sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Sobre a candidatura dos Tabuleiros à UNESCO - 3

Opinião

Conforme os leitores decerto se recordam, na sequência de um primeiro escrito, que pode ler aqui, sobre a candidatura dos Tabuleiros à UNESCO, um leitor identificado opinou que seria útil conhecer as causas da recusa da candidatura de Nimes a Património da Humanidade, recusada em Junho de 2018.

Contactada a câmara de Nîmes via mail, eis a resposta, recebida nas 24 horas seguintes:

"Caro senhor:
Respondendo à sua pergunta, apesar de um dossier robusto, elaborado ao longo de dez anos, em conjunto com uma comissão científica integrando especialistas reconhecidos, numa candidatura apoiada pelo governo francês, que nos acompanhou até ao fim, o "VUE - VALOR UNIVERSAL EXCEPCIONAL" do bem "Centro urbano de Nimes", que demonstrava a influência dos monumentos romanos na cidade (na sua arquitectura e no seu traçado), não foi considerada assaz convincente pelos especialistas do ICOMOS.
Este comité da UNESCO teve igualmente em conta, bem entendido, as orientações da Convenção do Património Mundial, entre as quais uma recomendação para "reequilibrar a lista" dos bens e sítios classificados, na qual é evidente uma sobre-representação de sítios ocidentais (Europa/América), que por si só representam metade dos bens inscritos, bem como uma excessiva representação de sítios arqueológicos e da antiguidade clássica.
Num tal contexto era obviamente muito difícil escapar a uma decisão negativa.
Como bem deve saber, as candidaturas são cada vez mais difíceis. Em conclusão, o ICOMOS solicitou-nos a revisão da candidatura, recentrando-a unicamente sobre os monumentos romanos, que representam talvez um potencial, e não sobre o "centro urbano", ao contrário do recomendado anteriormente, nomeadamente nas orientações do Património Mundial de há 10 anos. Vamos portanto continuar a trabalhar com afinco.
Não conheço muito bem a Convenção dos bens imateriais da UNESCO. Penso que a situação possa ser algo diferente nessa área.
Pode consultar facilmente, no site do Património Mundial da UNESCO, a decisão detalhada do Comité do Barhein do ano passado, que não aprovou a nossa candidatura. Não há nada de confidencial. É tudo público.

Cordialmente

Jean-Luc NITO
Director do "Projecto Candidatura UNESCO"
Conservador do Património
Câmara de Nîmes
França

Notas do tradutor

A - Todo o texto original é monocolor. A cor para realçar é da minha autoria.

B - Basta ler as últimas duas frases do texto, "Não há nada de confidencial. É tudo público" para se perceber que o senhor arquitecto e conservador do património nunca viveu nem vive em Tomar.

C – Quanto à candidatura dos tabuleiros  à UNESCO, apenas mais duas notas.
1- Se os rumores que me chegaram estão certos, poderá acontecer que o especialista contratado encarregue os seus alunos de fazer trabalhos universitários tendentes a compôr depois a candidatura. Parece que não seria caso virgem.

2 - Como bem refere o senhor arquitecto NITO, a candidatura a Património Imaterial pode ser algo diferente. No entanto,
A) - Diz o povo que "Quando vires as barbas do vizinho a arder, põe as tuas de molho." B) - O peso e a influência dos africanos e dos asiáticos nas decisões da UNESCO será sempre o mesmo em qualquer comité. E Tomar está num país europeu, já com representação excessiva em relação à sua importância política e demográfica.

Desejo boa sorte a todos e faço-lhes um pedido: - Depois não venham dizer que não foram prevenidos a tempo.
O mundo é vasto e na política mundial Tomar não chega a ser sequer um grão de areia.
                                                                                António Rebelo

3 comentários:

  1. Grande Homem
    Dr António Rebelo
    Só tenho a dizer é pena que os bens humanos e pessoas não sejam mais estimados e que a bem dizer todos temos coisas positivas a acrescentar de bom para a nossa terra só é pena que ninguém nos dá ouvidos por isso tenho de falar sem sermos ouvidos é uma terra de surdos.
    Que se pode fazer???

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  2. Manda-me a educação agradecer o seu amável comentário. Muito obrigado.
    Limito-me a fazer o que posso e acho mais necessário e útil para cumprir as minhas obrigações de cidadania. Faço-o sem segundas intenções e procurando nunca confundir divergências políticas e/ou técnicas com questões pessoais.
    Quando não concordo com a acção de um eleito, isso não o transforma num inimigo meu. Sei bem que cada um procura sempre fazer o melhor que sabe e consegue, sendo as divergências normais e saudáveis em democracia plena.

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    1. Desde já agradeço reciprocamente e que continue o seu trabalho árduo que muito contribui para esclarecer os cidadãos se bem que não é fácil o caminho a percorrer.

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