segunda-feira, 30 de novembro de 2015

As atas, os títulos académicos, os senhores e os excelentíssimos senhores doutores

Nas atas dos dois órgãos do município de Tomar (câmara e assembleia municipal) e dos SMAS (serviços municipalizados) os eleitos e titulares dos cargos são tratados das mais variadas formas, desde o simples nome ao tratamento mais reverencial com título académico incluído.
O máximo da “titulocracia”* verifica-se nas atas do conselho de administração dos SMAS onde Anabela Freitas é tratada como “Excelentíssima Senhora Dra.” e com o nome completo. Em contrapartida os outros dois membros do conselho de administração são apresentados como “Senhores Vogais Vereador Rui Miguel dos Santos Serrano e Hugo Renato Ferreira Cristóvão”, sem direito a título académico.
E o irónico é que Anabela Freitas não é licenciada mas é apresentada como “Dra.” enquanto Rui Serrano e Hugo Cristóvão são licenciados mas não são apresentados como “Arq.” e “Dr”.
Em contraste, nas atas da câmara, presidente e vereadores são identificados apenas pelo nome antecedido de “sr.” ou “sr.ª” o mesmo acontecendo com os munícipes que intervêm nas reuniões públicas.
No caso da Assembleia Municipal – só há atas até 2014 disponíveis no site da autarquia – também não há referência a títulos académicos.
Aqui temos o “Senhor Presidente da Assembleia Municipal José Manuel Fortunato Pereira”, o “Senhor Primeiro Secretário João Manuel Pimenta Henriques Simões” e a “Segunda Secretária Rosa Maria da Conceição Freitas Santos”.
Os deputados municipais são tratados pelo nome completo antecedido por Senhor ou Senhora.
Assim vai o reino da “titulocracia”* no município de Tomar onde só falta criarem um regulamento para estas questões.

Esta notícia é publicada poucos dias depois da tomada de posse do novo Governo na qual, pela primeira vez, não foram mencionados os títulos académicos dos novos ministros e secretários de Estado. Num artigo de opinião publicado hoje no jornal Público, Rui Tavares manifesta-se contra a “utilização excessiva de títulos académicos em Portugal” por ser “não só desnecessária como perniciosa”.

Morte aos doutores!

* Denominação criada pelo historiador Rui Tavares



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