O Senador

Opinião

Do que nós precisávamos era dum Senado!
Um Senado constituído por homens notáveis, sábios, experientes e bons. Os seus ensinamentos, a sua capacidade de julgamento, a perspicácia para apontar o caminho poupar-nos-iam mil agruras, mil dissabores… Viveríamos melhor, com mais harmonia, mais felicidade. Contentes!
António Rebelo até poderia ser um desses Senadores. É sábio, tem experiência e quanto a ser bom, bem, pelo menos não é mau!
Mas poderia mesmo integrar tal órgão supremo? Claro, se estivesse disposto a sujeitar-se a um spa que lhe permitisse envergar a imaculada túnica senatorial. Com as novas vestes perderia ódios, acrimónias, vinganças, má-língua, etc.. Enfim, guindar-se-ia ao estatuto senatorial de quem vê as coisas com inteligência, profundidade e ao mesmo tempo com a distância necessária para não se envolver, enredar, toldar.
Mesmo não conhecendo pessoalmente o homem dá para perscrutar nos seus escritos, a densidade do pensamento, o saber alicerçado na reflexão e na experiência.
No entanto, não deixa de preocupar no que escreve a tormenta que deixa transparecer!
Dizem-me que em parte tal se deve a circunstâncias de vida adversas e noutra parte pelo afastamento, ou até mesmo ostracismo, a que é votado por aqueles que lhe deveriam ser próximos, exatamente por dizer o que pensa, ser descomprometido, ter ideias.
Enfim, a inteligência é incómoda para muita gente…
Se os atores, dos diferentes quadrantes da nossa praça, andassem atentos, seguramente não desperdiçariam esta personalidade naquilo que parece ser uma atitude recorrente nesta terra: desbaratar recursos!
Termino dizendo que a prova da qualidade senatorial de António Rebelo será demonstrada pela ausência do seu comentário a esta prosa.
Disso tenho (quero ter) a certeza!
                                                                  José da Silva