terça-feira, 6 de novembro de 2018

Uma cidade cada vez mais estranha

Opinião

Quem conhece Tomar não ignora que somos uma cidade estranha. Serão porém poucos aqueles que conhecem quase todos os recantos dessa estranheza. Um deles é a informação.

Havendo relativa fartura de órgãos informativos, três jornais, duas rádios e um blogue bastante lido, há contudo cada vez menos notícias em primeira mão. Sobretudo quando se trata de política ou de gestão municipal, afinal praticamente a mesma coisa. Isto para já não falar de análise política nem de jornalismo de investigação.
Em tal matéria tão sensível, acabo de ter mais uma surpresa, ao mesmo tempo agradável e desconfortável. Agradável porque é sempre bom aceder a dados novos, sobretudo quando têm incidência na nossa vida de todos os dias. Desconfortável porque foi necessário recorrer a um jornal de fora, mais precisamente ao MIRANTE online, para aceder a informação em primeira mão sobre Tomar.
Refiro-me a um tema tão importante como é o Orçamento municipal para 2019.
Já sabia, pela informação local, que o documento foi aprovado com os votos contra do PSD e o voto de qualidade da senhora presidente, devido à ausência para férias do vice-presidente Cristóvão. (Curiosa e eventualmente com água no bico tal ausência, quando se ia discutir o orçamento e adjudicar a Estalagem de Santa Iria...). Recorde-se, uma vez mais, que "na política o que parece é".
Também já conhecia as grandes opções da autarquia. Relevo para a inclusão social, a que chamam coesão, com uma provisão de 6 milhões de euros, num orçamento de 34 milhões. O realojamento dos nómadas e outros indigentes está a ficar cada vez mais caro.
O que eu ainda não sabia, por não ter lido nem ouvido na informação local, é que a Câmara vai absorver 15 funcionários dos SMAS, a partir de Janeiro de 2019, uma vez que aqueles serviços vão integrar uma empresa intermunicipal de gestão de água e resíduos, ainda a constituir. Trata-se de substituir a  RESITEJO, que faliu, e conta (ou contava) entre os seus administradores o anterior presidente da Câmara de Tomar, Carlos Carrão, do PSD.
Posto que a actual gestão camarária nabantina sempre garantiu que os SMAS não têm funcionários a mais, as perguntas que agora se impõem são estas: A ser assim, que razões há para que  a nova empresa intermunicipal, ainda a constituir, não queira receber nos seus quadros todos os funcionários dos SMAS Tomar? Simples embirração? Quem são profissionalmente esses funcionários? Técnicos superiores? Chefes intermédios? Que tarefas lhes vão ser atribuídas na câmara, já tão sobrecarregada?
Outra novidade, igualmente muito agradável para os consumidores tomarenses: Segundo a senhora presidente, a água vai aumentar outra vez e a taxa de resíduos sólidos também. Mas com a garantia de que os SMAS vão absorver esses aumentos. Até quando, isso a nossa eleita não disse, para evitar mais azias, sempre desagradáveis.
Tudo isto num semanário regional, editado longe do Nabão, como pode confirmar aqui.
Decerto porque a informação local ainda estará em período de digestão. As digestões são sempre bastante mais longas em Tomar. Tenho mesmo a impressão que há gente nas margens nabantinas que ainda não digeriu completamente o 25 de Abril.
Alguns porque ainda andavam a papas e fraldas, e entretanto habituaram-se à papa...
                                                                            Templário vesgo

5 comentários:

  1. Isto tá mesmo bonito…
    Trazer industria e emprego é que nada…
    Bem parece que ficam os turistas e nós vamos embora...

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  2. Os tomarenses são pouco exigentes. Os resultados autárquicos mostram isso. Apesar de péssimas políticas locais desde há 30 anos foram dando a maioria aos mesmos ou aos seus sucessores como foi com o PSD. O PS ganhou à tangente em 2013 e neste mandato teve a muleta dos Independentes, também ele acumulando disparates e falta de visão.
    O Rio Nabão, o Convento de Cristo e os Tabuleiros (a Festa Grande como lhe chamam) chegam para a felicidade local da maioria.

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  3. Sejamos justos. Salvo uma ou outra excepção, não se pode dizer que em Tomar a informação seja "a voz do dono". Na verdade é a voz da dona. Que para desgraça dos jornalistas obrigados a calar para comer, também não é boa comunicadora. Gosta mais do segredo e da sobranceria.
    Bom proveito e até 2021.
    Cá se fazem, cá se pagam.
    É só ir olhando para Pedro Marques, Carrão...

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  4. Não parece que o problema seja a voz da dona. Tomar paralisou, cada um pensa no seu umbigo, vozes críticas vão-se calando. Não há um projeto mobilizador e credível que mostre algo para além do palmo à frente do nariz.

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    1. Na informação local, o problema é mesmo a dona. Ninguém tem coragem nem meios materiais para cortar a trela, e a senhora tem tendência para abusar. Sei do que falo por experiência própria.
      Sobre projectos, lá haver há, os tomarenses é que estão cada vez mais agarrados ao passado, recusando aceitar que pela actual via caminhamos para uma espécie de miséria envergonhada, tanto política como cultural e económica.
      Entre a feijoada e um futuro melhor, preferem a feijoada. Entre o tintol à borla e melhores condições de vida, preferem o tintol. Entre o novo e o velho mesmo mau, preferem o velho.
      De qualquer forma, parece-me que você é demasiado exigente. Numa terra de analfabetos políticos funcionais, quer logo "um projecto mobilizador e credível, que mostre algo..." Tomara você um projecto apenas mobilizador e que não envergonhe, apresentado por um(a) candidato(a) escorreito(a). O óptimo é sempre inimigo do bom.
      Ou estarei enganada?

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