segunda-feira, 21 de julho de 2014

Destacadas figuras de Tomar criticam saída do quadro de Tomar para Santarém

O quadro que está no centro da polémica
São cada vez mais as vozes que se manifestam contra a transferência, ainda que temporária, do quadro “A Última Ceia” da igreja de S. João Baptista em Tomar para o Museu da Diocese em Santarém.
A polémica decisão do padre Mário Duarte, vigário de Tomar, de ‘emprestar’ o quadro foi tomada unilateralmente sem ouvir quaisquer opiniões de outros responsáveis de Tomar. E só quando foi detetado o “buraco” deixado pelo quadro é que as pessoas se começaram a questionar sobre o misterioso destino da obra.
Entretanto, na última edição do jornal O Templário são publicados três artigos de opinião contra esta decisão do padre Mário.
Carl os Veloso, professor de História da Arte do Instituto Politécnico de Tomar, critica “o desrespeito pelas origens históricas do património”. O especialista afirma que “é revoltante assistir a um tal desprezo pelo património local, para mais tratando-se de uma obra integrada num Monumento Nacional, como tal apenas sujeito à tutela do Estado. Seria bom que o poder local tivesse uma palavra a dizer e que os cidadãos exigissem explicações sobre este acto de prepotência.”
Também o economista Sérgio Martins se manifesta contra a saída do património de Tomar seja para Santarém, Lisboa ou outros destinos.
Com uma fina ironia, o tomarense Appio Sottomayor, escreve que “finalmente, começa a haver algum sentido de justiça distributiva no que toca às chamadas obras de arte.” Sugere que a Janela do Capítulo, a sinagoga ou mesmo a Festa dos Tabuleiros sejam transferidas para os “sítios certos”. Irónico q.b. aconselha a “quem tiver muitas saudades do quadro de Gregório Lopes, só tem de meter--se no comboio para Santarém e aguardar a hora da visita. Além do mais, contribui, por pouco que seja, para a CP, que bem precisa de passageiros.”
Apenas no último parágrafo fala “a sério, mesmo a sério: passou-se algum fenómeno estranho nas cabeças de pessoas tidas como respeitáveis? É que não se vê outra explicação…”
A polémica estendeu-se às redes sociais onde são muitas as vozes críticas em relação ao padre Mário e à sua decisão individual de autorizar a cedência do quadro do séc. XVI à diocese.
No facebook, o arquiteto e ex-vereador José Vitorino, sublinha que “a nível nacional, Tomar é um dos três locais de referência do roteiro de Gregório Lopes.”. Cita o livro "Tesouros Artísticos de Portugal" que se refere a "uma série de tábuas quinhentistas pendentes das paredes da nave (..) grandes painéis, que constituíram, certamente o primitivo retábulo da igreja, e que foram executados no período de 1538-1539 pelo famoso pintor régio Gregório Lopes”.
José Vitorino critica as “autoridades eclesiásticas envolvidas” de “uma grosseira falta de sensibilidade”. “É um acto do maior desprezo pela identidade de um lugar como a igreja de São João e da carga simbólica que a mesma tem para os tomarenses”, escreve o ex-autarca que aconselha “não adormecermos com isto”.
Anteriormente já o tomarense António Rebelo tinha escrito n'O Templário uma carta aberta à presidente da Câmara sobre este assunto.

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