quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Tomarenses sempre acomodados

Opinião
Foto de Sergio Godset Godinho
Quando por aqui escrevo que os tomarenses, meus conterrâneos, são em geral acomodados e adormecidos em termos políticos, muitos injuriam-me. Má língua e outros apodos bens piores. Chegam até a ofender a minha falecida mãe, que não teve culpa nenhuma de ter um filho assim.
Procurando tirar dúvidas nessa matéria, não fosse dar-se o caso de eu estar a ver mal, encontrei um longo comentário, que pode ler aqui, do qual retirei este excerto:

Protestos? Indignações? Xeliques? Nada. E mesmo quando as condições de um serviço público se degradam ao nível do insuportável – como sucede na ligação ferroviária entre Tomar e Lisboa –, o governo só foi capaz de anunciar medidas para reforçar o número de composições depois de uma chocante reportagem televisiva da TVI.

Mais palavras para quê? Até o fundador Gualdim continua impávido e sereno a olhar para a igreja de S. João, com o punho da espada a induzir em erro, quando se vê a estátua de perfil, a partir da porta por enquanto dos SMAS. É só uma ilusão óptica.
Se calhar estará o ilustre guerreiro a meditar porque raio terão resolvido representar a pé o mestre de uma ordem de cavalaria.
- Porque vai entregar ao povo o foral que tem na mão, dirão os mais sabidões. De costas para os Paços do Concelho? Só se  for entregar o dito documento aos tomarenses de primeira. Aqueles que vão à missa a S. João e não contestam o senhor vigário, na esperança de mais tarde virem a ter direito a velório e missa em Santa Maria dos Olivais.
                                                                  António Rebelo
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17 comentários:

  1. Outro verrinoso que escreve bem e debita umas graçolas. indivíduos que só olham obliquamente, incapazes de escrever sem ser a dizer mal.

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    1. Agradeço muito este seu comentário. Por um lado porque confirma aquilo que descrevo no texto.Quando ouvem verdades que incomodam, os tomarenses irritam-se.Acoitados no confortável anonimato, em vez de pensarem um bocadinho no estado a que já chegàmos como cidade e como concelho.
      Por outro lado, sou mesmo eu que olho obliquamente e só sei dizer mal? Ou você que que é nitidamente vesgo/a a interpretar aquilo que vê e/ou lê?

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  2. Uma pessoa não aguenta.
    Tanta sabedoria erudita; tanta metáfora inteligente, tanta graçola tão engraçada.
    Mesmo que uma pessoa quisesse, não podia ser. Não se podia ficar sob pena de ainda ser apelidado de tomarense acomodado e adormecido e, com isso, injuriar a criatura. Que não merece tal sorte.

    Quando dizem e escrevem estas coisas, estas excelências inteligentes e desacomodadas demarcam-se de um povo que, acham eles, não os merece.
    O que eles não sabem nem percebem é que:
    1 – o povo está mesmo é a ignorá-los, por mais que façam por aparecer e ser vistos, ou por mais prosa que debitem.
    2 – Quem não está a ver nada disto – tanto do povo de agora, como da história que acham que sabem – são eles mesmos.

    O exemplo que dá é mesmo bem exemplificativo. É que toda a gente sabe que foi a falta paciência e o burburinho, e a reivindicação e o “chamar a televisão” por parte dos utentes do comboio sobrelotado (onde naturalmente estavam muitos tomarenses que se quereriam acomodar e até mesmo adormecer um pouco), mas foi a acção dessa gente, dizia, que resolveu ou atenuou o problema. Pelo menos deu-lhe visibilidade. Não houve ali nenhum herói libertador das massas que se chegasse à frente. Nem nenhum escrevinhador iluminado ou militante irrequieto face a um povo adormecido.

    Depois o Sr. Rebelo, qual sábio bem humorado, glosa e brinca com a história e com a espada do fidalgo e mais as idas e as frequência na missa e nos velórios. Coisa esta que parece estar a tornar-se o único facto político que mobiliza os intelectuais de serviço.
    Ele fala no Gualdim, na espada e no foral. E mete, uma vez mais, tomarenses ao barulho. Mas aquilo é livros que ele leu, qual entusiasta de Harry Potter.
    É que, naquele tempo, espadas e forais haveria certamente. Mas tomarenses propriamente ditos, de Tomar mesmo, é que haveria certamente muito poucos, desculpe lá desapontá-lo. Pela razão muito simples de que ainda não havia Tomar que se visse.
    Paialvo e Asseiceira, como alguns saberão, ombreava com Tomar e surperaria mesmo em importância administrativa.
    Eu sei que o castelo e os templários estariam ali. Sim. Mas podiam estar noutro lado qualquer. Não estavam ali por estar ao pé de Tomar porque Tomar, com a importância e grandeza que muitos imaginam e tentam inventar, pura e simplesmente não existia.
    Seja o que for, não deixa de dar par fazer umas graçolas a dar par o erudito.
    Uma vez, lá em África, estava um branco a debitar umas coisas em cima de um palanque. Alguns – uns de lá e outros de cá – ouviam. Chega outro e pergunta:
    - O que é que disse?
    - Não disse nada: falou só.
    E é o que conclui de tão lúcida intervenção

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    1. Grato pelo seu comentário, um exemplo da miséria intelectual existente na minha amada terra. Se você desse a cara, teria todo o gosto em explicar-lhe com boas maneiras e detalhadamente porquê. Assim, abrigado no anonimato, faça-me o favor de ficar com a minha simples afirmação axiomática.
      O seu longo comentário, denota algum domínio da língua mãe, espalhando-se todavia ao comprido com escusadas reiterações, do tipo GRAÇOLA TÃO ENGRAÇADA, bem como um vocabulário nitidamente rebuscado só para ornamentar.
      Depois há também essa história local, comparando coisas anacrónicas e por isso sem comparação, como Paialvo, Asseiceira e Tomar no século XII.
      Finalmente, a sua conclusão é quase de analfabeto funcional, que consegue ler mas não entende o que lê. Pareceu-lhe então que eu só falei, não disse nada?! A ser assim, qual é a causa e qual o objectivo desta sua longa e acerada prosa visivelmente de circunstância?

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    2. Vejam lá e vejam bem! Respondi-lhe anteriormente esquecendo-me do essencial -a sua exclamação de abertura UMA PESSOA NÃO AGUENTA, mesmo sem o necessário ponto de admiração ou de exclamação. Essencial porque é uma situação já bem antiga. Com efeito, nos anos 50/60 do século passado ficaram célebres as intervenções de determinado comerciante que presidia a uma colectividade ainda hoje existente. Dizia ele que "HÁ PESSOAS QUE AUGUENTAM E OUTRAS QUE NÃO AUGUENTAM. A MINHA ESPOSA POR CASO AUGUENTA MAS É UM CASO PARTICULAR".
      Falava ele então, devo esclarecer, sobre o excesso do fumo de tabaco no salão da referida colectividade. E concluía logo de seguida que "O ... ... músico ilustre que toca aqui há mais de 30 anos..."
      Como pode ver a sua maleita, esse seu não aguentar, é coisa já antiga na nossa prendada terrinha que tão bons filhos tem albergado no seu seio. Seu dela, bem entendido.
      Por agora poupo-lhe a si e aos leitores o resto da usual intervenção do nosso honesto comerciante dirigente associativo. Mas se você insistir com as suas incongruidades, da próxima vez não se livrará do restante e de um tom um pouco mais agreste, conquanto sempre educado. Mesmo para anónimos.

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  3. Claro que os tomarenses são acomodados. Poucas cidades ou talvez nenhuma em Portugal tenha caído tanto como Tomar nos últimos 40 anos. Perdeu e perde em população, em indústria, em acessos rodoviários e em serviços públicos que se deslocalizam (mantém-se o politécnico apesar dos poucos novos alunos). Consequentemente perde comércio e comerciantes. Sucessivos autarcas assobiaram e assobiam para o ar. E perante isto, que é evidente, que preocupação cívica se nota? Nada, antes sinais de desconfiança face aos escritos de gente que se inquieta como A. Rebelo ou S. Martins. Talvez a explicação seja muitos insistirem em pensar que o futuro é Tomar explorar o seu relevante património edificado. Parece que ninguém entende que esse património resulta do poder económico de outrora e do aproveitamento da localização estratégica. Os tomarenses estão em contemplação.
    Quanto ao texto do Observador (jornal dito da direita chique) é mais um ataque disfarçado ao Estado e funcionários. Como uma sociedade organizada não pode prescindir dele, esta direita preguiçosa quer é fazer negócio com os serviços públicos e receber rendas em vez de fazer investimento industrial (em Tomar são bem vindos).

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  4. Subscrevo inteiramente o seu comentário, pedindo licença para acrescentar apenas dois complementos.
    Começo com a sua afirmação "o futuro é Tomar explorar o seu relevante património edificado..." Pode muito bem vir a ser esse um dos grandes objectivos de futuros executivos. Desde que tenham também em conta o património imaterial e acabem com a bizarra situação actual da água dos SMAS a preços demasiado elevados mas as festas (incluindo dos Tabuleiros) à borla. Há cidades onde acontece o oposto: água à borla mas festas e outras manifestações artísiticas com entradas pagas.
    O meu outro ponto é sobre a sua referência final à direita, aos serviços públicos e às rendas. Como decerto se recorda, nos primeiros anos da década de 80 do século passado, os então SMAE de Tomar foram forçados a entregar à EDP -empresa surgida das nacionalizações de 1975- a rede de distribuição e o exclusivo da venda de energia eléctrica no concelho de Tomar, situação que ainda hoje se mantém. Foram forçados a fazer essa cedência, não por qualquer lei, mas simplesmente para pagar a colossal dívida entretanto acumulada.
    Os SMAE perderam então o E de electricidade, vindo mais tarde a adquirir o S de saneamento e de sacar taxas aos consumidores cativos.
    O caricato da questão é que, com o decorrer dos anos, a EDP foi privatizada, porque a legislação europeia não permite os monopólios estatais, vindo a ser comprada pela CTG -China Tree Gorges, uma empresa pertencente ao estado chinês. De forma que essa história dos serviçoas públicos e serviços privados já não é assim tão líquida como noutros tempos. Porque na Europa o estado não pode monopolizar, mas na China já pode, não só monopolizar como vir comprar empresas à Europa e um pouco por toda a parte.
    É como escreveu Camões há mais de quinhentos anos "Todo o mundo é feito de mudança/tomando sempre novas qualidades".

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  5. Nao sendo propriamente fã deste senhor posso constatar que tem tido uma postura assertiva com a cidade e os seus concidadãos, dando exemplo de ação civica, o que muito falta na cidade, não por cobardia mas mais por ignorância. Já agora recordo que a retorica ajuda a aprimorar o dialogo e nao o contrario.

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  6. TOMA QUE É PARA APRENDERES!

    Estou mas é cheiinho de medo.
    Quem me manda a mim, reles “exemplo da miséria intelectual”, atrever-me a comentar prosa de tão ilustre eminência intelectual?
    Ponho-me a “insistir com as [minhas] incongruidades, da próxima vez não [me livro] de um tom um pouco mais agreste”!

    Este homem caracteriza-se bem.
    Quando tenta mostrar cultura, o que mostra é um arrazoado de clichés ultrapassados e, mais das vezes, errados ou sem fundamento.
    Se tenta mostrar conhecimento da realidade, o demonstram é ignorância ou desfasamento.
    Quanto ao modo de “pensar” (receio que tenhamos de nos ficar só pelo “modo”), o que evidência são tiques e reflexos de “comunicação” despoletados em função do que considera serem “ataques” ao seu lustro ego.
    Tem-se como o mais correcto e assertivo comunicador. Mas o que faz efectivamente é agradecer os auto-elogios que recebe e tentar agredir (é mais tentar meter medo) a quem ainda não percebeu ou se está borrifando para tão nobre vulto da inteligência tomarense.

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    1. Perante prosa tão estilosa, moita! Resposta só à vista, como dizem aqui os nordestinos. Reposta civilizada, naturalmente.
      Mesmo desconfiando que a dita escrita tenha vindo das bandas de Sintra. Ou terá sido dos lados do bairro 1º de Maio?

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  7. Bem aja! Sr.António Rebelo.Quanta anciedade, e horas cortadas, se há atraso. Isto já cansa...

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Abro esclarecendo que eliminei o comentário seguinte duas vezes, uma por estar fora de sítio, outra devido a um erro de ortografia, com frásuca em vez de frásica. As minhas desculpas e passo a repetir o comentário em questão, agora de forma correcta:
      Você compreenderá, certamente sem qualquer dificuldade, aquilo que escreveu, mas olhe que eu não. Portanto, pedindo desculpa pela impertinência, solicito-lhe que seja mais claro, se possível sem erros de construção frásica nem de ortografia.
      Sobre o seu cansaço, não se preocupe. É muito habitual quando não se pratica a leitura todos os dias, durante meses e anos, indo além dos textos sobre desporto, música moderna e assim.

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  8. Ó Sr. Rebelo:
    O que o senhor faz é chicoespertice intelectual.
    Lá trás o senhor ainda me perguntou:
    "qual é a causa e qual o objectivo desta sua longa e acerada prosa visivelmente de circunstância?"
    Pois agora respondo-lhe: por mero divertimento!
    E também por sentido ético. Acho que não deixa de ser um dever evidenciar o ridículo da sua chicoespertice.

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    1. Quando tiver vagar e paciência, se não é pedir demasiado, agradecia que me explicasse essa sua expressão "chicoespertice intelectual". Até hoje nunca ouvi semelhante coisa, pelo que ignoro do que se trata e porque resolveu que se me aplica.

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  9. Fica prometido.
    Um dia destes saio-me com um pequeno texto.

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