segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O funcionário

Opinião

Era uma vez um funcionário público que passava os dias a dizer mal dos funcionários públicos.
Isso até poderia ser algo positivo se resultasse de algum tipo de preocupação cívica ou atitude autocrítica.

Mas não! O funcionário apenas se limitava a criticar, se não mesmo a vilipendiar, os outros funcionários públicos. Quiçá fruto dos seus longos anos de prestação de serviço público, ter-lhe-á restado em mente essa ideia de vazio da função, parasitismo social e económico, falta de seriedade e outras tropelias praticadas por parte desses seres que considera abjetos e que vivem à custa dos impostos de todos nós.
E pensando bem, olhando para o exemplo deste afortunado funcionário, todos aqueles que como eu têm efetivamente que trabalhar para por pão na mesa, interrogamo-nos sobre o mundo desigual em que vivemos.
Porque não há de estar esse funcionário, às seis e meia da manhã, no mercado municipal, a vender os produtos da horta de amanhou nos dias anteriores? Não precisa? A reforma de funcionário dá-lhe para ficar em casa aquecida até altas horas da noite a escrever patetices sobre os seus restantes colegas funcionários públicos?
Se não fosse demasiado rude, seria caso para dizer: Vai trabalhar malandro!
Olha-se para este funcionário e vê-se logo que nunca "vergou a mola". Percebe-se imediatamente que se desenrascou ao longo da vida à custa da prosápia. Enfim, um gajo esperto que se safou sem muito esforço e a quem parece ter agora dado o remorso. Mas um estranho remorso pois ao invés de invocar o seu calaceiro percurso de funcionário prefere lançar o anátema sobre aqueles que ainda se encontram em funções. Infelizmente acontece que alguns desses espertos funcionários públicos que se retiraram antes de tempo, com interessantes reformas e sem nada para fazer, invariavelmente acabam com o miolo mole... Triste de se ver!
Até podem ler, teclar um computador, caminhar, tagarelar, viajar, mas quanto ao miolo? O miolo continua mole!...
Isto se houvesse justiça, era por uma enxada nas mãos deste funcionareco e de todos aqueles em quem gosta de zurzir.
Por mim, só devia ter direito a botar faladura pessoal que trabalha! Ponto final!
É que não há mesmo paciência para cromos como este.
                                                                 Leonardo de Capricho

6 comentários:

  1. Tem toda a razão Leonardo. O gajo foi um péssimo trabalhador, apanhou o tempo em que estava numa sala meis dúzia de horas por semana, "progrediu" na carreirinha sem esforço, não deixou memória a ninguém e coitado é um frustrado porque sempre quis ter protagonismo público mas não passa de um ilustre desconhecido.

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    1. Uns querem ter protagonismo, outros dizem asneiras sem sequer dar a cara...

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  2. Ora aqui está o exemplo acabado daquilo que é Tomar: um pântano de invejosos. Quanto aos funcionários públicos, todos dizem mal deles, mas são eles que vos educam os filhos (mesmo quando o dinheiro acaba e têm de os tirar dos colégios privados), vos tratam das maleitas (mesmo quando o plafond do seguro de saúde finda), vos garantem a segurança e vos tratam de uma multiplicidade de assuntos. Além disso, ainda descontam sobre aquilo que recebem e não sobre aquilo que aparentemente recebem e até são os únicos que descontam para a saúde neste país, mas depois quando vão a uma unidade de saúde pública também são dos poucos que pagam taxas moderadoras. Claro que há funcionários e funcionários. Quanto ao miolo mole, era bom que todos os tomarenses tivessem o miolo mole como o destinatário da missiva, assim já há muito tempo se tinha saído do pântano. O que certamente não se conseguirá com novelas mexicanas de terceira categoria, nem com rondas a adegas e porcos no espeto, nem tão pouco com sondagens-fantasma ou analogias mal conseguidas da geringonça central.
    Muito mais haveria para dizer. Fica para outra oportunidade.

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    1. Subscrevo e acrescento que ainda são "precisamente" os funcionários públicos nesta cidade que compram no comércio local e os quais sobrevivem por isso mesmo.

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  3. Mais um que fugiu da sua terra. Agora que está livre porque se aposentou da "sala" ainda queria mais uns trocos para gerir o concelho... Bem basta a negra e recente memória da má gestão de gente de foram, que conseguiram descaracterizar toda a nossa linda cidade...

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  4. Nos dias de hoje os cidadãos são como os azulejos... Os funcionários públicos são os cidadãos de primeira e depois há os de segunda q têm de trabalhar no privado e fazer pela vida.

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