresarial e as autarquias (este sábado assistimos mesmo à "recuperação" do capital na TAP...).
É que, como tão bem sabemos, por exemplo, numa singela e pacífica autarquia como a nossa nunca se viveria uma história de "faca e alguidar" como esta!...
José da Silva
Como já alguém disse, continua a telenovela dos textos inúteis!
ResponderEliminarEsta conversa já cheira mal. Avante, camarada, avante!
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