sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Em Santarém debate-se a tauromaquia


2 comentários:

  1. Não se percebe bem porque é que chamam “debate” a isto, ou que é que aqueles senhores vão lá “debater”.
    Toda a gente sabe que essa coisa da dita “tauromaquia” é uma prática tradicional de alguns países do sul da europa (já exportada para outros lados do planeta, bem entendido) e que, por ser antiga e por haver quem goste, se tenta passar a ideia de ser uma coisa cultural.
    Mas de facto é tão cultural quanto o é a burca nas mulheres árabes, a mutilação genital feminina, o casamento de crianças ou o apedrejamento enquanto forma de punição. O celibato dos padres ou a proibição do divórcio. A porrada nas crianças nas escolas “para aprenderem”; a proibição das enfermeiras se casarem. Etc., etc., etc..
    O mundo está ainda em pleno e muito difícil aperfeiçoamento. E alguns sectores da sociedade, usufruindo de uma liberdade de expressão para que não lutaram, vêm a lume e à praça pública, tentar intelectualizar e dar um tom de seriedade e dignidade – na defesa dos seus próprios interesses – a práticas retrógradas que nos envergonham a todos e que estão mesmo condenadas a ir para o caixote do lixo da evolução da humanidade.
    Alguns amigos estrangeiros sentem-se chocados e sem argumento quando esta prática bárbara lhes é apresentada como “cultural” e “very tipical”.
    Mas não é preciso muito para desmontar este élan argumentativo.
    De facto, aquilo não é nem uma arte nem um desporto. O desporto humano apela e reforça o aperfeiçoamento de quem o pratica. É aberto a todos e ignora condições sociais de classe na admissão dos praticantes. E o sucesso depende do desempenho efectivo. Não está garantido pela família de origem. Aqui não. Filho e neto de toureiro, toureiro vem a ser. Como por ordem divina ou monárquica. O mais pobres fazem-no a pé ou mesmo sem instrumentos enfrentando com o peito os cornos do bicho e da vida.
    Faziam todos parte do mesmo universo social e “cultural”. Mas cada um era para o que nascia.
    Quanto àquilo ser “arte”… valha-nos Deus. Gente que se delicia esteticamente e se considere superior por ser mais inteligente que um animal a que espetam ferros e pôem a sangrar. Ou matam mesmo.

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  2. Não se percebe bem porque é que chamam “debate” a isto, ou que é que aqueles senhores vão lá “debater”.
    Toda a gente sabe que essa coisa da dita “tauromaquia” é uma prática tradicional de alguns países do sul da europa (já exportada para outros lados do planeta, bem entendido) e que, por ser antiga e por haver quem goste, se tenta passar a ideia de ser uma coisa cultural.
    Mas de facto é tão cultural quanto o é a burca nas mulheres árabes, a mutilação genital feminina, o casamento de crianças ou o apedrejamento enquanto forma de punição. O celibato dos padres ou a proibição do divórcio. A porrada nas crianças nas escolas “para aprenderem”; a proibição das enfermeiras se casarem. Etc., etc., etc..
    O mundo está ainda em pleno e muito difícil aperfeiçoamento. E alguns sectores da sociedade, usufruindo de uma liberdade de expressão para que não lutaram, vêm a lume e à praça pública, tentar intelectualizar e dar um tom de seriedade e dignidade – na defesa dos seus próprios interesses – a práticas retrógradas que nos envergonham a todos e que estão mesmo condenadas a ir para o caixote do lixo da evolução da humanidade.
    Alguns amigos estrangeiros sentem-se chocados e sem argumento quando esta prática bárbara lhes é apresentada como “cultural” e “very tipical”.
    Mas não é preciso muito para desmontar este élan argumentativo.
    De facto, aquilo não é nem uma arte nem um desporto. O desporto humano apela e reforça o aperfeiçoamento de quem o pratica. É aberto a todos e ignora condições sociais de classe na admissão dos praticantes. E o sucesso depende do desempenho efectivo. Não está garantido pela família de origem. Aqui não. Filho e neto de toureiro, toureiro vem a ser. Como por ordem divina ou monárquica. O mais pobres fazem-no a pé ou mesmo sem instrumentos enfrentando com o peito os cornos do bicho e da vida.
    Faziam todos parte do mesmo universo social e “cultural”. Mas cada um era para o que nascia.
    Quanto àquilo ser “arte”… valha-nos Deus. Gente que se delicia esteticamente e se considere superior por ser mais inteligente que um animal a que espetam ferros e pôem a sangrar. Ou matam mesmo.

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