quinta-feira, 2 de março de 2017

Sete discursos, sete perspetivas do dia de Tomar

Na habitual sessão solene da Assembleia Municipal de Tomar integrada nas cerimónias comemorativas do 1 de Março, Dia de Tomar, intervieram os representantes das forças políticas representadas na assembleia municipal e a presidente da câmara.

Discursaram Luís Ferreira (deputado não adstrito), Filipe Vintém (Bloco de Esquerda), Paulo Macedo (CDU), Luís Francisco (Independentes por Tomar), Hugo Costa (PS), Isabel Boavida (PSD) e Anabela Freitas (presidente da câmara de Tomar).
Foram sete discursos com diferentes perspetivas sobre a efeméride e sobre Tomar.
Pedimos aos sete oradores que enviassem os seus discursos para que os pudéssemos aqui reproduzir, mas apenas cinco responderam*. Faltam os discursos de Hugo Costa (PS)** e Paulo Macedo (CDU)*.
Aqui ficam os discursos que recebemos pela ordem em que foram proferidos na cerimónia do 1 de março no cine-teatro de Tomar:

*Nota: Posteriomente recebemos o discurso de Paulo Macedo (CDU) que igualmente publicamos.
** Recebemos no dia 6 o discurso de Hugo Costa (PS)

Luís Ferreira (deputado municipal não adstrito, eleito pelo PS)
Fotos de Hugo Machado
Eis que cumprimos!
857 anos depois, ainda aqui estamos!

Tendo o privilégio de me dirigir a todos os tomarenses, não quero deixar passar a oportunidade para a todos e a cada um saudar, com um carinho especial.
Ser de Tomar, hoje como ontem, é mais do que aqui ser residente, nascido ou enamorado pelo topónimo, é um estar, um querer, um construir um mundo diferente, necessariamente mais livre, mais igual, mais fraterno.
É captar, na leitura do Arquiteto, o ESPÍRITO do LUGAR!
Da partilha do cavalo que os pobres cavaleiros templários, que fundaram o nosso castelo, temos a obrigação de com estratégia e sem titubear, conquistar a nova posição de Tomar, na globalização do seculo XXI.
O desafio de construir a Nova Tomar, usando as pedras, trabalhadas, do nosso passado.

Acreditar e querer. Eis que cumprimos!
São estas as palavras de ordem deste tempo sempre novo.
Estamos assim libertos da espinhosa tarefa de percorrer o corolário dos anos, que pesam como herança sobre todos os Tomarenses, aqui hoje presentes ou, cada vez mais ausentes na diáspora Templária, que tem a dimensão da simbólica ecuménica, a qual transportamos todos os dias.
O nosso Mestre Gualdim Pais, que respeitosamente homenageámos na Praça
através do Senhor Comandante do Regimento de Infantaria nº15, tributário do 2º Regimento de Infantaria de Olivença, com mais de 250 anos e representante da milenar instituição castrense, desde sempre presente ao Vale de Tomar, e dos máximos representantes do povo de Tomar -,
com a deposição das três coroas de flores, com as cores do ar, da terra e do fogo e alimentadas pela água que nos humectou.

Pois que sendo certo, que neste dia 1 de Março celebramos a fundação do nosso castelo, castelo templário e uma das forças motrizes da defesa da nossa querida Pátria em toda a sua história; evocamos não só o nosso passado, mas antes de tudo isso, o nosso futuro.

Um futuro que vincará a liderança, não conquistada pelas curvas das refregas da torpeza básica, ou no lançar da descrença nos outros, ou na ultrapassagem da mesquinhez nas esquinas dos corredores bafientos de um poder torpe, morto e ultrajante da memória colectiva, do mais antigo estado-nação de uma Europa que se corrói,
sem encontrar a Linha,
sem encontrar o Vale,
sem encontrar o Porto, que a latina expressão in hoc signo vinces – com este signo vencerás, nos ilumina há quase nove séculos em Tomar.

Tomar é um concelho, por isso mesmo, cheio de História e de simbolismo.
Temos honra no nosso passado, e também confiança no nosso futuro. Um futuro alicerçado nos valores templários, e na construção de uma sociedade onde os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade, sejam o centro da nossa atuação.
A história julgará, como sempre.
O tempo presente afirmará, como sempre.
O futuro demonstrará, como sempre.
E, como sempre, quem aposta nas pessoas e quem sabe que é com as pessoas que se deve estar, honra o passado, desenvolve o presente e ganha o futuro.

Homenagear os seus mais queridos, dignificando o seu legado, não nos escondendo nos baús hipotéticos ou reais de onde tirámos, por exemplo, o que vemos todos os dias à nossa volta.
Sim, porque hoje, simbolicamente, o SEGREDO de Tomar revela-se.

Vai demorar tempo. Vai exigir esforço. Vai custar muito a muitos. Dos de cá e dos de lá. Dos que crêem e dos que não crêem. Dos que começam e nunca acabam e dos que acabando, julgam ter começado.

Dos que da Honra, pensam saber a Verdade.
Dos que da Justiça, perscrutam o Progresso.
De todos e de nenhuns, os símbolos pelos TEMPLOS espalhados e à mão de semear, do ZÉNITE  ao NADIR. Da cruz – das cruzes -, das pias batismais, hoje tina, ontem talvez cálice – graal -, quiçá…

O nosso maior tesouro, não o Oiro escondido no Poço dos Olivais, de Santa Maria, além da ponte; o maior tesouro do concelho são mesmo as pessoas e as suas tradições.
O trabalho diário de todos é a maior riqueza do concelho.        

O trabalho autárquico é um trabalho de proximidade e de todos ouvir. Nenhum cidadão deve ser excluído na sua opinião e na construção do concelho de Tomar, não olhando a que freguesia pertence.
Muito mal estaria um poder político que se afastasse do respeito e dos desejos do seu povo. Não é conhecida nenhuma organização que consiga prestar serviços aos cidadãos, que consiga garantir a resolução dos problemas das pessoas, sem respeitar e tratar com dignidade e respeito os seus trabalhadores.

Eis que cumprimos.
NINGUÉM deve ficar para trás.
A inovação e a educação devem continuar uma prioridade.
Tendo incorporado no passado os saberes milenares guardados pelas civilizações de antanho, o nosso futuro far-se-á pelo desenvolvimento sustentável, que deveremos colocar na estratégia que trilhamos.
Este é o tempo em que temos mais um momento de busca, de desejo, de sonho.

Eis que cumprimos!
E, para continuar a cumprir, estou convicto que com as vossas mãos,
juntas,
unidas,
quais NÓS de uma corda simbólica que percorra, não só esta sala, mas as ruas e praças, de todas as Praças,
De todos os lugares, daqui e de lá, e
Tal como o poeta [Pessoa] descreveu na sua Mensagem: Senhor falta cumprir-se. Que se cumpra Tomar!

Non nobis, domine, sed nomini tuo da gloriam

Viva Tomar!
Viva Portugal!


Filipe Vintém (Bloco de Esquerda)
Foto de Fernando Pena
No dia que se comemora mais um aniversário da fundação do castelo e da cidade de Tomar, onde foi a casa dos monges Templários e de Cristo e antes chegaram e ficaram Godos, Romanos e Árabes e foi mais tarde refúgio de judeus, nasceram e viveram homens e mulheres bons que deixaram a seu legado na história e nas artes portuguesas, neste dia quero aqui falar-vos de cultura e património.
Como disse Max Weber, ‘’o homem é um animal amarrado às teias de significados que ele mesmo teceu’’. Podemos definir a cultura como essas complexas teias que um povo vai tecendo de geração em geração, através dos séculos da sua existência.
Património é como a palavra indica, um legado do pai, é por assim dizer a riqueza herdada do nosso passado comum. Como todos os legados, podem ser cuidados e acrescentados ou desprezados e desbaratados com total falta de respeito por quem já nos deixou e por quem um dia nascerá. A identidade dos indivíduos e também dos lugares e espaços faz-se da cultura e património que herdamos, cuidamos e deixamos para as gerações vindouras.
Tomar é uma cidade com história de séculos, onde a cultura e património constituem bens inquestionáveis, mas é preciso que se faça também esta pergunta: como poderemos fazer para que a cultura e o património da nossa terra, contribua para o desenvolvimento e bem-estar da população? Sim, porque o mais importante dos patrimónios são as pessoas, as suas vidas e o seu contributo para as vidas das gerações futuras.
À Cultura e Património aparecerá associado mais cedo ou mais tarde, o Turismo e esse deve ser encarado como uma oportunidade de realizar atividade económica de relevo, mas também deve ser entendido como um fator que colabore para a preservação dos patrimónios, materiais, imateriais, históricos, culturais e arquitetónicos de uma comunidade e região, particularmente quando se trata de um lugar tão especial como Tomar.
A Cultura, o Património e o Turismo podem e devem ser entendidos como um fenómeno de desenvolvimento económico, social e humano, que permitirá, se for corretamente gerido, fantásticas oportunidades para novas e profícuas relações entre nós tomarenses mas também com todos os outros que nos visitarem.
Para Antoine de Saint-Exupéry “Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Muito obrigado e desejo a todos os presentes, um dia feliz.

Paulo Macedo (CDU)
Foto de Elsa Ribeiro Gonçalves

Hoje ao comemorarmos os 857 anos da cidade de Tomar, na última intervenção deste mandato 2013/2017, não poderíamos deixar de destacar a excelente iniciativa que consta do programa das cerimónias oficiais deste dia “Dia de Portas Abertas nas Adegas do Concelho”.
Os produtores vitivinícolas do concelho de Tomar vão estar de portas abertas neste dia 1 de março, dia da cidade e feriado municipal, para divulgar os seus produtos a todos os que os visitarem.
A Quinta do Cavalinho (Herdade dos Templários), a Adega Casal Martins (Dona Anca), a Encosta do Sobral, o Casal das Freiras e a Casa Agrícola Solar dos Loendros recebem e oferecem provas de vinhos a quem quiser visitar as suas adegas, ao longo do dia.
Pelas 12:00 horas, no Mercado Municipal de Tomar, acontece o lançamento da 2ª edição da carta de vinhos de Tomar.
Convém lembrar que a primeira “Carta de Sabores de Tomar” que reunia os vinhos produzidos no concelho, iniciativa desenvolvida pelo Gabinete de Economia Local Sustentável da Câmara de Tomar, foi lançada no dia 21 de outubro de 2014 e o documento publicado apresentava os produtores locais e respetivas marcas.
Também durante a Festa dos Tabuleiros de 2015, houve uma mostra de sabores do concelho, em que muitos milhares de visitantes desta icónica festa, ficaram a saber que em Tomar há produtores locais. Nesta Festa foi ainda apresentada a marca Mel Flores dos Tabuleiros, resultado do trabalho da Associação dos Apicultores do Centro de Portugal e dos contributos dos apicultores associados.
Em outubro de 2015, pela Feira de Santa Iria, foi apresentada a carta de sabores do azeite.
Na sequência do trabalho desenvolvido pelo Município através do seu Gabinete de Economia Local Sustentável conjuntamente com os produtores continuou a ser feita a promoção dos produtos de origem local. Pela primeira vez o Município de Tomar se fez representar com dois stands, no Portugal Agro 2015, com um total de onze produtores, mostrando o que se produz nas áreas do azeite, vinhos, assim como de mel, enchidos e fruta.
Esta primeira presença, entre os dias 20 e 23 de novembro de 2015, num certame desta natureza de dimensão nacional, de forma organizada e sob a capa de uma marca comum, com as três cartas de sabores, com produtos agroalimentares originários do concelho de Tomar, visa um objetivo, o desenvolvimento económico (economia local) de Tomar.
Desta forma se reforçou e se deu projeção ao setor agrícola, agroalimentar e turístico do concelho, promovendo-o tendo em vista o desenvolvimento económico.
Tudo isto não seria possível sem a adesão e apoio dos produtores que tem sido fundamental para o sucesso destas iniciativas.

Ao longo destes, quase quatro anos, de mandato autárquico do PS, em que a CDU, através do seu vereador, recebeu a competência, entre outras, do GELS (Gabinete de Economia Local Sustentável) faz, na prática a aplicação do programa da CDU, quando nesse se afirma que o objetivo central é incentivar a produção de riqueza no Concelho.

Neste dia “Dia de Portas Abertas nas Adegas do Concelho” uma espécie de Enoturismo em dia festivo, realçamos a importância do Enoturismo em Tomar. Sabendo que o Enoturismo apesar de considerado um tipo de turismo mais característico dos tempos modernos, possui as suas origens muito antigas ligadas à cultura da vinha e do vinho, tão antigas ou ancestrais quanto as da própria atividade turística.
Esta, que em Tomar está muito associada, quase exclusivamente, à vertente de natureza cultural e monumental, não pode e nem deve menosprezar outras atividades, também turísticas, como por exemplo as visitas a adegas.

Quando percorremos as adegas neste dia, situadas em quatro das freguesias do concelho, a de Casais, para visitar a Adega Casal Martins, a de Serra e Junceira, a Encosta do Sobral - Sociedade Agrícola, a de Madalena e Beselga, Casal das Freiras e Casa Agrícola Solar dos Loendros e a de São João Baptista e Santa Maria dos Olivais, em Valdonas, a Quinta do Cavalinho (Herdade dos Templários) estamos a viver o concelho e a reconhecer as forças produtivas deste.

A CDU termina a sua intervenção, neste Dia de Tomar, com um voto de agradecimento a todos os homenageados, nomeadamente os homenageados, os onze mordomos da Festa dos Tabuleiros, a grande festa de Tomar.

Tal como terminei em 2014 a minha intervenção, dizendo que atendendo à importância deste eixo estratégico que é a (Cultura/Património) devemos pensar nos fundos do Quadro Estratégico Comum 2014-2020, agora Portugal 2020, que apoia os setores culturais e criativos europeus. Uma vez que os recursos da política de coesão podem e devem ser utilizados para maximizar o contributo da cultura enquanto ferramenta do desenvolvimento local e regional, da regeneração urbana, do desenvolvimento rural e da empregabilidade.

Viva Tomar


Luís Francisco (Independentes por Tomar)
Foto de Hugo Machado

A generalidade dos que estamos nesta sala ou que de algum modo acompanham esta sessão solene da Assembleia Municipal identifica-se com Tomar. Por aqui nascemos, por aqui crescemos, por aqui vivemos… as nossas origens, as nossas raízes, a nossa vida passa por Tomar… muitas das nossas memórias, dos nossos amigos, dos nossos familiares estão ligados a Tomar… quando nos apresentamos aqui ou acolá, quando fornecemos dados sobre nós próprios, a referência a Tomar faz parte da nossa matriz de identificação!

Quantos andámos por aqui ou por acolá no mundo, fruto da evolução das nossas vidas, e no fundo do nosso ser, a identificação com Tomar não passou! Quantos regressámos, quantos queremos regressar, quantos estando fora procuramos manter a ligação a Tomar, quantos nos sentimos bem por cá?!... Talvez não o saibamos bem explicar, talvez “apesar disto e daquilo”, mas Tomar “bate fundo” dentro de nós, está ligado às profundezas do nosso ser!... Por Tomar “damos o litro”, por Tomar aqui estamos!

A identificação com Tomar, o valor que Tomar tem, passa por um conjunto de referências que se consubstanciam em palavras-chave como (por ordem alfabética): Açude de Pedra, Agroal, Além da Ribeira, Algarvias, Alviobeira, Alvito, Assamassa, Asseiceira, Avessadas, Beselga, Bexiga, Boca da Mata, Calçadas, Carrascal, Carrazede, Carregueiros, Carril, Carvalheiros, Carvalhos de Figueiredo, Casais, Casal do Alecrim, Casal dos Aromas, Casal da Estrada, Castelo, Castelo do Bode, Cem Soldos, Ceras, Charola, Cidade-Jardim, Coito, Congresso da Sopa, Convento de Cristo, Corredoura, Curvaceiras, Estaus, Falagueiro, Fatias de Tomar, Festa dos Tabuleiros, Foz do Rio, Grou, Gualdim Pais, Ilha do Lombo, Infante Dom Henrique, Instituto Politécnico de Tomar, Jácome Ratton, Janela do Capítulo, Junceira, Lapas, Levada, Linhaceira, Madalena, Marianaia, Marmelais, Mata dos Sete Montes, Matrena, Mendes Godinho, Mercado, Minjoelho, Milheira, Mouchão, Murteira, Nabantina, Nabão, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade, Nuno Álvares, Olalhas, Olas, Ordem de Cristo, Paialvo, Palaceiros, Palhavã, Pedreira, Pegões, Peralva, Porto Cavaleiros, Póvoa, Praça da República, Prado, Regimento de Infantaria de Tomar, RI15, Roda do Mouchão, Sabacheira, Santa Catarina, Santa Cita, Santa Iria, Santa Maria dos Olivais, Santa Marta, São Francisco, São Gregório, São João Batista, São Lourenço, São Miguel, São Pedro, Serra, Sobreirinho, Sinagoga, Sporting de Tomar, Templários, Torre, União de Tomar, Vale da Lage, Vale Florido, Vale de Lobos, Vale dos Ovos, Várzea Grande, Várzea Pequena, Venda da Gaita, Venda Nova, Zêzere… e muitas mais que ajudam a completar a nossa identidade com Tomar.

Todas estas palavras-chave ligadas a Tomar nos trazem memórias, da nossa própria história ou da história dos que nos antecederam, de um património material e imaterial riquíssimo, cultural, natural, histórico, social, que trespassa do passado para o futuro, neste presente de que somos obreiros, com projetos e sonhos que ousam o amanhã, de solidariedade, de desenvolvimento económico, de equilíbrio ambiental, de sustentabilidade, fazendo uso do conhecimento e da sabedoria.

Esta é a nossa responsabilidade, enquanto cidadãos investidos de poder público, eleitos pelo Povo, nomeados ou simplesmente porque tal faz parte da nossa profissão, de todos se espera que saibamos gerir e promover o “bem comum”, evidentemente com uma perspetiva global, contudo não deixando de ter em conta a nossa matriz identitária, atuando com transparência, prestando contas, afastados de interesses pessoais ou particulares, potenciando iniciativas privadas ou públicas que tragam razões para se continuar a gostar de Tomar, a querer viver, trabalhar, visitar Tomar!
Enfim, que honremos Tomar!


Hugo Costa (PS)
Foto de Nuno Ferreira

Hoje comemoramos mais um 1 de Março 1160 data da fundação do Castelo de Tomar pelo Mestre D. Gualdim Pais, o mesmo que em 1190 venceu o cerco nesta cidade pelas forças do Califado Almóada. Esta origem templária numa ordem que teve como último grão mestre Jacques de Molay perseguido e morto pelo rei de França Filipe o Belo deve ser um orgulho para Tomar. Os Templários deram depois origem em Portugal à Ordem de Cristo, que muito contribuíram para o futuro e História de Portugal dando novos mundos ao mundo.
Tomar cidade templária é a nossa marca. Tomar uma terra das luzes e do conhecimento, respeitando a ancestralidade dos construtores de templos que escolheram Tomar para a sua sede templária. De Gualdim Pais a Lopo Dias de Sousa somos nós os seus herdeiros e guardiões do templo.
A História é a ciência que estuda o Homem no seu tempo e espaço, dessa forma é fundamental para compreender o presente e o futuro do nosso concelho. Este é o tempo presente, e por isso saúdo que pelo quarto ano consecutivo tenha sido possível celebrar esta data, assim como o 25 de Abril com a dignidade que merecem, espero que no futuro não nos esqueçamos de celebrar o passado e o presente.
Este é o tempo de homenagem aos homens e mulheres que construíram a nossa grande festa. A festa dos tabuleiros. Foram milhares os que trabalharam ao longo dos anos na festa e em cada uma das freguesias do concelho, mas como não pudemos homenagear todos que se homenageei em seu nome, os mordomos da festa maior, a festa do Espirito Santo. A festa dos tabuleiros merce ser classificada património mundial imaterial pela UNESCO, algo que deve ser trabalhado e unanimemente considerado como objetivo de todas as forças vivas do concelho. O prémio que recebeu este ano é fruto do trabalho e do empenho de todos os tomarenses, e a todos sem exceção deve orgulhar.
Tomar é um concelho do conhecimento e da inovação, respeitando a velha tradição templária como é demonstrativo o trabalho dos dois agrupamentos de escolas e do Instituto Politécnico de Tomar. Mas não devemos estar satisfeitos devemos ter capacidade de inovar e responder a todos os desafios como é também a formação profissional e a escola profissional. Tomar deve atrair os melhores, mas dar espaço a todos no seu processo de aprendizagem como seres humanos e cidadãos.
Tomar é um concelho que junta a diversidade e a realidade das localidades das 11 freguesias que o compõem. Do Vale Meão aos Soudos, da Roda Grande aos Montes, do Alqueidão à Carregueira ou das duas Vilas novas do concelho. Esta multiplicidade só pode ser encarada como uma mais-valia. Um concelho de forte tradição militar, banhado por dois rios, com o atravessamento de duas linhas ferroviárias e várias estradas importantes, e até uma base área só pode ser um concelho especial. Um concelho que soube também festejar e bem os forais dos seus antigos concelhos de Asseiceira e Paialvo.

Mas também olhemos para os problemas, o acesso aos cuidados de saúde é historicamente um dos mais sensíveis no nosso concelho, no último ano foi possível a reabertura do internamento em Medicina Interna no nosso Hospital. É uma boa notícia? É certamente, mas continuamos a querer mais do nosso serviço nacional de saúde, onde todos os cidadãos do nosso concelho tenham acesso a médico de família e às urgências que necessitam, independentemente da sua origem e extrato social.

Tomar é uma cidade de turismo por excelência. Nas nossas ruas assistimos com gosto a ver cada vez mais turistas. É importante por isso salvaguardamos o nosso património, como é o caso das intervenções na Sinagoga ou no Aqueduto dos Pegões, onde sublinhe-se a atitude proactiva da Câmara Municipal foi aplaudida pelo ministério da cultura. Mas também o turismo natureza é estratégico para Tomar. A ligação ao nosso ex-libiris Convento de Cristo é uma necessidade e uma aposta de todos.
O Rio Nabão e o Rio Zêzere dotam o concelho de diversos pontos de interesse e que nos dão vantagens comparativas com outros concelhos. Saibamos nós aproveitar a nossa riqueza ambiental. Mas os recursos naturais também nos dão uma imensa mancha floresta que deve ser economicamente e ambientalmente sustentáveis. Os fogos de Verão são uma calamidade, mas aproveito para cumprimentar os soldados da paz do nosso concelho na pessoa do senhor comandante Carlos Gonçalves pelo trabalho desenvolvido para salvar vidas e bens.
Os caminhos de Santiago parte integrante do eixo estratégico do turismo nacional, através do turismo religioso são oportunidade para Tomar, assim como a proximidade geográfica com Fátima pode e deve ser aproveitada em ano de centenário das aparições, e com o mundo em cima da visita do Papa Francisco.
Tomar é também um concelho de desporto e onde sugiram grandes atletas. Os olímpicos como os anteriormente homenageados, os campeões de múltiplas modalidades do futebol ao hóquei, da ginástica ao judo, do badminton à patinagem, do ténis de mesa à da natação ou do atletismo ao halterofilismo, como é demonstrativo de um dos homenageados de hoje, entre tantos outros desportos, e até um dos heróis dos magriços de 1966 em Inglaterra que hoje homenageamos. Só a Inglaterra nos bateu nesse mundial, onde entre outras equipas deixamos para trás o Brasil de Pelé e Garrinha dois dos melhores jogadores de sempre, e a URSS de Yanshin o melhor Guarda Redes de todos os tempos. Tomar também aí esteve representado. O ecletismo é sinónimo de desporto em Tomar, desporto que deve ser para todos e para formar jovens, independentemente da sua origem social.
Mas Tomar também é sinónimo de desenvolvimento económico. A captação de empresas e de investimentos é um dos maiores desafios de uma autarquia do interior do país. É preciso saber reinventar e procurar oportunidades. Só essa aposta pode permitir em conjunto com o turismo, a criação de emprego, vital para o futuro do concelho. As pessoas só se fixam com emprego, e o desafio demográfico é o maior desafio da nossa região.
Tomar também tem der ser um concelho de solidariedade social. Um concelho inclusivo e para todos. Enquanto tomarenses como todos nós, não tiverem habitação, ou condições básicas de sobrevivência a nossa missão enquanto comunidade está incompleta. Muito tem sido feito nesta matéria, como demonstra o reconhecimento pela primeira vez como autarquia familiarmente responsável. Mas o social deve continuar a ser uma prioridade.
Este é o tempo do futuro. O tempo de Tomar. Viva Tomar.

Isabel Boavida (PSD) 
Foto de Hugo Machado
Comemora-se hoje mais um aniversário da fundação de Tomar.
É, pois, a data própria, para que percebamos a importância que esta cidade teve, ao longo dos séculos da nossa nacionalidade.
A fundação de Tomar está associada à data que aparece inscrita na placa existente na Torre de Menagem do Castelo, como 1 de Março de 1160, data em que terá sido colocada a 1ª pedra da sua construção.
Sendo primeiramente um feudo atribuído pelo rei à riquíssima Ordem dos Templários, Tomar veio a receber Carta de Foral em 1162, pelo Grão-Mestre desta Ordem, D. Gualdim Pais, estabelecendo aqui a sede da Ordem dos Templários em Portugal.
Surge, assim, a sua génese, como município, factor determinante para assegurar a fixação da comunidade e fonte de concessão de liberdades e privilégios aos seus habitantes.
No século XIV, e, na sequência da decisão Papal de abolição da Ordem dos Templários em toda a Europa, pelos motivos que sabemos da História, Tomar passa a ser a sede da nova ordem, que entretanto se cria, a Ordem de Cristo, para a qual foram transferidas todas as riquezas, domínios e possessões da extinta Ordem dos Templários.
E Tomar continuou a ser um importante centro religioso e de negócios, com o posterior impulso do infante D. Henrique, Governador (leigo) da Ordem, que renovou Tomar, nomeadamente, através do desvio do curso do rio Nabão, permitindo a drenagem de pântanos, a prevenção de cheias e o aumento das áreas cultiváveis.
Com a expulsão dos judeus de Espanha, no século XV, vieram para Tomar muitos artesãos e mercadores (até pela sinagoga que aqui já existia), conferindo à cidade uma importância crescente, consolidada no reinado de D. Manuel I.
Finalmente, Tomar cresce também na sua dimensão industrial, no século XVIII, com a criação da Real Fábrica, pelo Marquês de Pombal e outra Fábrica da Fiação, por Jácome Ratton, seguindo-se fábricas de papel, de sabões, metalúrgicas e outras.

***
Pela breve resenha que acabamos de percorrer (Tomar e o seu Concelho mereceriam muito mais…) podemos aperceber-nos da sua importância histórica, ao longo do percurso da própria História de Portugal.
Tomar, foi ganhando sucessivo protagonismo, pela sua centralidade, pelas zonas férteis ao longo das margens do rio Nabão (condição apelativa para o chamamento de gentes), pelas potencialidades proporcionadas pelo rio ao desenvolvimento da indústria, e, acumulando, simultaneamente, uma vasta riqueza patrimonial e cultural.
Por isso, a nossa cidade e o Concelho continuam a reunir todas as condições que lhes permitam sair da situação em que se encontram, manifestamente ultrapassados na questão do desenvolvimento, pelos concelhos vizinhos, que sempre nos viram como um rival, numa competição salutar, de que me lembro desde os tempos de infância.

Tomar pode reinventar a sua história e deve focar-se no futuro, naquelas vertentes que lhe deram a sua glória: - apostar na fixação de pessoas, sobretudo jovens, tirando partido da referida centralidade e das potencialidades ambientais, de lazer e desporto, que nos dá o rio;
Deve fazer regressar todo um complexo industrial, como aquele do século XVIII, então adaptado às margens do rio e tirando partido dele, obviamente com as evoluções dos tempos modernos;
E deve saber tirar partido da sua riqueza patrimonial, que partindo do complexo em torno do Convento de Cristo, surge distribuída um pouco por todo o Concelho.
Criar e potenciar actividades em torno dos nossos monumentos, com experiências inovadoras, serve de divulgação do nosso património e serve de atractivo para o aumento da população residente.
Não podemos permitir que Tomar continue afunilada numa rota de declínio, perdendo sucessivamente protagonismo e interesse, ao ponto de ser notícia por questões umas caricatas, outras persecutórias, lembrando profusamente os tempos de outro regime, em que era vedada a liberdade de ideias, de expressão e de actuação.
Todas as pessoas têm o seu valor, sejam quais forem os seus ideais;
E, estudamos na Ciência Política (quem a estudou, claro...), que o conceito de democracia é a abrangência e o respeito pelos valores e pelas ideias dos outros.
Se Tomar, no futuro, souber respeitar estes princípios, será um bom começo para fazer reverter a sua situação.

Tomar tem de ser grande: - grande na elevação de carácter e grande na actuação:
“ Respeita, para seres respeitado”: - é um princípio basilar da educação de todos nós, mas é ainda mais crucial e importante para quem governa a causa pública e governa os outros e para os outros.

Por isso, independentemente da área que se escolha, para relançar o futuro do Concelho, teremos de mudar carácteres e consciências, senão continuaremos sempre a ser pequenos…

Esperamos sinceramente que nos espere um futuro bom!
E esperamos também sinceramente que não se promova nesse futuro, a mera gestão do dia-a-dia, de coisas pequenas, pautadas pela distribuição de benesses e satisfação de interesses.
E, se assim for…
Tomar, que foi sede da Ordem dos Templários, a mais rica e poderosa ordem religiosa da história da Humanidade, que financiou a epopeia dos Descobrimentos,
Tomar, que foi centro de negócios, de religião e da realização de cortes régias,
TOMAR, poderá, então, começar a ressurgir com o esplendor de outrora.

VAMOS, POIS, ACREDITAR QUE ASSIM SERÁ!


Anabela Freitas (presidente da câmara de Tomar)
Foto de Nuno Ferreira

Comemoramos hoje os 857 anos do inicio da construção por D. Gualdim Pais, do nosso e do mundo, Castelo Templário, enquanto parte integrante de uma linha de defesa, a denominada linha do tejo.

Posteriormente, já no séc. XV, Tomar esteve intimamente ligada aos descobrimentos, através do Infante D. Henrique, que vivendo em Tomar enquanto administrador da Ordem de Cristo, administrou os bens da Ordem para financiar a epopeia marítima dos descobrimentos.
De realçar que foi precisamente nos séc. XIV e XV que a comunidade judaica tomarense atingiu o maior numero de membros, contribuindo indiscutivelmente para o desenvolvimento de Tomar.

Num passado mais recente, já no séc. XIX, Tomar viu despontar o seu primeiro fotografo – António Silva Magalhães, que nos deixou a todos nós tomarenses, um legado inestimável.
Surgiu também a imprensa escrita com o Semanário “A Emancipação”, dirigido por uma mulher – Angelina Vidal e cinco anos depois foi criada a Escola de Desenho Industrial, que perdura até aos dias de hoje como Escola Secundária Jacome Ratton;

No inicio do sec. XX tivemos pela primeira vez luz elétrica publica, produzida pela Central Elétrica de Tomar;
Surge o caminho de ferro, dando assim um contributo decisivo para o desenvolvimento económico de Tomar;
Tivemos no Cine Teatro Nabantino as primeiras sessões de cinema, que 22 anos depois deu origem à casa onde hoje nos encontramos – o Cine Teatro Paraíso, onde passaram a existir sessões de cinema gratuitas para crianças (e que ainda hoje se mantêm), daí que a homenagem que hoje iremos prestar a Jaime de Magalhães Marques e Oliveira é mais do que justa e merecida.
É ou não um orgulho ser tomarense?

Mas mais, a atividade cultural não se cinge apenas ao cinema, passa também pela pintura, com a pintora naturalista Maria de Lourdes de Mello e Castro e pela musica com Fernando Lopes Graça, enquanto referência incontornável da musica e cultura contemporâneas.
No inicio da segunda metade do séc. XX, João dos Santos Simões renovou a Festa dos Tabuleiros, tradição que se tem mantido até aos dias de hoje, pelas ações de todos os tomarenses e a quem hoje prestaremos homenagem ao atribuir a todos os mordomos a medalha de honra do município, grau ouro.

Pergunto mais uma vez, é ou não um orgulho ser tomarense?
Para mim é!

Minhas senhoras e meus senhores
Falei-vos em breves pinceladas, dos últimos 857 anos da nossa historia, mas a ocupação por humanos, do território que hoje é Tomar é bastante mais antiga, encontrando-se ainda hoje vestígios dessa mesma ocupação.
Temos pois, a obrigação e o dever de honrar o nosso passado.
Temos o dever de continuar com uma cultura para todos, temos o dever de proporcionar desporto para todos, temos a obrigação de criar habitação para todos, temos a obrigação de proporcionar educação a todas as nossas crianças e jovens, não se esqueçam que em Tomar temos todos os graus de ensino, desde o pré-escolar até ao superior, passando pelo profissional, temos a obrigação de proteger os mais desprotegidos.
Mas temos sobretudo o dever e obrigação de a partir da nossa herança Templária, do nosso legado judaico, aproveitando as autoestradas do conhecimento, levar Tomar aquém e alem fronteiras, criando assim oportunidades de fixação e criação de emprego.

Minhas senhoras e meus senhores

O ano passado terminei o meu discurso, lançando um desafio a todos os tomarenses, parafraseando John Kennedy: “O que é que cada um de vós tomarenses está disponível para dar a Tomar”
O desafio mantem-se atual, porque daqui a 857 anos, quando os nossos sucessores estiverem a olhar, a analisar o seu passado, como é que cada um de nós, de vós quer ser recordado?
Com o orgulho que todos sentimos há 857 anos em sermos tomarenses ou como alguém que não honrou o seu passado, a sua historia e se perdeu em batalhas insignificantes, guerras de alecrim e manjerona?
Porque caras e caros tomarenses, para a história só ficam os grandes feitos!

Por isso vos desafio: o que é que cada um de nós está disponível para contribuir para a história do nosso concelho e do nosso país?

Viva Tomar
Viva Portugal

5 comentários:

  1. Eu sei que não ando lá muito bem.
    Vejam lá que me deu para ler estes discursos! No fundo, a minha preocupação é a de tenter vislumbrar no explícito e nas entrelinhas das falas dos políticos, sejam de que lado forem, um laivozinho de rumo, uma ponta de ideia ou de pensamento do que há-de ser esta terá.
    Comprovei aquilo que já sabia: eles (e ela também) debitam o que acham srem “belas palavras” (mas são só eles que acham), mas não sabem do que falam (mesmo que queiram mostrar sapiência social e histórica), nem falam do que sabem.
    Aquilo é mesmo deprimente.
    Uns a falar para os outros e os outros a falar para os uns. O resto uma sala vazia. Que o povo, as pessoas, como agora se diz, têm mais que fazer que aturar aquela seca.
    Fica aqui uma ideia: porque não criar também um feriado da freguesia? Assim, teríamos os nacionais, os religiosos, os municipais e os das freguesias. Não os criar é pactuar com uma descriminação. Não sei mesmo se não haverá por aí alguma inconstitucionalidade.
    Os das aldeias ficarão para depois.

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  2. Ter paciência para ler isto tudo é obra. Mas sem sombra de dúvidas que o discurso da Isabel Boavida (PSD) foi o melhor.

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  3. O melhor como?
    Em quê?
    É isto o máximo que vocês conseguem opinar?

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  4. Só ler o discurso não chega para opinar - era preciso assistir à leitura, porque a forma como os oradores o fizeram, entoaram, se comportaram durante os discursos, também faz parte da mensagem que quiseram passar. Tendo assistido proponho a seguinte classificação o mais isenta possível: 1º. Luís Ferreira; 2º. Anabela Freitas; 3º. PS; 4º. CDU; 5º. PSD; 6º. BE.

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  5. Realmente uma opinião isenta. E uma classificação isentíssima. Basta ser anónima para todos os leitores ficarem convencidos...que o classificador pode muito bem ser igualmente um dos classificados. Coisas à moda da aldeia tomarense.
    Pobre terra! Pobre gente!

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