sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Anabela Freitas marca território?

Opinião

No almoço de ano novo do PS de Tomar, Anabela Freitas, atual presidente da Câmara Municipal, apresentou a sua recandidatura à edilidade tomarense.
Este anúncio terá constituído uma surpresa para toda a família socialista presente (e ausente…), já para não falar da restante comunidade política que milita na sua letargia do “laisser faire, laisser passer…”.
Conclusão, tornou-se um facto notável por não ter nada de normal, expectável, previsível, isto para quem não anda atento a esse corpo orgânico e complexo que gere os destinos do concelho.
E isto porquê? Pela simples razão que não é nada comum um presidente em exercício, sensivelmente a meio do seu mandato, tenha a necessidade de “vir demarcar o seu território” quando a normal preocupação costuma ser, e deve ser, a de tão simplesmente governar e, se possível, governar bem.
Presidente que é presidente governa, decide, faz! As recandidaturas destes presidentes aparecem naturalmente em período mais próximo dos atos eleitorais pois a preocupação é o bom exercício das suas funções que têm como corolário a sua reeleição. Não há melhor campanha para ser reeleito que é ser um bom presidente e não em preocupar-se em ser candidata, queimando e anulando potenciais interessados à sua volta. Então o que estará por trás desta decisão tão prematura e extemporânea?

Vamos por partes:
1 - A apresentação da recandidatura nesta fase constitui desde logo uma prova de fraqueza, insegurança, “demarcação de território”, de como quem diz, “acautelem-se que independentemente do que pensem, estou aqui para ficar!”.

2 - Constitui assim uma forma de antecipar e condicionar a ainda tímida oposição interna, que no entanto tenderia a ganhar forma, em resultado dos desvarios da governação do município fruto das quezílias e mais quezílias entre os seus principais atores;

3 - Poderá ainda pretender afirmar a sua independência face ao obreiro da sua última vitória, Luís Ferreira, como que a dizer: “trouxeste-me até aqui mas agora sigo sozinha”;

4 - Sabe-se que Anabela Freitas tinha outras ambições de carreira política, isto na vigência do anterior secretário-geral António José Seguro. Com o advento da era António Costa, com quem Luís Ferreira com a sua conhecida truculência tratou de se incompatibilizar, deixou de fora a possibilidade de Anabela Freitas avançar para outros cargos pelo que a aposta no município de Tomar é o que lhe resta;

5 - Pode tratar-se de uma jogada política, numa outra dimensão, que é lançar a recandidatura para os adversários “ajustarem” os seus candidatos para concorrerem contra esta candidatura e depois, mais tarde e depois daqueles se definirem e, sob a capa de uma “chamada para Lisboa”, abdicar para alguém mais forte e capaz de unir, esse sim, a família socialista nabantina.
                                                                                               José da Silva

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