quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Eleitos agoniados com a liberdade de informação

Opinião

Os leitores recordam de certeza a recente divulgação de um texto, no qual um eleito local a tempo inteiro louva o semanário Cidade de Tomar e ataca com acutilância  este blogue Tomar na rede. Já não se recorda? Não há problema. Só tem que clicar aqui.

O caso desse autarca não é infelizmente único. Regra geral, os eleitos agoniam-se com demasiada facilidade quando confrontados com informações ou opiniões defavoráveis, que não conseguem controlar. Por isso, quase todos vão providenciando no sentido de manietar de facto os órgãos de informação, sem contudo ofenderem a lei.
Em Tomar, a situação é bem conhecida. Há vários órgãos de informação, em teoria todos livres e independentes, na verdade controlados na sua maior parte pela autarquia. Uns só pela publicidade paga, que deixam de receber quando se portam mal aos olhos dos eleitos maioritários. Outros trabalhando claramente para o poder transitório instalado. Situação criticável? Certamente que sim, mas não um exclusivo tomarense, como  bem explica o comentador Alexandre Homem  Cristo:

 "As experiências locais de imprensa financiada pelo poder político (câmaras municipais) revela como estes órgãos ficam reféns do dinheiro, sem capacidade de escrutínio das decisões dos executivos camarários – morder a mão que nos dá de comer é sempre uma má estratégia." (Para ler toda a crónica, clique aqui)
 
De resto, a situação não é nova. Luís Rosa aborda aqui esse escândalo que foi a governação de Sócrates,  no que concerne à chamada comunicação social.
Que fazer então perante tão criticável panorama geral? Insistir na sua denúncia, pelo menos até os seus fomentadores serem forçados a emendar a mão. Se o não fizerem quanto antes, a inevitável evolução política disso se encarregará.
O PSOE, partido socialista espanhol que foi a principal trave da transição democrática no país vizinho, governou a Andaluzia (8 milhões de habitantes) durante 36 anos, com métodos em tudo semelhantes aos usados em Portugal e em Tomar, nomedamente no controlo da informação. Pois acaba de sofrer uma pesada derrota.
Embora continuando a ser a formação mais votada, não poderá formar governo, por não dispor de maioria, mesmo aliando-se com outros partidos. A não ser que ouse fazer acordos com a direita, que dispõe de maioria absoluta (59 deputados num parlamento de 110 lugares).
O mais grave porém é que, pela primeira vez desde a morte do ditador Franco em 1975, a extrema direita radical entra num parlamento, neste caso com 12 deputados. 
Por falar em deputados, na Andaluzia (Sevilha, Cadiz, Córdoba, Granada, Málaga...) 110 deputados são suficientes para representar 8 milhões de habitantes. Em Portugal precisamos de 230 deputados para representar menos de 10 milhões.
É no que dá a mania que somos um país rico...
                                                    Templário Zarolho

4 comentários:

  1. Quando sobem ao poder os políticos transformam-se, quais borboletas

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  2. Quem está instalado e sente não ter capacidade para se aguentar, joga com o esconder da verdade, a maledicência e o ataque pessoal. Quanto ao Cidade de Tomar é por demais conhecida a sua disponibilidade para fazer fretes a quem está no poder. Quem não se lembra da "reportagem" no politécnico a propósito da colocação do retrato na parede de um
    dirigente que lá tinha acabado o mandato. Também é verdade que os anúncios do politécnico iam era para o Cidade de Tomar.

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  3. Epá, alguém que contrate este gaio de asa partida, que já não se conseguem ler tantas baboseiras que escreve!

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    1. Um bom exemplo de muita da mentalidade local e não só: as divergências resolvem-se com uma contrataçãozinha.
      Um pardal que não chegará a coruja.

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