terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Idosa caiu quando ia votar e câmara descarta responsabilidade

Uma idosa de 68 anos moradora no centro histórico de Tomar deu uma queda quando ia votar no dia 4 de outubro nas escadas da escola EB1 dos Templários, junto à Várzea Grande, fraturou os dois braços e sofreu um golpe profundo na perna direita.
Uma vez que o acidente se deu dentro de instalações da responsabilidade da câmara de Tomar e resultou de várias falhas de segurança nos acessos, a família da vítima encetou uma luta para que a autarquia assuma a responsabilidade do acidente.
Mas, a câmara até agora não assumiu qualquer responsabilidade e informou a filha da vítima de que não tem seguro de responsabilidade civil.
O relato do “filme de terror” que apresentamos foi escrito pela filha da idosa que está revoltada com a “atitude vergonhosa” da câmara e não desiste da sua luta:

No dia 04/10/2015, a minha mãe, Maria Rosete Gonçalves Antunes, moradora na Rua de Gil de Avô n.º 30, 2300-580 Tomar dirigiu-se com 2 amigas à Assembleia de Voto da EB1 dos Templários, Tomar, para exercer o seu direito de voto. 
Ao entrar na EB1 dos Templários, dirigiu-se às escadas para procurar qual a sua secção de voto, constatou que era a n.º 1 e para lá se dirigiu. Com a quantidade de pessoas que estava à sua frente e por não se encontrar devidamente sinalizada, a minha mãe uma pessoa totalmente válida e independente, embateu com a perna direita, numa chapa de metal que se encontrava em cima dos degraus a “fingir” que era uma rampa de acesso a pessoas com mobilidade reduzida e caiu desamparada em cima da dita chapa e dos degraus de acesso às instalações. 
Este acidente ocorreu pelas 11.52 horas desse dia, conforme atestado da Junta de freguesia.
Os Bombeiros foram chamados ao local e a minha mãe foi levada para o Centro Hospital Médio Tejo (Hospital de Abrantes), onde deu entrada no serviço de urgência. Após os 1ºs exames, foi-lhe diagnosticado fracturas múltiplas nos membros superiores, os braços foram engessados e a perna direita foi suturada com 15 pontos cirúrgicos. 
Desde esse dia a minha vida e a da minha mãe parece ter entrado num filme de terror. 
A minha mãe foi mudada de hospital em hospital, até ter ido parar ao Centro Hospitalar de Lisboa (Hospital de Santa Maria) para intervenção cirúrgica aos 2 braços. Esteve internada até dia 22 de outubro e deu entrada no Centro de Dia do Lar Nossa Senhora da Misericórdia em Torres Vedras (na minha área de residência) no dia 23. Por me encontrar desempregada, mas a realizar um CEI (contrato de emprego e inserção) não tenho disponibilidade de tomar conta da minha mãe pelo que durante o dia ela se encontra no Centro de dia, apenas à noite a vou buscar para minha casa. 
Ora a minha mãe até à data do acidente era uma pessoa totalmente independente e válida, e desde esse dia, nem as necessidades básicas do dia-a-dia (como ir ao wc, comer, ou mesmo coçar o nariz) consegue realizar, quanto mais a sua vida normal. 
Desde o dia do acidente que tenho mantido vários contactos com a Câmara Municipal de Tomar, principalmente na pessoa do vereador Hugo Cristóvão, que se têm mostrado todas infrutíferas. 
Nunca pedi dinheiro à CMT, apenas solicitei que activassem o seguro de responsabilidade civil, por entender que este acidente nunca teria acontecido caso a CMT tivesse colocado uma verdadeira rampa de acesso, fixa e sinalizada como obrigam as normas para o acesso a pessoas com mobilidade reduzida. 
A mesma exposição que enviei para a CMT, mandei de igual modo para a CNE (comissão Nacional de Eleições) que me deu resposta em tempo útil (coisa que a CMT não fez) dizendo que me deveria dirigir à CMT para pedido de responsabilidade civil. 
Após vários contactos telefónicos para a CMT, foi-me dada a informação na passada segunda-feira que a CMT não tem seguro de responsabilidade civil (que está neste momento a “tentar” fazer um) e que não pode assumir a responsabilidade pelo acidente.
Eu só peço que me ajudem a tomar conta da minha mãe e que lhe seja proporcionada a melhor recuperação possível, visto que ela nunca mais irá ficar como era (dito por todos os médicos que a acompanharam), nem ninguém lhe poderá tirar as dores sofridas, a tristeza e a revolta sentida pelo desrespeito que a CMT demonstrou com toda esta situação, nem o sentimento de total impotência e dependência de terceiros a que se tem visto sujeita desde o dia do acidente. Isto para não falar dos problemas de saúde que têm vindo a surgir desde então e que têm sido consequência directa do acidente. 
Só peço que se faça justiça, que este caso venha a público para vermos a quem entregámos a gestão do nosso município. A pessoas sem coração, sem respeito pelos seus munícipes, sem respeito por regras básicas de acesso a serviços públicos, e acima de tudo pessoas que não assumem os seus erros e que em resposta a esta situação tiveram a coragem de me responder 2 dias depois do acidente da minha mãe, numa altura em que eu estava altamente fragilizada “nós CMT não temos nada a ver com isso… a srª foi votar porque quis… ninguém a obrigou!” Falta dizer a estes senhores que votar é um DIREITO, mas também é um DEVER CÍVICO. E que obrigadas, as pessoas só vão para a prisão, caso contrário somos cidadão livres e só vamos onde queremos ir, até votar para depois sermos assim recompensados.”
                                                          Sandra Paulino de Sousa
                                                                  Torres Vedras


Resposta da câmara de Tomar

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