Opinião - SMAS de Tomar: faturar a qualquer preço

Carta aos Tomarenses 

Venho deste modo informar todos os Tomarenses sobre a política que os SMAS de Tomar têm no procedimento da faturação apesar dos valores de consumo anormais registados pelos seus funcionários. Estes, vulgo leitores dos SMAS, detetam que os dados medidos de consumo de água apresentam valores fora da média habitual do consumidor, o que indicia uma rotura ou anomalia acidental no sistema de canalização. A estratégia para subir a fatura é não informar nunca o consumidor! E vou fundamentar a minha apreciação e advertência.



Contacto muito frequentemente o serviço de roturas do SMAS dado que na zona onde habito (Estrada do Barreiro) há roturas consecutivas e por vezes reincidentes na zona da anterior reparação que pode ter ocorrido na mesma semana. Dado que nunca é prioritário, comparando com as condutas da cidade, exerço muita insistência e acompanhamento nestas reparações cujas intervenções demoram não menos de 1 semana e com a água correndo imutavelmente indiferente ao desperdício. Algumas vezes demoram 2 semanas a reparar e como todos sabemos, neste tipo de avarias e roturas de canos na via pública nenhum Tomarense paga em particular mas pagam todos.
Já informei (com fotografias) e solicitei à Sra. Presidente da Câmara a necessidade de uma intervenção com outro tipo de execução e não a simples reparação pontual que pela idade da canalização já não suporta mais remendos. Esse estudo prometido há anos ainda não passou da fase da promessa.

Durante o mês de maio 2017 ignorava que este desperdício de água estava a acontecer também na minha habitação (estava presente dado que nas ausências fecho a torneira de segurança) devido a uma silenciosa rotura mas desta vez sendo eu a pagante direta. No meu caso, paguei cerca de 330€ num só mês (valor médio habitual 18 € a 20€), valor este anómalo detetado pelo senhor leitor dos SMAS e transmitido a um vizinho que infelizmente não me informou.
Assim sendo, apresentei a minha indignação pela atitude do leitor ao Sr. Diretor Delegado, Francisco Manuel Cesário Marques, que me informou por carta que “o procedimento adotado pelo leitor faz parte dos seus conteúdos funcionais”. Ou seja, um leitor não tem a tarefa de participar anomalias mesmo que as verifique aquando a leitura. A sua tarefa é só registar a leitura. Certamente considera este “trabalho adicional” uma tarefa árdua!
Não entendo como um Senhor Diretor de Serviços com a responsabilidade inerente a um cargo de direção da Carreira Dirigente da Administração Pública, defende o laxismo profissional e o desperdício de um recurso natural que todos devemos poupar. Este Senhor Diretor deveria ensinar as regras básicas de poupança de recursos no serviço que dirige e devia impor aos leitores do SMAS que uma vez detetada uma anormalidade no consumo do cliente era OBRIGATÓRIO colocar na caixa de correio um postal com apenas a palavra ANOMALIA. Já não ouso sugerir que quando os senhores leitores transmitem as leituras registadas aos serviços administrativos do SMAS deveriam alertar o consumidor por telefone ou mail.
É do conhecimento académico de um gestor que aumentando a eficiência/eficácia do sistema se pode baixar os custos de produção de qualquer produto, só que neste caso o produto é altamente precioso que é a ÁGUA!

Resta-me concluir e dar a conhecer aos Tomarenses a incompetência na gestão dos recursos hídricos e humanos dos SMAS de Tomar pretendendo faturar tudo a qualquer preço e em qualquer situação mesmo a de uma rotura detetada e comprovada pelos seus funcionários mas que não podem informar o cliente pois não faz parte das suas funções. E a nós consumidores cabe pagar a incompetência e a água!

Relembro que no jornal “O Mirante” num artigo recente (24 Agosto de 2017) sobre o preço da água, saneamento e resíduos sólidos foi referido que cada município tem o seu preço global e nem sempre é fácil comparar devido às variáveis envolvidas. Mas é factual que o preço da água em Tomar para um consumidor que gaste 5 m3, 15 m3 ou 25 m3 de água por mês, atinge o topo entre 10 municípios circundantes entre eles os vizinhos Entroncamento, Ourém e Torres Novas. Torna-se claro que pagar mensalmente ao SMAS 10 m3 não será o mesmo que pagar 100 m3 devido a uma acidental rotura! Há que saber aproveitar e 20€ mensal é bem diferente de pagar 330€! Com este oportunismo de ação entendo agora porque os leitores não devem fazer nada, nem dizer nada e muito menos registar ou informar algo. O que interessa é a fatura final e quanto mais alta melhor e maiores desperdícios por roturas na casa dos consumidores ainda melhor para os SMAS!

Recorte do jornal O Mirante (24-08-2017)

Não reclamo estorno mas reclamo e sugiro que algumas medidas de boas práticas tais como a acabada de referir deveriam ser implementadas e sobretudo medidas de competência deveriam ser revistas nos SMAS/CMT como se exige de um serviço público de qualidade que os consumidores Tomarenses merecem e pagam (relembro a taxa de IMI 0,35).
Seria injusta se não referisse que após a minha reclamação me foi devolvido pelos SMAS o valor monetário correspondente a resíduos sólidos dado que foi proporcional ao tão elevado valor do consumo de água num só mês. Mas não há bela sem senão…e por artes mágicas os SMAS aplicaram-me num ápice a taxa de saneamento e fiquei a estar ligada desde então à rede pública virtual de saneamento inexistente da Estrada do Barreiro!

Aproveito para sugerir ao Executivo Camarário sucedâneo destas eleições que dinamize um estudo de satisfação de qualidade dos vários serviços prestados pela CMT. Nas universidades há equipas de excelência, com provada imparcialidade e a preços mais competitivos que os do mercado (porque não tema de uma tese de mestrado de forma gratuita?).
O que não se mede não melhora! Publiquem os resultados na página da CMT e vamos todos ajudar a melhorar com as nossas contribuições, mas com quadros competentes!

Felizmente em breve podemos refletir sobre a quem decidir o destino da cidade de Tomar.

                                                                                          Aurora Cardoso