quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Defuntos de primeira e defuntos de segunda

Opinião
O recente funeral muito participado da mãe de Pedro Marques, ex-presidente da Câmara e ex-líder dos IpT, colocou em evidência duas caraterísticas negativas da população tomarense. A primeira foi a confirmação do velho axioma "Em política não há gratidão". A segunda foi a confirmação da sobranceria e arrogância dos nabantinos.

Sobre a falta de gratidão no âmbito político, só podia chocar a ausência de tantos que devem favores a Pedro Marques. O vazio foi de tal ordem, no meio de tanta gente, que da autarquia apenas se notou a presença de Fortunato Pereira, presidente da AM, em representação do Município de Tomar e do funcionário superior municipal Virgílio Saraiva, recrutado durante o mandato de Pedro Marques "por razões sociais". 
A respeito da arrogância dos nabantinos, já se conhecia a muito antiga fratura social local que pode ser ilustrada com os exemplos seguintes: S. João/Santa Maria, Sporting/União, Nabantina/Gualdim Pais, Paraíso/Santa Iria, Missa da paróquia/Missa em S. Francisco, PSD/PS, Maioria/oposição...
Apesar do cada vez mais evidente desastre demográfico, os tomarenses não desistem, antes insistem -em vez da união, a divisão; em vez da igualdade, as castas. Com a notável excepção da junção das duas freguesias urbanas, que cabe saudar por ir na boa direção, cada tomarense parece considerar que o outro é sempre um inferior, pertencendo portanto  a outra casta. Basta assistir aos debates no executivo ou na assembleia para ficar devidamente informado. Em vez de falar a direito para os seus semelhantes, cada orador de circunstância trata de falar cá de cima lá para baixo, para a plebe. De forma a resultar que ela ou ele pertencem à nobreza de sangue, aos eleitos pelo destino.
É assim que qualquer crítica da oposição não passa de um caviloso ataque pessoal, tal como qualquer observação negativa nas redes sociai é apenas má língua, e evidente falta de educação e de respeito pela classe superior dos escolhidos por eles próprios.
Num tal microcosmo social, esperava-se, esperavam os fiéis, que a Igreja soubesse ter sempre em conta que somos todos irmãos, criados à imagem e semelhança... Mas qual quê! Paulatinamente, instalou-se em Tomar, na cidade,  a prática dos funerais de 1ª e de 2ª, sob a égide do atual vigário local. Que tem tendência a considerar-se dono e senhor de S. João e de Santa Maria, monumentos nacionais pertencentes ao Estado e que por isso devem estar sempre abertos ao público em geral.
Por ocasião do acima referido funeral, chovia se Deus a dava, e perante a exiguidade das salas mortuárias, durante o velório havia muita gente à chuva. Preocupados, os representantes da funerária tentaram várias vezes contactar o senhor vigário, no sentido de se continuar o velório e depois celebrar a eucaristia prevista para a capela do cemitério velho, na igreja de Santa Maria, mesmo em frente.
Baldados todos os esforços, pois como habitualmente aquele sacerdote pareceu considerar que há defuntos com direito a igreja, os de primeira;  e outros apenas a capela, os de segunda, resolveram contactar o seu coadjutor, o torrejano Sérgio Santos.
Alheio às querelas classistas nabantinas, este sacerdote autorizou prontamente a transferência para Santa Maria, tendo mais tarde aí celebrado a missa e acompanhado o cortejo fúnebre.
Aqui ficam mais estes dois tristes exemplos, típicos de uma cidade em acentuada crise, que por tal caminho só pode ir para a ruína final.

                    Templário chamuscado nas fogueiras de Filipe IV o Belo/Clemente V Papa

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12 comentários:

  1. O que o senhor fez, mais não foi do que ir ao funeral e olhar à volta.
    Talvez não tenha chegado a ter um momentozinho de "recolhimento" e pesar, em que estivesse você e Deus e a defunta.
    Você o que fez foi olhar a quem foi, contar o presentes e os ausentes. E avaliar. A ver se estavam os de primeira ou de segunda.
    e tirar conclusões sobre "os tomarenses".
    Há ocasiões em que o silêncio se impõe.
    Cale-se!

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    1. A tua prédica está gasta, irmão em Cristo. Não será por acaso que os incréus aumentam a olhos vistos nesta patusca e beata terra. Olha nas tuas e nossas missas. Tens uma maioria de crianças e de velhos. Mau sinal. Simples obra do demo?
      Essa agora! Calar-me? Porquê? Para quê? Em nome de quê ou de quem? Pagar impostos, taxas, taxinhas, ou dar esmola nas missas, já não dá nem para opinar por escrito?
      Nem o Trump, nem o Bolsonaro ousaram ainda mandar calar os adversários. Mostram-se um bocadinho mais educados e mais moderados. Não vieram da Beira profunda, nem visitaram alguma vez a campa do Botas, em Santa Comba.
      Que Deus te valha, porque a não ser Ele, aqui em Tomar não estou a ver. Em pleno inverno andam-te cá com uma sede...

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  2. Claro que em política não há gratidão. A própria política, sobretudo dos partidos de poder, é um saco de gatos com traições permanentes. Por isso Salazar sabia que o melhor era morrer na função. Alguns aprendizes de política vão-se agarrando aos cargos e não os largam, caso das Misericordias e de algumas escolas. Os escândalos foram tantos que tiveram que por lei limitar o número de mandatos para alguns casos.
    Quanto ao último parágrafo a fase atual da ruína é a desertificação de população ativa por falta de trabalho ou trabalho com perspetivas de vir a ser remunerado alem do salário mínimo. A fase seguinte é o agravamento da migração de organizações públicas e de empresas por falta de população e de atrativos. Segue-se a passagem a vila ou aldeia, eventualmente aldeia histórica com turistas. No verão com festas Pimba e enchentes de tomarenses emigrados com os respetivos filhos, filhos que talvez assegurem o cortejo dos Tabuleiros.
    É triste mas parece que é assim que os tomarenses querem. E como isto vai levar tempo, entretanto chega-se à aposentação. Quem vier que abra a porta.

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  3. A sobranceria e a arrogância demonstrada por alguns escribas que por escreverem melhor que a maioria dos comuns, mete nojo. Julgam que por conseguirem alinhavar duas palavras são os mestres do templo. Em relação ao extenso texto, subscrevo e assino o escrito pelo anónimo das 12:31.

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    1. Está no seu direito de ficar enojado/a com a escrita de quem sabe escrever. Após o que não espanta que subscreva o texto beato das 12H31.
      Quem proclamou "Benditos os simples de espírito, pois deles será o reino dos Céus"? Não fui eu, de certeza. Portanto a frase não "mete nojo" e explica muita coisa.

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    2. A criatura alarve, continua a pensar que tem piada. — Recordando o oitavo mandamento católico, o Papa disse que a má-língua “mata, é como uma faca”.

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    3. Na qualidade que me atribui de "criatura alarve", que contudo sabe e ousa escrever apesar desse defeito, permita-me esclarecer dois pontos. O primeiro para frisar que nunca pensei nem penso ter piada, até porque o assunto em causa não se presta a piadas.
      O outro ponto refere-se à citação do Papa Francisco. Com todo o respeito, o sucessor de Pedro não se referiu à má língua mas às falsas notícias. Como bem sabe, mas não lhe convém, no caso em questão não houve má-língua. Apenas uma opinião fundada em factos verificados e verificáveis.
      Pratique a nossa religião à sua vontade, mas evite dentro do possível atraiçoar os seus princípios (da religião).
      Que Deus lhe perdoe!

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  4. Ora bem conclusão, o autor do texto foi ao funeral da mãe do Pedro Marques por lhe dever favores, logo foi obrigado pela sua consciência moral de bom cristão, mas como bom pagão, aproveitou para satirizar com a morte de alguém com quem nunca privou e que nunca conheceu. Conseguiu ser justo num pormenor, chovia que Deus a dava e o pároco anuiu aos pedidos da funerária em prol dos fiéis que encheram a igreja de Sta Maria.
    Quanto ao resto do texto, são apenas palavras vãs e ocas de alguém que se pensa intelectual por escrever palavras que encontrou no dicionário da 4a classe e se esconde atrás do anonimato.
    Paz de Cristo irmão.

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    1. Meu irmão na Igreja de Cristo:
      Disse o defunto poeta popular Aleixo que "Prá mentira ser segura/E atingir profundidade/Deve trazer à mistrura/Qualquer coisa de verdade". É exatamente o que acontece neste teu comentário.
      Evitando ser inutilmente cruel, relevo apenas duas patranhas tuas. A primeira é que não fui satírico, nem há no meu escrito inicial nada, absoluitamente nada, que permita tal conclusão.
      A segunda, bem mais grave, está no troço frásico "o pároco anuiu aos pedidos da funerária", o que é falso, como bem sabes. E mentir é um pecado grave. Quem acedeu aos sucessivos pedidos da funerária foi o padre Sérgio, que não é o pároco, mas apenas seu ajudante. Terá ele solicitado a anuência do seu colega vigário? É plausível. Mas tal não invalida a anterior atitude deste, de resto bem conhecida de todos os envolvidos, ao autorizar apenas alguns funerais, escolhidos de acordo com os seus critérios pessoais, na Igreja de Santa Maria, antigo Panteão Templário.
      A paz seja contigo e com todos nós que acreditamos.

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    2. Meu irmão, nem o ouso criticar mais, se as minhas patranhas são essas e a mais grave é plausível, por quem sois ou por quem serei eu. Fico contente por ti irmão ao admitires que a tua consciência de bom cristão e o sentimento de favores por cobrar te levou a ires ao funeral da mãe do Pedro Marques.
      Abençoado seja o que peca, assume e pede perdão.

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  5. Viva o templário cangalheiro e carpideiro, que não deixa de comentar um velório, seja de um cigano, seja de uma mae de um político.

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  6. Arre que raio de discussão paz aos defuntos tanta palavra para quê o que querem dizer e não sabem nem são capazes dá dó ver Tomar assim...

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