Tomar: novo 'el dorado' hoteleiro?

Opinião

A recente inauguração de mais uma unidade hoteleira desencadeou a já habitual vaga de comentários desencontrados. Quase todos aplaudindo, um ou outro discordando. Infelizmente, nota-se que regra geral os "aplaudidores" batem palmas sem todavia compreenderem a situação envolvente. Convém por isso tentar pôr os pontos nos is e as cedilhas nos cês.
Além do novo hotel da Rua de Santa Iria, estão previstos em Tomar mais 4 ou 5 unidades de alojamento: Um na Praça da República, já em obras, dois na Rua Silva Magalhães, também já em obras, um no cruzamento Nun'Álvares/Combatentes da Grande guerra e outro no Largo do Pelourinho.
Se bem percebi um dos comentários no Tomarnarede, a propósito do novo hotel, nenhum dos investidores terá julgado útil mandar fazer um adequado estudo prévio de mercado. Bastou a cada um o "desejo mimético" (se ele tem, eu também hei-de ter) e os tão fáceis fundos europeus. Os "especialistas do costume" fizeram o resto.
Para que os leitores deste blogue possam ter uma ideia do que está em causa, de acordo com o site de reservas Booking.com, há neste momento em Tomar 93 (leu bem: 93) unidades de alojamento hoteleiro. O que representa um total de 1285 quartos e portanto mais de duas mil camas.
Numa rápida indagação via net, para duas noites num quarto duplo, entre 10 e 12 de Setembro, apuraram-se estes preços:

Hotel dos Templários: 182 euros, com pequeno almoço incluído
Hotel Thomar boutique: 140 euros, sem pequeno almoço
Hotel Tomar Story: 116 euros, sem pequeno almoço
Hotel Kamanga: 110 euros, com pequeno almoço
Conde de Ferreira (Marchanta): 170 euros, sem pequeno almoço
Residencial Luanda: 85 euros, com pequeno almoço
Hotel União: 70 euros, com pequeno almoço.

Resumindo, temos em Tomar uma capacidade hoteleira anual de pelo menos 730.000 pernoitas (365 dias x 2.000 camas). Ignora-se qual seja a percentagem anual de ocupação hoteleira. Sabe-se contudo que quase todos os visitantes que recorrem à hotelaria nabantina visitam o Convento de Cristo, que recebeu em 2017 à roda de 400 mil visitantes, muitos deles nem sequer pernoitando em Tomar.
Perante tão evidente corrida ao eldorado, resta alertar os interessados enquanto é tempo, como forma de evitar futuros desastres hoteleiros, que não trarão benefícios a ninguém.
Pelo contrário.
                                             Templário viajante