Acabo de ler uma bela crónica de Luís Teixeira, intitulada O regresso do rei, que pode ler aqui. Bem sei que está n'OBSERVADOR, esse antro da reacção e da pior direita, segundo alguns esquerdalhos ainda mal reciclados. Mas também não ignoro que a extrema esquerda nunca teve nem tem o monopólio da verdade. Tem, isso sim, a bem conhecida mania totalitária, que a impede de aceitar serenamente os outros e com eles debater sem preconceitos. Nesse aspeto podem comparar-se aos maometanos.
Volvendo à dita crónica, nela se glosa o sebastianismo, essa outra mania tão portuguesa, segundo a qual o rei D. Sebastião, morto nas areias de Alcácer Quibir (Marrocos), nos idos de 1578, há-de voltar para reinar, montado num cavalo branco, numa manhã de nevoeiro.
Segundo o autor da crónica, as versões mais recentes desse ansiado milagrismo são as reivindicações dos professores e dos enfermeiros. Uns e outros aguardando que os meios financeiros necessários para o que exigem cheguem, já não numa manhã de nevoeiro, montados em cavalos brancos, mas pela calada da noite, em despachos do Banco Central Europeu e do Terreiro do Paço, com assinatura costo-centenal.
Enquanto isto, cem quilómetros a norte de Lisboa, em Fevereiro de 2019, uma comissão, à qual já foram atribuídos à cabeça cem mil euros dos cofres municipais, lança pelas portas de uma cidade em crise e cada vez mais pequena em termos populacionais, alguns pares de cidadãos bem intencionados, solicitando donativos para uma manifestação popular a que chamam Festa Grande, e que tem lugar só a cada quatro anos.
No respectivo prospeto de angariação lê-se isto: "Só com a ajuda de todos será possível manter a Festa que é de todos. Por isso apela-se uma vez mais ao bom sentido tomarense." Deixando por agora de lado a expressão "bom sentido tomarense", que jamais alguém explicou em detalhe, avulta uma evidente anormalidade.
Num país e numa época em que todas as festas populares têm como principal objetivo o lucro, e ainda bem, numa pobre cidade como Tomar, ainda se anda a pedir pelas portas, mesmo depois de sacar quase 400 mil euros à autarquia, que é dinheiro de todos. Para quê? Quais são os verdadeiros objectivos dos Tabuleiros?
Enterrar de quatro em quatro anos centenas de milhares de euros sem retorno, numa manifestação popular que até poderia dar lucros avultados se bem organizada, querem melhor exemplo de sebastianismo serôdio? Os que defendem o actual figurino da Festa Grande estarão decerto cheios de esperança num futuro milagre da multiplicação dos pães, sob a forma de euros. Para início não está mal: 600 tabuleiros a multiplicar por 30 pães cada, sempre são 18 mil pães...Que na sua maior parte vão acabar no lixo, mais cedo ou mais tarde. Como diria a raposa matreira, logo depois do cortejo, "Estão rijos; só os cães os podem tragar".
E a cidade e o concelho vão continuar a definhar, porque dinheiro mal gasto não é investimento. E sem investimento...
Por tudo isto e o mais que se omite, há que ter dó dos incapazes cheios de boa vontade. Mas nunca renunciar ao que se considera essencial. A denúncia fundamentada do que está mal e nos vai arrastando para o abismo da irrelevância.
Ovelha negra anti-sebastianismo
Quanto ao sebastianismo e as manhãs de nevoeiro em que em cavalos brancos cheguem com o dinheiro para pagar a professores e enfermeiros como parece constar na crónica, há um erro básico: os ditos cavalos brancos com dinheiro mais as charretes, trotinetes e camionetes foram todos desviados para pagar ao sistema financeiro. Seja na forma de juros, sejam as negociatas PPP ou as "rendas garantidas". Uma boa notícia: já há escolas que não conseguem arranjar professores.
ResponderEliminarComentário enviesado, como começa a ser habitual numa certa esquerda.
EliminarVendo bem, quer o dinheiro tenha ido para norte, para sul, para este ou para oeste, a situação mantém-se.
Conforme dizia o Gaspar "Não há dinheiro! Que palavra é que não percebeu?" No caso, que palavra é que os professores, os enfermeiros e os respectivos dirigentes sindicais e a autarca nabantina ainda não perceberam?
Se até o socialista António Costa já afirma praticamente o mesmo, em que se apoia a maioria socialista tomarense para continuar a esbanjar?
"Nesse aspeto podem comparar-se aos maometanos"
ResponderEliminarPensei que era mais inteligente que isso.
Nem todos podem ser tão inteligentes quanto alguns se julgam. Nunca disse a ninguém que era mais dotado que os outros, nem assim penso. Limito-me a constatar.
EliminarAproveitando o ensejo: Nesse aspecto podem comparar-se aos maometanos, ao Maduro da Venezuela, ao Ortega da Nicarágua e àquele índio quechua da Bolívia. Sem esquecer Cuba e o castrismo. Todos têm em comum o ideia de que são os únicos detentores da verdade e por isso os únicos sempre com razão. Os outros são a ralé, que só pode estar enganada, porque manipulada pelos americanos. Conforme está cada vez mais à vista de quem queira ver e não padeça de cegueira ideológica.
É mais ou menos isto, o futuro da nossa terra.
ResponderEliminarPedir sem sentido, fazer com pouco sentido, caminhar sem sentido.
É o rumo certo que nos foi prometido, seguramente.
Só posso sentir nojo é uma palavra forte sim eu sei mas Tomar tinha tudo para ser um forte centro no centro de Portugal mas não somos nada e cada vez somos menos.
ResponderEliminarPergunto mas claro sem resposta???
Pois tudo tem uma explicação e eu sei bem qual é é pena não ser eu a mandar ai sim as coisas teriam de ter um sentido e um objetivo mas infelizmente sentimo-nos perdidos e sem acção perante tanta gente que se considera de sangue azul mas só faz asneiras e ninguém lhes pode dizer nada ficamos logo queimados em praça publica.
Pois é o Tomarense vive de aparências e de nada mais é uma terra GRANDE de gente que nos governa de mente pequena.
E pobre de quem é pequeno por isso era bom para esses que se acham grandes que todos os pequenos fossem analfabetos para eles manietarem a seu belo prazer, mas esses tempos acabaram as pessoas começam a ter outro tipo de formação e a aver as coisas de outra maneira o problema são as aves raras que continuam na retaguarda do poder a mandar nisto tudo, condes e viscondes condessas e seus vassalos e enquanto não se acabar esta leva quiçá daqui a 50 anos a coisa mude a ver vamos.
A pulhítica no seu melhor, ao nível da "indústria" do futebol, ao nível da "justiça" dos Neto de Moura, prenhe de ódio e interesses, vazia de ideias e projectos para Tomar e para Portugal.
ResponderEliminarQuase 45 anos depois do 25 de Abril, que muitos, muitos mesmo, não sabem o que foi e para que foi feito.
Esses mesmo que vão "contra-argumentar" com insultos, já de seguida.