segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Uma viagem cultural e gastronómica até 1888

 Vera Bártolo, Hélia Rodrigues e João Amendoeira
A obra-prima de Eça de Queirós, Os Maias, editada há 130 anos, serviu de inspiração para um jantar teatro Queirosiano, no dia 26, no Tabernáculo do Rio em Tomar, em resultado de uma parceria com o grupo Ophiussa teatro.

Os atores João Amendoeira, Vera Bártolo e Hélia Rodrigues (João Patrício Gomes não pôde participar por motivos pessoais) representaram várias passagens da obra maior de Eça, em algumas cenas usando teatro de sombras. Não faltaram referências à revista Illustração, onde Eça colaborou, e várias alusões a Tomar no final do séc. XIX.
Pelo meio as cerca de duas dezenas de participantes puderam saborear alguns pratos referidos na obra de Eça primorosamente confecionados pelo Chef Carlos Lopes.
A degustação de doses gourmet incluía na ementa sopa seca de pão e presunto com legumes, paio com ervilhas, jambom aux épinards, coelho guisado à moda da Porcalhota, bacalhau com pimentos e grão de bico, galinha afogada em arroz, cabidela de frango do campo, lombo assado com pêssegos de Elvas e queijadinhas & arroz doce. Tudo isto se comia em Portugal no último quartel do séc. XIX.
Para confecionar estes pratos, há todo um trabalho preparatório que passa pela investigação na literatura, recolha de receitas da época e escolha dos ingredientes, um trabalho no qual o Chef Carlos Lopes alia a paixão da leitura ao gosto pela cozinha.
Depois de vários anos como comercial de várias empresas, Carlos decidiu há seis anos apostar na cozinha, fez a formação e tem aprendido muito com outros chefs de renome.
“A literatura tem muito de gastronomia”, explica enquanto vai confecionando os vários pratos do jantar queirosiano. Revela, por exemplo, que Fernando Pessoa comia muitos bifes e que a paixão gastronómica de Saramago era o bacalhau.
Para os jantares temáticos do Tabernáculo do Rio, que acontecem sempre no último sábado de cada mês, Carlos tem de investigar na respetiva literatura e chega a ir à Biblioteca Nacional pesquisar.
Um dos próximos jantares será dedicado a Florbela Espanca e nesta altura já Carlos foi à Biblioteca Nacional consultar a correspondência da poetisa onde há referências gastronómicas e receitas, e que não se encontram nos seus poemas.
Para o jantar queirosiano, baseou-se no livro de Maria de Lurdes Modesto “Comer e beber com Eça”.
Regina e Carlos Lopes

Tabernáculo do Rio a caminho dos sete anos de atividade

Regina Lopes e o seu irmão Carlos Lopes são os principais rostos do Tabernáculo do Rio, um estabelecimento de restauração, situado junto à ponte velha, que já vai com seis anos de atividade. Deolinda Lopes, a matriarca da família, é a proprietário do estabelecimento numa área que vem de família. O seu marido, já falecido, foi cozinheiro na estalagem de Santa Iria, no hotel dos Templários e na base aérea de Tancos.
As sessões de música ao vivo às quintas feiras à noite são uma das imagens de marca do Tabernáculo do Rio, que garantem sempre casa cheia.
Um dos projetos a concretizar em breve é criar as terças feiras temáticas dedicadas a diferentes estilos de música e sempre com músicos ao vivo. Estão previstas noites dedicadas à bossa nova, ao blues, folk e jazz, só para dar alguns exemplos.
Os jantares temáticos, iniciados em novembro com D. Nuno Álvares Pereira em destaque, vão continuar no último sábado de cada mês. O próximo será sobre Fernão Lopes ou Fernando Pessoa, em março Florbela Espanca é a autora em destaque, estando anunciada a leitura de poemas acompanhada por um pianista.




Deolinda Lopes, a matriarca da família

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