O livro de H. G. Wells, "The invisible man", lançado em 1897, acabou tornando-se viral, melhor dizendo, famoso, através das diversas séries televisivas - "O homem invisível" - que prendeu milhões de espetadores ao longo de décadas, desde os pequenos ecrãs de TV em 1958 até aos enormes plasmas dos nossos dias. O cinema também não podia deixar de ser palco de variadíssimos filmes baseados na invisibilidade do seu principal ator.
O protagonista desta história original era um cientista que no meio do seus trabalhos de investigação experimental em óptica tropeçou no modo de modificar o índice de refração do seu corpo de modo a que o mesmo deixasse de ser visível. E assim, inadvertidamente ficou invisível, necessitando, para ser visto, de usar ligaduras a revestir o rosto, óculos escuros e luvas, obviamente para além da roupa que habitualmente se veste. Despojando-se destas vestes ficava completamente invisível aos olhos dos demais.
Curiosamente, o personagem desta minha crónica carateriza-se pela propriedade oposta...
Como assim? Passo a explicar.
O nosso homem veste-se com um nível de preocupação superior, atenção aos pormenores, adereços a condizer, pendant de cores, matizes, tecidos, enfim, parece que a Corredoura foi transformada numa passerelle, numa Galleria Vittorio Emanuele II em Milano...
E tudo isto para quê? Simplesmente para não ser visto...
Quanto mais este homem se veste, menos é visto... É uma espécie de homem invisível ao contrário. Quando está vestido não se vê... Estranho, não é?
Se algum dia este galã, disfarçado de ator político, quiser ser visto, quiser verdadeiramente aparecer, não lhe resta alternativa que não seja:
Despir-se! E chegados aí, cá estaremos para ver o seu peso político...
Roberta Ferreiro
*O homem invisível
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