terça-feira, 23 de outubro de 2018

Empresária que concorreu ao arrendamento da estalagem de Santa Iria conta tudo

Abertura das propostas da 1ª fase, em julho
Sónia Pais, proprietária do hostel 2300 Thomar, decidiu contar tudo sobre o concurso de arrendamento da estalagem de Santa Iria, lançado pela câmara de Tomar e que está a suscitar muitas dúvidas e críticas.

A sua proposta era a melhor entre 10 propostas concorrentes na primeira fase do concurso em julho, mas acabou por ser rejeitada por alegada falta de um documento.
No facebook, a empresária descreve a sua participação no concurso da estalagem de Santa Iria:

“Não sou uma pessoa de ressentimentos ou ressabiada, uma palavra que é muito usada actualmente, nas redes sociais, mas sinto que não poderia esquecer os últimos acontecimentos, que me envolveram pessoalmente, num concurso público lançado pelo Município de Tomar, (que afinal não é um concurso público, segundo os próprios) sem dizer o que me apraz sobre o que sofri, as noites mal dormidas e principalmente as frustrações de sentir que uma injustiça foi cometida. Talvez injustiça seja uma palavra muito forte e o melhor será dizer que foi cometida uma incompetência.
Não me julgo superior aos demais, mas tenho uma qualidade/defeito (é difícil de catalogar) que me distingue, de entre alguns: tudo o que faço, gosto de o fazer com brio e com exigência. Sou de tal maneira exigente comigo própria, que na maior parte das vezes entendo que o trabalho que desenvolvo nunca está suficientemente perfeito.
Daí que quando a minha empresa decidiu concorrer à concessão da Estalagem de Santa Iria, como é óbvio, li e reli o caderno de encargos e o respectivo programa e detectei várias incongruências, que não vou aqui catalogar, não estou para isso, e quem quiser que leia os documentos e faça a sua análise. No entanto e apesar de entender que havia ali muita matéria para deitar abaixo (tecnicamente falando, impugnar) este concurso (vou continuar a chamá-lo assim!), não quis deixar passar a oportunidade de concorrer àquela que considero uma das jóias de Tomar, tão subaproveitada até ao presente.
Apesar de os únicos critérios para a selecção serem valores (renda e investimento), não me fiei em lançar apenas números para o ar, como é óbvio. Fiz o trabalho que a Câmara não entendeu que fosse necessário para a escolha dos concorrentes: elaborei um projecto que me pareceu muito válido, fruto também da minha formação de 7 anos em Gestão e Turismo (licenciatura e mestrado), da minha experiencia profissional como docente nesta área, como dirigente no Turismo de Portugal e mais recentemente, entre outras actividades nesta área, que não vou aqui enumerar, como gestora de um projecto turístico e diferenciador da cidade de Tomar. Porque é que estou a falar no meu background profissional? Porque este também não era factor de selecção de concorrentes.
Contactei técnicos, fiz as minhas contas, desenvolvi o meu projecto e apresentei uma proposta que seria viável, economicamente sustentável e julgo benéfica, não só para a empresa como para a cidade. Ofereci uma renda mensal de 2415 euros, caso vos interesse saber. Entendi que seria um preço justo para todos. Ofereci um valor de investimento de 600.000 euros, muito próximo do segundo candidato, também de Tomar, que tinha um projecto semelhante ao meu.
O circo começou no dia 12 de Julho passado, na Hasta Pública da primeira fase do concurso onde iriam ser seleccionadas as três melhores propostas. Depois de identificados os 10 concorrentes e aberto o primeiro envelope com a documentação exigida, o júri pediu-nos para sair da sala durante uma hora para verificação da documentação. Uma hora passada regressámos à sala. O júri informou que a proposta de um dos candidatos não iria ser tornada pública uma vez que estavam em falta documentos exigidos. Todas as outras propostas começaram a ser abertas e tornadas públicas, a minha incluída. Não sabendo quais eram os outros projectos que estavam a ser propostos, não me passou pela cabeça que pudesse ficar em primeiro lugar na lista de concorrentes, mas tal aconteceu e, apesar do nervoso miudinho da responsabilidade, fiquei, obviamente satisfeita com o resultado e com a vantagem de poder concorrer à segunda fase e à nova Hasta Pública.
Logo nessa sessão, sofri ataques pessoais de maus perdedores e o júri não teve, como deveria ter tido, espinha dorsal para evitar que este tipo de situação acontecesse. Na memória o que me ficou foi um júri pouco seguro do que ali se estava a passar. E até posso compreender isso, porque decidiram avançar para um concurso, deste âmbito, com documentos mal redigidos, com lacunas e incongruências.
Segundo o programa, os três primeiros concorrentes tinham 5 dias úteis para a apresentação da proposta melhorada, mas logo ali, o júri decidiu mudar as regras, fruto da pressão a que se viu sujeito por alguns dos candidatos e decidiu aplicar a Lei dando 10 dias úteis a todos como direito de resposta. Sem comentários, porque a Lei prevalece sempre, sei disso.
Nos dias seguintes recebemos todos a Acta dessa primeira sessão com a indicação dos três concorrentes que foram seleccionados para a segunda fase, a minha empresa incluída.
Passaram-se quase 2 meses até receber nova notificação do júri, e aquele que seria o convite para apresentar a proposta melhorada era a informação, entre outras, de que a minha empresa tinha sido excluída do concurso por falta de um documento (registo criminal da empresa). O porquê desta falha, poderão todos pensar que é culpa minha, mas a realidade é que o porquê desta falha se deveu à má redacção do programa e a uma má interpretação que o próprio júri fez, quando na primeira sessão também não deu por essa falha. Na sua check list de documentos para verificação, como é óbvio, não constava esse documento, tanto é que tanto a minha empresa como a terceira classificada (também excluída pelo mesmo motivo) foram aceites a concurso e as nossas propostas tornadas públicas.
O júri apercebeu-se desta falha por intermédio da reclamação de um dos concorrentes, que por acaso, acabou por ganhar o concurso, e que tinha inicialmente oferecido 1240 euros de renda e 328.400 euros de investimento.
Recorremos em conjunto com o terceiro classificado, também excluído nessa fase, a advogados competentes em direito administrativo para defenderem a nossa posição e apresentarem a nossa pronúncia com argumentação mais que válida para a nossa readmissão a concurso. Posso-vos dizer que a pronúncia tinha 17 páginas e foi o documento mais bem executado em todo este concurso.
O mínimo que eu exigia era que o júri respondesse à altura e com contra argumentação que justificasse a manutenção da sua tomada de decisão anterior. Tal não aconteceu, o que aconteceu é que a resposta foi simplesmente ofensiva por ser tão incompetente.
A segunda fase não foi tornada pública. Eu, enquanto concorrente, já excluída é certo, mas também enquanto tomarense, que votei para eleger o executivo que agora lá está a trabalhar para nós todos, gostaria de ter estado presente, para assistir à segunda parte do circo, mas foi-me vedada essa vontade por falta de informação.
O terceiro candidato não apareceu (não vou dizer nada sobre este assunto, mas sei…) o segundo candidato, que ganhou o concurso, só entregou a sua proposta depois de ter tido a garantia que o primeiro já tinha entregue a sua e foi aí que o seu plano não correu tão bem como esperado porque dos 328.400 euros teve de subir a parada para 1 milhão de euros (deixem-me rir!!!!!).
A Câmara o que ganha com tudo isto é uma renda de 1550 euros que começará a receber daqui a 5 anos, pois o candidato pediu o tempo máximo de carência para o pagamento da mesma.
Só mais duas coisas:
1. DESCULPEM, mas não vou desperdiçar milhares de euros em tribunais para que se faça um novo concurso em condições e com competência. Não vou fazer esse serviço público à cidade.
2. GOSTAVA MUITO que a Câmara apresentasse o projecto vencedor, que o publicasse, tal como ele foi entregue, com as descrições que nele deverão constar a justificar 1 milhão de euros de investimento.
Parabéns aos vencedores, que fizeram tudo (mas mesmo tudo!...) para ganhar este concurso.
                                                                          Sónia Pais

21 comentários:

  1. Quem fala assim não é gago. Se for verdade tudo o que aqui foi escrito, então este concurso foi viciado, e como tal terá que ser impugnado, não pelos outros correntes (que aqui iriam dar dinheiro para o Estado para contestar os erros do mesmo) mas sim pelos Partidos que compõe a Câmara. Daí se questionar agora o seguinte; Onde é que param os tais ditos Partidos defensores dos interesses Públicos da Cidade de Tomar ? Ou será que Todos comem á mesma mesa ?

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  2. De longe a melhor radiografia do funcionamento da República Nabantina do Arrecada. E também o documento eleitoralmente mais agreste e mortífero para a Dona Anabela e Companhia Ilimitada.
    Apenas lamento que a senhora empresária prejudicada não vá contestar judicialmente tanta miséria. Se calhar porque também já não acredita na imparcialidade do Tribunal administrativo de Leiria. Lá terá as suas razões.

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  3. Mais uma vez os tomaristas, que governam Tomar e os tomarenses no seu melhor. Suspeitas e dúvidas no comportamento destes tomaristas são mais que muitas. Há muita falta de lisura e respeito pela defesa dos interesses de Tomar e dos tomarenses. Mas também não se pode esperar muitos destes tomaristas armados em tomarenses.

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  4. Esta rapariga é um bocadinho convencida e os cursinhos que tem são do IPT....de qualquer modo tinha obrigação de apresentar provas. Ninguém já tem dúvidas sobre a incompetencia dos técnicos que compunham o juri do concurso...o que infelizmente é generalizado aos politicos mas a empresária de sucesso parece um bocadinho ressabiada...

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    1. Você tenta fingir que vive em que mundo?
      A rapariga é um pouco convencida? E daí?
      Os cursos são do IPT? Que tem isso a ver com o problema exposto? Parece um bocadinho ressabiada? Perante o que lhe aconteceu, você não estaria muito ressabiado?
      Tinha obrigação de apresentar provas? Você sabe mesmo ler? Ou está só a mangar com os leitores?
      Quando tiver vagar e caso tenha capacidade, faça o favor de indicar como qualifica a série de factos indesmentíveis avançados pela senhora justamente queixosa.
      Aparece por aqui cada um...

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    2. A Exma.Sra.Sonia Pais se quer publicidade e protagonismo para o seu hostel 2300 deveria usar os mesmos meios dos demais empresarios...esforço,dedicação e brio profissional!!!

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    3. E você a dar-lhe. A tentar bater na ceguinha. Mas quem lhe disse que a senhora quer é protagonismo?
      Não será antes você que está a tentar desesperadamente desviar a atenção de mais esta vergonha camarária?
      Amanhe-se enquanto pode, mas não tome os leitores de TNR por uma cambada de néscios.
      Salta à vista que vocêd não passa de um reles serventuário da reles Câmara que temos.

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    4. Aliás essa senhora que se queixa dos coleguinhas da câmara, estava toda sorridente ao lado dos mesmos nas fotos das brochuras de campanha!!! Você deve comer é no mesmo tacho que ela de certeza...

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  5. Para situações que configuram crime público não é preciso apresentar queixa. Neste caso, sendo o assunto público espera-se que a IGAI faça as suas averiguações e atue. Aqui nem é preciso carta anónima e não parece haver outra solução que a anulação do concurso. E afastar do novo juri todos os elementos que participaram neste.

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    1. seria interessante ver isso acontecer se assim for bato palmas por alguém ficar ou ser posto no devido lugar.

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  6. Júri? Qual júri? Uma cambada de trapalhões, especialistas em trapalhadas, trapalhices e trapaças. E uns eleitos incapazes, também trapalhões por terem concorrido a lugares para os quais não tinham preparação nem capacidade cabeçal, como está cada vez mais à vista. O que vai valendo a uns e a outros são os tomaristas mansos e os chupistas.

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  7. Sendo tudo verdade, deverá em 1º lugar ser averiguado pelas instâncias competentes(IGAI) sobre a legalidade do mesmo.
    O executivo camarário também deverá reflectir bem sobre o que anda a fazer, pois são trapalhadas(várzea grande, praceta Raul Lopes, Av. Nuno alvares e feira de Sta iria) a mais para 1 mandato que ainda vai no inicio.
    Quanto à várzea grande o grande erro é a extinção de cerca de 300 lugares com o projecto de remodelação actual.
    Na Praceta Raúl Lopes é um projecto totalmente errado, a começar pela extinção das 2 estradas existentes e os lugares de estacionamento a elas ligado. O transito nesta praceta irá ficar caótico se este projecto for para a frente.
    No projecto de remodelação da avª Nuno alvares é manifestamente errado a criação de 2 ciclovias e a extinção de variado nº de lugares de estacionamento.
    Finalmente quanto à Feira de Sta iria o grande erro foi sem dúvida o encerramento ao transito da Ponte Nova e a utilização do parque de Sta iria e do situado em frente ao cemitério.
    Ainda a propósito da feira, para quando regulamentação punitiva por forma a acabar com a lixeira deixada pelos feirantes todas as semanas após a feira??

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  8. Sendo tudo verdade o qué??!! Que essa senhora tem um ego do tamanho do mundo quando nem numa aldeia como Tomar se consegue destacar dos demais... alguém que lhe mostre o currículo e canudos do vencedor para ela ganhar vergonha!!!

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  9. Li atentamente o texto da Sra. Sónia Pais.
    Não posso deixar de lamentar que sabendo, como sabe, que os procedimentos concursais estão sujeitos a estritas regras de legalidade, a Sra Sónia Pais tenha preferido, em vez do normal recurso aos Tribunais, fomentar o escãndalo nas redes sociais.
    Eu não sou eleitor no concelho de Tomar, mas sou contribuinte em Tomar e, por isso, não posso ficar indiferente nem deixar de lamentar estas atitudes que só servem para enlamear a vida pública concelhia.
    ZSe está convicta das suas razões a Sra. Sónia Pais tem o estrito dever de recorrer aos Tribunais ou, se não, calar-se.

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    1. Parece-me que você está a ver mal o problema. Quem realmente criou as condições para fomentar o escândalo não foi a queixosa. Foram os trapalhões da Câmara, que para pouco mais servem que para receber os vencimentos.
      A senhora prejudicada não tem qualquer dever cívico nesta situação, para além do respeito pela verdade factual. Seria no entanto muito útil para todos que fosse para os tribunais, de modo a provocar a remoção de algum esterco camarário que se vai acumulando e prejudica todos os que não dependem da gamela municipal.

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  10. Uma coisa é o rigor. Outra coisa é sacanisse mascarada de legalismo. E não é um problema de tribunais,mas sim um problema político. Por isso, so se perdem as que caem no chão!

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  11. Este assunto é vergonhoso a vários níveis.

    Por um lado porque se o concurso decorreu como descrito, é vergonhoso para a Câmara, para os seus técnicos e para os tomarenses! A transparência num processo destes é fulcral. Agora fica a impressão que alguém do executivo alterou as regras do jogo para excluir os dois primeiros candidatos, por razões de discordância política!

    Por outro lado porque é vergonhoso que a Sónia venha lançar na praça pública, questões que são matéria do sistema judicial! Se entende que tem razão, porque não recorre à justiça? Mas que raio de cidadã é esta afinal? E que raio de exemplo dá aos outros cidadãos? Seria de esperar muito melhor de alguém formado e com provas dadas no (parco) cenário empresarial tomarense!!!

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  12. Se existe coisa que essa senhora não tem é vergonha...se bem leu o caderno de encargos do concurso ect...sabia tal como todos os outros concorrentes que a falta de apresentação de algum dos documentos implicaria eliminação directa!!! Não entregou registo criminal da empresa o que foi explicitamente solicitado o que lhe valeu a exclusão infelizmente tardia...pois se uns foram eliminados na abertura das cartas por falta de documentos, a Sra.Dra.Mestre em habilidades tb o deveria ter sido.

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  13. Tudo isto é vergonhoso, triste. Pergunto: não existe oposição? pq não dizem nada e deixam que Tomar continue afundar?

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  14. Artigo Décimo
    Primeira Fase da Hasta Pública
    1. Na primeira fase da hasta pública serão apurados os concorrentes que cumpram
    os requisitos mínimos obrigatórios consubstanciados no seguinte:
    a) …
    b) Certificado do registo criminal do concorrente e, no caso de pessoas coletivas,
    de cada membro dos órgãos de gestão (gerência, administração, direção);
    c) …


    Artigo Décimo Quarto
    Causas de Exclusão
    1. Constituem causas de exclusão dos concorrentes:
    a) A não apresentação de qualquer um dos documentos exigidos no artigo
    décimo do presente Programa;
    b) …

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