domingo, 11 de setembro de 2016

Há noites assim...

Fotos de Carlos Piedade Silva
Há noites assim... Praça de Touros do Campo Pequeno cheia, um cartel de figuras, e toiros com pouco "sal".

Na passada Quinta-feira realizou-se mais uma corrida do abono lisboeta, que se apresentava como uma corrida de Competição Ibérica onde actuavam João Moura, Pablo Hermoso de Mendoza e João Moura Jr , os grupos de forcados amadores de Tomar, Aposento da Chamusca e Portalegre frente a seis imponentes toiros da ganadaria de Francisco Romão Tenório.
Noite inglória teve a formação que se deslocou desde o concelho de Tomar. No primeiro da noite, João Serra não teve uma reunião perfeita e viu-se "afundado" na arena, saindo lesionado. Dobrou Luís Campino numa pega efectuada ao segundo intento, onde ficou demonstrada a falta de força de mãos do seu oponente. No que diz respeito à pega do quarto toiro da noite saiu para a cara o forcado João Oliveira que consumou apenas à quinta tentativa. Se na primeira o forcado da cara tem culpas no cartório, visto que após o touro ter ensarilhado falhou na reunião, nas restantes quatro faltou, efetivamente, coesão do grupo. O forcado da cara a fechar-se bem e o grupo a abrir, possibilitando ao seu oponente que com os seus derrotes sacudisse o forcado. Consumou à 5ª numa pega dura onde ficou demonstrada a raça de João Oliveira que se agarrou com "unhas e dentes" mesmo quando o touro voltou a fugir a todo o grupo.
Quanto ao grupo do Aposento da Chamusca pegaram Francisco Montoya à 1ª e Francisco Andrade à 2ª, após uma tentativa em que faltou grupo. Do grupo que viajou desde Portalegre pegaram Ricardo Almeida, naquela que foi a pega da noite, ao primeiro intento e António Cary na sua segunda tentativa.
Na parte equestre, João Moura teve do melhor e do pior daquilo que se viu em Lisboa. No que abriu hostilidades foi um autêntico maestro. Lide completa com uma brega cuidada, abordagens rectas e frontais concluindo com cravagem certeira. No seu segundo teve lide muito discreta, com passagens em falso e irregularidades na cravagem. Quis prolongar demasiado a sua passagem por Lisboa tendo contrariado por algumas vezes as ordens do director de corrida. No fim, não lhe foi concedida volta (inicialmente), tendo após alguns apupos o 'inteligente' corrigido a sua decisão, sob opiniões diversas dos espetadores.
Pablo Hermoso de Mendoza teve na capital portuguesa uma passagem discreta, mas limpa, frente a dois toiros muito reservados e que pouco transmitiram. No seu primeiro, com o cavalo 'Berlín' deixou bons ferros curtos ao pitón contrário com a sua classe e mestria habitual, não se podendo exibir muito com os seus habituais ladeios visto que o oponente não correspondia. No 5º da noite, esteve ligeiramente melhor destacando-se o 3ºferro curto da sua actuação com o 'Disparate'. O rejoneador espanhol encobriu a falta de toiros com as "hermesinas" e os seus habituais recortes, que resultam por mérito das suas montadas.
Completava a terna João Moura Jr, que foi aquele que teve mais impacto nas bancadas. Recebeu bem os seus oponentes, cravou concedendo todas as vantagens em ferros de 'poder a poder'. Boa prestação do ginete de Monforte em Lisboa.
No que ao curro de toiros enviado diz respeito, de encaste Murube, faltou raça e transmissão, tendo sido escassos os momentos de emoção, que quem paga o seu bilhete quer ver. Destaque para o último da noite, que foi um animal muito nobre e que acudiu ao ginete que a ele se opôs.
Dirigiu a corrida com alguma falta de critério o Sr. Manuel Gama, assessorado pelo Dr. Jorge Moreira da Silva e o cornetim José Henriques.
                                                             Rodrigo Viana

Fotos de Carlos Piedade Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário