Comunista ma non troppo!

Opinião

Bruno Graça (na foto) é o pilar da coligação CDU/PS que governa a Câmara.
Um autêntico rochedo que não se move mesmo quando sujeito a ondas de choque sucessivas desse maremoto batizado Luís Ferreira. A relação destes dois podia ser sintetizada assim, um, empedernido, o outro, fluido, ondulante, evaporável... Decididamente não colam e daí o interesse em perceber os termos do Pacto Molotov-Ribbentrop que se preparam para subescrever (ou já terão subescrito?).
Bruno Graça é um político tão resiliente que o poderíamos comparar a um possante urso, bem alimentado, num final de verão, bem apetrechado para as agruras dum qualquer inverno rigoroso que lhe possa surgir. E atenção que não estou a chamar urso ao homem. Muito pelo contrário, como adiante perceberão, os "ursos" somos nós...
Esta natureza rude, peculiar naqueles comunistas antigos, impõe mais medo que respeito. E Bruno Graça cultiva isso mesmo. O medo serve-lhe tão bem quanto o respeito. Não parece importar-se com a colagem àquela ideia de que "os comunistas comem criancinhas ao pequeno-almoço", evidentemente se calhar nunca o ter feito. A sua figura austera, despojada a roçar o exagero, comporia bem um qualquer lugar vago no Politburo de Staline. Mas apesar da falta dum carácter vivaz, tal não esconde aquele seu olhar,... apreciativo, "pelo canto do olho", daquilo que de belo este nosso mundo nos presenteia. E é bom que assim seja pois, ao de leve, mostra a sua escondida natureza humana, pois até nos tempos do antigo Kremlin havia quem bebesse whisky às escondidas.
Mas e o que dizer sobre a atuação de Bruno Graça como vereador? Numa só palavra: positiva!
É pragmático e gere os pelouros focado nos objetivos. Pôs a doutrina comunista na gaveta, trata mal os trabalhadores (não tem mesmo jeito nenhum para as relações pessoais...), enfim, está ali para desenvolver trabalho e o resto são cantigas.
A coisa vai a tal ponto que face à dificuldade na gestão dos recursos humanos que tem ao seu dispor, é vê-lo a propor a contratação, por ajuste direto, de empresas privadas para tratarem da limpeza urbana. Será possível? É ou não é de ficarmos com cara de urso? ...
Não é fantástico vermos um comunista chegar ao mundo real, deixar-se de demagogias e fazer aquilo que durante anos andou a criticar? E que dizer dos sindicatos da administração local a fingirem que não é nada com eles pois trata-se da "gestão" feita por um camarada? Nos dias que correm sob a gestão CDU/PS é ver empresas privadas na vigilância dos parques de estacionamento, empresas privadas na condução dos TUT, empresas privadas na limpeza dos equipamentos desportivos, empresas privadas no apoio jurídico. Tudo aquilo que a CDU, durante anos, votou contra e, já agora, o PS Luís Ferreira também.
Será isto uma incongruência? Não!
No caso de Bruno Graça, desde sempre se soube que este era comunista, ma non troppo!
                                                                   José da Silva