Há quem nos queira fazer crer que Anabela Freitas é uma pessoa razoável, sensata, simples, simpática, numa expressão popular: Anabela Freitas é uma pessoa boa.
Por outro lado, qualquer má decisão, desvio de comportamento, prepotência, erro, hipocrisia, cinismo que esta possa ter, é logo imputada a responsabilidade a outra pessoa. As falhas de Anabela só acontecem pela influência perniciosa de uma pessoa má. Como se esta não tivesse vontade própria, coitadinha...
A farsa em curso é a seguinte:
Anabela Freitas é uma pessoa boa e só falha pela má influência de Luís Ferreira!
Interessante, não é? E o jeito que isto dá à atual autarca.
Só que a verdade não é esta. Aquilo em que astuciosamente pretendem que acreditemos é que o Doutor Henry Jekyll é uma pessoa diferente do Senhor Edward Hyde. Para não obrigar os caros leitores consultarem a famosa obra de terror do autor escocês Robert Louis Stevenson, simplificadamente aqui direi que esses dois personagens eram uma única pessoa. O Dr. Jekyll, médico conceituado e discreto enquanto o Sr. Hyde um malvado facínora, sendo que este último mais não era do que uma transformação do Dr. Jekyll através da ingestão duma poção por este preparada...
Por vezes, o Dr. Jekyll atormentado pelo terror provocado pelo seu outro eu não o fazia emergir... coisa de pouca dura pois o prazer de ser o Sr. Hyde rapidamente se sobrepunha aos remorsos causados pelos danos que este infligia.
Vale a pena reler esta história 130 anos após a sua primeira edição pois constitui uma metáfora para os nossos dias.
José da Silva
*Ou, "As duas faces da mesma moeda"...
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