sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

“O meu projeto para Tomar” – já faltava…*

Opinião
António Lourenço dos Santos


Não consta que seja proibido rir quando somos confrontados com delírios inconsequentes de alguém. Ou então com os arrebatamentos da Presidente da Câmara Municipal em recente entrevista publicada no jornal Cidade de Tomar. Se acreditássemos nas suas afirmações, teríamos o dever de procurar desde já um local para nele colocar a sua estátua.
Mas a verdade é cruel. O desempenho da soberana do Palácio D. Manuel, logra ser classificado entre os maus dos presidentes de câmara da era da democracia.
Que podemos reter destes 2 anos passados na Câmara Municipal? “Trabalho interno”, responderão pouco convictos os últimos iludidos da soberana; “lançamento de bases e equilíbrio de contas”, dirá o resto da Corte.
Seria esquecer que não se conhecem os empregos criados no Concelho, nem a chegada de novos habitantes. Salvo talvez no Flecheiro, local eleito pela Soberana para o milagre do tempo: prometer bem estar e habitação em “100 dias” que afinal são “4 anos”.
Seria esquecer que, apesar da Senhora Presidente declarar que tem “um projecto para Tomar”, a Cidade continua sem referências para se desenvolver, sem ter uma lógica e um plano para atrair e orientar quem queira empreender. Diz que tem um “projecto”. Vai ser certamente partilhado e divulgado. Finalmente…tendo dedicado os dois primeiros anos a conceber o projecto e “a lançar bases”, divulga-o agora com o anúncio da chegada do tempo do betão. A tempo das próximas eleições, a pensar que assim ainda se conquistam votos.
Seria esquecer que a Presidência da Câmara continua apática e imóvel, incapaz de a modernizar, de costas voltada para as Iniciativas e para as Empresas, numa letargia fatal que condena a Cidade à decadência. A soberana tem cada vez mais dificuldade para esconder a sua incapacidade para administrar o reino.
Seria esquecer que a sua preocupação maior foi a de colocar a sua corte de correligionários em empregos camarários, sem ética nem critérios de competência. Tratou ao mesmo tempo de captar a simpatia ou o apoio dos funcionários da Câmara, com medidas fáceis e populistas. Pior ainda, teve tempo para praticar terrorismo moral sobre funcionários superiores da Câmara que, por razões ainda não assumidas, não captaram as simpatias da sua Corte.
Em síntese, o grau zero da administração da Câmara e a confirmação do deserto de ideias que alastra desgraçadamente na administração da Cidade e do Concelho.

A Soberana perdeu recentemente uma ocasião única para se retirar de cena com alguma discrição e com uma certa dignidade. Perante as intoleráveis e ridículas trapalhadas que ocorreram na Câmara nestas ultimas semanas, apenas recuou perante certa instrução superior que terá recebido, a qual cumpriu de imediato e a obrigou a uma precipitada e confusa remodelação. Não foi porém capaz de compreender que o mal não estava no Gabinete, mas sim nela própria.  Perdeu o tempo e perdeu a ocasião de se retirar para não causar mais danos a Tomar.
O relançamento de Tomar, e a afirmação das nossas potencialidades, não são compatíveis com a tacanhez que resulta da entrevista da Presidente. A Senhora não entende que conjugação de energias e de competências é mais importante que o acesso aos fundos estruturais que ela afirma como determinante. A Senhora não percebe que antes do dinheiro, tem que aparecer a visão, a vontade, a competência e a energia.
O relançamento de Tomar não pode ser reduzido a uma visão avulsa de obras (necessárias) que nos foi afirmada pela Presidente da Câmara. É muito mais que isso, mais que a visão angélica, avulsa e confusa que resulta da citada entrevista.      
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Da sentença acusatória do cônsul romano Marco Cícero pronunciada no Senado, em 63 a.C., a denunciar Catilina 
“Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade,
nem o temor do povo,
nem a afluência de todos os homens de bem,
nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado,
nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh tempos, oh costumes!”.

                                                            António Lourenço dos Santos
*Em desacordo ortográfico

3 comentários:

  1. Aí está provavelmente futuro candidato ao município pelo PSD.
    Mais um que brevemente irá prometer "tudo", para na prática pouco poder fazer, pois onde não há ovos(dinheiro) não pode haver omeletes...
    A atual Presidente pelo que vou sabendo, lá vai levando o "barco", pois a dívida do Município tem estado a diminuir em vários milhões de euros e ao mesmo tempo tem estado a fazer alguma obra como o Mercado, algumas estradas que estavam degradadas, foram alcatroadas, já começou o alojamento das pessoas que residiam de forma desumana no flecheiro...
    Quanto ao "Tratou ao mesmo tempo de captar a simpatia ou o apoio dos funcionários da Câmara, com medidas fáceis e populistas", a Sra. Presidente mais não fez do que cumprir uma ordem do Tribunal!! Será o Senhor e quiçá o PSD é a favor do desrespeito das ordens emanadas pelos tribunais dum País supostamente Democrático!? Para além disso e pelo que parece, também parece ser um defensor dos baixos salários que são a média nas autarquias em Portugal!!? Eu gostaria muito de ver quem assim fala viver com ordenados mensais de 600€, e provavelmente a trabalharem mais e melhor que muitos políticos a ganharem milhares de euros mensais...

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    1. Futuro candidato e com um mandatário oferecido ... leia-se o que afirma o sempiterno António Rebelo no seu blog, sobre o assunto.

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