Aqueduto dos Pegões (foto de Manuel Caetano) |
O colóquio contou com intervenções de vários especialistas e uma visita guiada às nascentes.
Para já existe uma proposta de conclusões do colóquio, documento preliminar que a seguir transcrevemos:
“Terminados os trabalhos integrados no Colóquio organizado pelo Grupo dos Amigos do Convento de Cristo, subordinado ao tema "Aqueduto do Convento de Cristo - Legado e Desafios", integrado no programa oficial das Comemorações do Dia da Cidade de Tomar, realizado no dia 5 de Março, na Quinta dos Pegões, Carregueiros - Tomar, cumpre apresentar uma Proposta de Conclusões, com base nos pressupostos e considerandos seguintes:
1. O Aqueduto do Convento de Cristo, em Tomar (também conhecido Aqueduto dos Pegões) é uma obra de engenharia hidráulica genial e exemplar, construída entre os finais do Sec. XVI e XVII, para abastecer o Convento de Cristo com água potável. A solução encontrada pelo monarca Filipe I e pelo seu arquitecto, o italiano Filipe Terzi, foi a construção desta imponente obra que, rompendo montes e transpondo vales, com mais de 6 quilómetros de extensão, se destinou à captação da água de quatro nascentes, através de mera força gravitacional, com chegada ao extremo nordeste da cerca conventual que marca a entrada do Aqueduto no Convento de Cristo, na Casa de água e tanque da Cadeira d’El Rei.
2. Para além da preservação da vida conventual e das suas múltiplas actividades, o Aqueduto do Convento de Cristo constitui uma obra de arte monumental, com particular destaque para o troço que atravessa o denominado Vale dos Pegões, com 612 metros de extensão e onde a sua arcaria dupla atinge uma altura de cerca de 30 metros. A jusante da imponente arcada, a casa de decantação e fresco representa um marco em todo o conjunto, quer pela sua localização e pelos traços renascentistas que apresenta, tanto no interior como no exterior.
3. Não obstante o que sumariamente antes se expôs, inexplicavelmente, o Aqueduto não foi considerado parte integrante do Conjunto Monástico do Convento de Cristo de Tomar para efeitos da Classificação como Património Mundial da Humanidade, atribuída pela UNESCO, em 1983.
4. Certo é que a exclusão do Aqueduto do Convento de Cristo daquele âmbito da classificação, viria a impedi-lo de obter o status e reconhecimento oficial indispensáveis à sua conservação e salvaguarda, sem esquecer as inerentes vantagens para o desenvolvimento turístico, económico e cultural desta região e do país.
5. Cumprirá, entretanto, recordar o que no ano 2000, o Ministério da Cultura, através do então designado Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), anunciou no seu Livro “2000-2006 Património – Balanço e Perspectivas”, um criterioso programa de acções a desenvolver no Convento de Cristo, incluindo, especificamente, o seu Aqueduto. Lembremos, então:
Restauro do Aqueduto e dos Sistemas Hidráulicos - 1ª Fase – 2000/2002
Restauro do Aqueduto e dos Sistemas hidráulicos do Convento de Cristo
" O Sistema hidráulico do Convento de Cristo é, no seu conjunto, uma das peças distintivas da arquitectura do edifício, com reflexo, aliás, na sua manutenção ao longo dos tempos. Do mesmo modo, o Aqueduto dos Pegões constitui uma das peças mais marcantes da paisagem tomarense e limítrofe, merecendo incontestavelmente, um trabalho gradual e realista, de valorização.
(i) Levantamento do Aqueduto em toda a sua extensão e detecção dos problemas mecânicos mais graves;
(ii) Levantamento exaustivo do sistema hidráulico do Convento de Cristo;
(iii) Estudo e análise das condições de conservação dos sistemas hidráulico (abastecimento / adução; rede de esgotos);
(iv) Restabelecimento do sistema hidráulico (drenagens antigas, cisternas, rede antiga, fontes);
(v) Intervenção de emergência nas zonas mais degradadas".
Restauro do Aqueduto e dos Sistemas Hidráulicos - 2ª Fase – 2003/2006
Conclusão da beneficiação e restauro do Aqueduto dos Pegões.
(i) Tentativa de restabelecimento de um circuito de visita em extensão a definir dos levantamentos;
(ii) Revisão, urgente, da zona de entrega e encaixe do aqueduto no edifício do Convento;
(iii) Projecto de iluminação do aqueduto nos troços mais expostos ao público no seu percurso (Convento de Cristo, com iluminação monumental; subsectores em zonas urbanizadas ou peri-urbanizadas, com iluminação de presença e valorização).”
6. Decorridos 16 anos do anúncio e programação destas medidas, nenhuma delas foi concretizada, resultando, consequentemente, o progressivo agravamento da situação de abandono e ruína, em que actualmente se encontra o Aqueduto do Convento de Cristo.
Assim, em face do que antecede, é nossa intenção endereçar ao Exmo. Senhor Ministro das Finanças e Exmo. Senhor Ministro da Cultura, uma carta de sensibilização e alerta, solicitando as seguintes medidas com carácter de urgência:
(i) Definição e concretização de um Plano de efectiva Salvaguarda e Restauro do Aqueduto do Convento de Cristo;
(ii) Concretização, em estreita colaboração Comissão Nacional Portuguesa do ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios), na qualidade de organismo consultivo da UNESCO para o património mundial cultural, das acções e procedimentos indispensáveis à integração do Aqueduto no perímetro de Classificação do Conjunto Monástico do Convento de Cristo como Património da Humanidade.
Tomar, 9 de Março de 2016
Comentários e sugestões:
amigosdoaqueduto@gmail.com”
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