quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Investimentos de sucesso ou oportunidades perdidas?

Opinião
A Câmara Municipal de Tomar promoveu recentemente a apresentação pública de dois projetos para o nosso concelho.

No dia 13 de fevereiro, foi apresentado o projeto do Complexo Cultural da Levada, no Moinho da Ordem e, no dia seguinte, no salão nobre dos paços do concelho, apresentado o projeto “Tomar Ciclável” e a requalificação da Estrada da Serra, entre a Praceta Raúl Lopes e a rotunda do Instituto Politécnico.
Dois projetos cuja fundamentação, visão e execução determinarão se se tratam de investimentos de sucesso ou oportunidades perdidas.
E essa análise começa, antes de mais, pelo local das referidas apresentações. A escolha do Moinho da Ordem como local da apresentação do Complexo Cultural da Levada pareceu-me correta. Então, porque não aplicar o mesmo critério na apresentação do “Tomar Ciclável”? Ir ao local e confrontar o projeto com a realidade onde será aplicado, envolvendo diretamente os principais utilizadores desta obra, uma prática já bastante habitual noutros concelhos?
Avaliemos agora os projetos:
Considero o Complexo Cultural da Levada um dos maiores potenciais por explorar na nossa cidade. Não foi por acaso que em abril de 2017 optei por este local, mais concretamente pela sala da central elétrica, para a apresentação da minha candidatura à presidência da Junta de Freguesia de S. João Baptista e Sta. Maria dos Olivais.
Referi-me então a este complexo como “sinónimo de inovação, de desenvolvimento tecnológico”, apontando a Levada de Tomar como “motor de desenvolvimento económico da região durante séculos”, deixando a sua marca em gerações de tomarenses. E, concluí, “Hoje, temos um conjunto museológico que pode e deve ser uma âncora de desenvolvimento para Tomar”.
Dois anos depois, mantenho essa convicção.
O Complexo Cultural da Levada, devidamente instruído e dinamizado, será um polo de atração de turistas nacionais e estrangeiros assumindo um papel especialmente importante na ligação do Convento de Cristo à cidade.
O passo dado com a apresentação do projeto na passada quarta-feira, da qual destaco a parceria com o Instituto Politécnico, parece-me ser na direção certa.
Resta-nos agora aguardar por uma concretização deste conjunto de intenções, de preferência a um ritmo mais acelerado do que aquele que assistimos nos últimos 6 anos, e que o projeto seja capaz de fazer justiça à história de Tomar e da sua indústria, ao rio Nabão, à Hidráulica, aos Lagares, à Metalurgia, ao Moinho da Ordem, às Moagens e à Central Elétrica como elementos diferenciadores nos roteiros turísticos e do conhecimento.
O segundo projeto apresentado foi o “Tomar Ciclável” e a requalificação da Rua Coronel Garcês Teixeira e Av. Dr. Aurélio Ribeiro. Um projeto, por várias razões, revelador da vista curta da governação municipal socialista.
Que cidade queremos daqui a 10, 20 ou 30 anos? A resposta a esta pergunta é dada através do planeamento urbanístico e políticas locais estratégicas e responsáveis.
Sem dúvida que é urgente repensar a mobilidade nos centros urbanos antecipando medidas mais sustentáveis no transporte de pessoas e bens que muitas vezes se confundem na cidade com o espaço pedonal. Mas, criar apenas condições físicas para o transporte ciclável não resolve por si só o desafio da mobilidade urbana.
Em particular, quando a construção de duas ciclovias será feita à custa do estrangulamento da estrada em uma via em cada sentido da faixa de rodagem da Av. Dr. Aurélio Ribeiro, entre o Mac Donald’s e a rotunda do Instituto Politécnico. Não seria suficiente uma ciclovia, permitindo a manutenção de todas as vias rodoviárias?
Há que projetar o futuro sem esquecer as necessidades do presente. E esta avenida é uma das principais entradas na cidade vindo da A13 e de várias freguesias, é o acesso ao Hospital, ao Instituto Politécnico e a grandes superfícies comerciais.
No que diz respeito ao tratamento dos espaços verdes, a desilusão não poderia ser maior. Por um lado, o arruamento todo pensado com Ginkgo Biloba, uma única espécie arbórea que, apesar de adaptada ao ambiente urbano, é de crescimento lento, o que significa a ausência de sombra naquela avenida durante muitos anos, para além de deixar todo este conjunto arbóreo vulnerável a pragas ou doenças na espécie.
Por outro lado, nos espaços verdes de enquadramento junto à Nabância, a opção foi por duas espécies de árvores caducas: Plátanos, uma espécie de crescimento rápido que atinge uma altura considerável, e Olaias, uma das árvores mais queridas à comunidade tomarense, mas cujo envelhecimento rápido, típico da espécie, exige atenção redobrada. Facilmente se verifica que, ao contrário do que o Vice-Presidente da Câmara Municipal indicou, estas opções implicarão um esforço de manutenção elevado.
Mais preocupante ainda foi a leviandade com que o Vice-Presidente assumiu a possibilidade de reverter uma obra que custará centenas de milhares de euros aos contribuintes. Não é desta forma que acredito que a política deve ser feita.
Mas sim com a antecipação de soluções, com um processo criativo e deliberativo envolvente e participado, capaz de responder: Que mobilidade queremos para Tomar? Que futuro queremos para Tomar?
Um caminho mais difícil é certo, mas a meu ver a única forma correta de o fazer. Porquê? Porque exige conhecimento, análise, estudo e, mais importante, planeamento.
                                                              Tiago Carrão
                                                  Vice-Presidente PSD Tomar

10 comentários:

  1. Penso que ambos os projetos, tendo em conta o seu impacto na cidade, deveriam ser alvo de consulta à população antes de mais.

    O projeto da ciclovia é uma aberração urbanística, muito provavelmente efetuado com o patrocínio de algum lobby, partidário ou não, pois revela uma visão de futuro e, principalmente, de mobilidade muito reduzida...

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    1. De lembrar que numa recemtr consulta publica foi a ciclovia do prado que ganhou.

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  2. Grandes superfícies comerciais? Uma demonstracao do Tomar pequenino.

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  3. Não se percebe em que se baseia o sr. Carrão para apoiar o projeto da Levada. Se calhar é só para amparar a herança partidária. De qualquer forma, só lhe ficava bem justificar, com argumentos elaborados, a sua posição, uma vez que se anda a preparar para futuro pastor oficial do rebanho.
    E por este caminho não vai lá.

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  4. Gosto do estilo de comunicação do Sr. Tiago. Sóbrio e objetivo. Refere o que entende ser errado mas não tem pejo em evidenciar o que lhe parece estar certo.

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  5. Caro Tiago, bom artigo. Durante seis anos, este executivo PS que herdou um edifício reabilitado, ou seja, obra feita, aparece agora, passados seis anos com uma ideia!!! A levada, como aí lhe chamam, poderá ser tudo menos um museu mas o que é certo é que o que está feito de projeto e obra vem de trás. O mesmo acontece com os outros edifícios da camara que esta gente herdou - pavilhões, estacionamentos, etc - sem lhes acrescentar nada - nem obras de melhoria!! - e depois de terem dito mal de tudo, agora bem que os aproveitam para os seus inúmeros momentos de festas, promoções pessoais etc. Enfim, caro Tiago. Parabéns pelo artigo.

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  6. Complexo cultural da levada= desperdício de alguns milhões de euros que tanta falta fazia para outros projectos, e não 1 âncora de desenvolvimento conforme conversa de "político"...
    Quanto ao projecto das ciclovias na estrada do politécnico, para além de ir causar graves prejuízos ao trânsito, irá com toda a certeza dar bom dinheiro a ganhar ao construtor....quiçá em dobro com o voltar atrás como falou o vice-presidente da câmara e o povo a pagar, Tristeza...
    Como bem se tem visto Tomar está sem qualquer dúvida no caminho certo...... Para a desertificação, pois daqui a uns 15 ou 20 anos a cidade será habitada apenas por idosos quiçá reformados se entretanto não acabarem com as reformas, os jovens, esses irão embora daqui, como já hoje acontece com muitos....

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    1. Anónimo das 17H27
      Desculpe, mas não resisto. Uma "tristeza"
      é o seu comentário. Com munícipes como você, o Governo só tem de declarar estado de emergência na cidade. Leia o seu comentário e medite 2 minutos sobre o que escreveu.

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  7. Tomar sem emenda. O PSD de Paiva & sucessores estragou dinheiro com investimentos sem retorno fiados no turismo. Estes, com o menino nos braços tem que abrir as portas, o que vai dar mais desperdício porque as entradas não devem chegar para pagar salários.

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  8. Lamento que o administrador do blogue nao tivesse publicado o conentario sobre a inutilidade dos politicos da cidade mas não faz mal, ela está à vista de todos. Passe bem mais a censura.

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